Inna Ohnivets, embaixadora ucraniana em Lisboa desde outubro de 2015, foi demitida do cargo pelo Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. O decreto presidencial foi assinado esta sexta-feira. Os embaixadores na Geórgia (Ihor Dolhov) e na Eslováquia (Yurii Mushka) também foram demitidos por Kiev.
Este sábado, durante uma visita a uma escola em Lisboa, a diplomata garantiu à SIC Notícias que o seu afastamento do cargo estava previsto e que se trata de uma “rotação agendada” entre embaixadores. Inna Ohnivets diz que foi informada ontem pelo governo do seu país, tendo tido uma conversa com o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano.
Além disso, reforçou que não foi afastada devido a “ações ineficazes” no seu serviço de representação da Ucrânia em Lisboa. Do lado ucraniano, não foram avançadas até ao momento quaisquer outras justificações concretas para o afastamento de Inna Ohnivets nem dos outros dois embaixadores.
Ao Expresso, fonte oficial Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) explicou o “procedimento normal” nestas situações: primeiro, os próprios embaixadores são informados da saída; depois a decisão é comunicada oficialmente ao país onde o embaixador está; e por fim é feito o pedido de acreditação do novo embaixador.
A decisão de Zelensky foi oficializada na sexta-feira e anunciada no sábado, o que pode explicar o porquê de Portugal ainda não ter tido conhecimento oficial da saída de Ohnivets, ainda de acordo com o MNE.
Inna Ohnivets tem 59 anos e é jurista e professora. Nasceu em Zhovti Vody, uma cidade na região de Dnipropetrovsk, e estudou Direito e línguas na Universidade de Kiev. Iniciou o seu percurso profissional como professora universitária de línguas estrangeiras, em 1983, e dez anos depois tornou-se assessora no Departamento Jurídico e dos Acordos, no Ministério dos Negócios Estrangeiros na Ucrânia.
Esta semana, aplaudiu a decisão da UE de dar o estatuto de país candidato à Ucrânia, falando numa “decisão simbólica” que é um “caminho directo” para o país se tornar um estado-membro.
“Vamos trabalhar ainda mais para obter uma decisão positiva sobre a adesão o mais rapidamente possível”, disse em declarações à Rádio Observador, agradecendo ainda o “apoio técnico” dado por Portugal durante o processo.
Nesta entrevista, Inna Ohnivets comentou ainda o caso dos refugiados ucranianos que foram recebidos por cidadãos russos na Câmara Municipal de Setúbal. “Estamos à espera dos resultados da investigação das autoridades portuguesas. Não temos novidades, mas precisamos dos resultados”, sublinhou.
Em abril, a diplomata confessou que não acreditava que a atual guerra fosse possível. Mais recentemente, garantiu que Kiev não pode ceder território a Moscovo para terminar o conflito. “É impossível dar à Rússia como presente a Crimeia ou o Donbass”, afirmou em entrevista ao Diário de Notícias.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL