A primeira parte da investigação feita pelo comité de avaliação de risco da Agência Europeia dos Medicamentos (EMA) está concluída e segundo os dados verificados pelo regulador não há relação entre um aumento dos fenómenos trombóticos e hemorrágicos e a toma da vacina contra a covid-19 produzida pela AstraZeneca. A vacina é “segura e eficaz”, acaba de declarar Emer Cooke, diretora executiva da EMA.
No entanto, os responsáveis da EMA também deixaram um apelo para a manutenção da vigilância. Isto porque não foi ainda possível “descartar de forma completa uma ligação entre casos (raros de formação de coágulos) e a vacina”. Serão feitos mais estudos e a informação do produto vai ser acrescentada com esta nota sobre possíveis riscos.
“Os benefícios da vacina superam largamente os riscos que esta vacina tem”, insistiu Emer Cooke, repetindo o que já tinha dito esta semana.
Nos últimos dias, duas dezenas de países europeus anunciaram a suspensão da administração desta vacina por precaução. Portugal optou pela mesma decisão na segunda-feira passada. Agora poderá retomar o processo em breve, sendo que perto de 80 mil doses das que estão já em armazém em Portugal deverão ser dada a professores e funcionários do pré-escolar e do 1º ciclo. Essa operação deveria acontecer no próximo fim de semana, mas foi adiada assim que se soube da decisão da Direção-Geral da Saúde. Aguarda-se agora uma nova informação das autoridades de saúde de Portugal para perceber quando é que a administração desta vacina é retomada.
Entre as várias vacinas que Portugal comprou ou tenciona comprar uma vez aprovadas – Pfizer, Moderna, Janssen, Curevac, Sanofi e AstraZeneca – esta última corresponde a um dos maiores lotes, com 6,8 milhões de doses previstas para entrega ao longo de 2021.
A Agência Europeia de Medicamentos sublinha os benefícios da vacina no combate à Covid19, uma doença que “em si resulta em problemas de coagulação e pode ser fatal”, lê-se em comunicado. A EMA não deixa dúvidas de que mantém o parecer positivo para a administração da vacina distribuída pela farmacêutica anglo-sueca.
No entanto, e apesar de a vacina “não estar associada a um aumento do risco global de coágulos no sangue”, os peritos admitem que “pode estar associada a casos muito raros de coágulos de sangue associados a trombocitopenia, ou seja, baixos níveis de plaquetas sanguíneas (elementos no sangue que ajudam à coagulação) com ou sem hemorragia, incluindo casos raros de coágulos nos vasos que drenam sangue do cérebro (CVST)”. A maior parte dos casos foram em mulheres abaixo dos 55 anos.
O regulador insiste na raridade dos casos. Lembra que de entre os 20 milhões de pessoas, que receberam a vacina no Reino Unido e no Espaço Económico Europeu, a EMA reviu apenas sete casos de coágulos de sangue em múltiplos vasos sanguíneos (coagulação intravascular disseminada, DIC) e 18 casos de CVST. “Uma ligação causal com a vacina não está provada, mas é possível e merece uma análise mais aprofundada”, pode ler-se em comunicado.
O Comité foi de opinião que a eficácia da vacina na prevenção da hospitalização e morte por COVID-19 supera a probabilidade extremamente pequena de desenvolvimento de certos de coágulos. Porém, deixa um alerta à vigilância. Quem, após a toma da vacina, tiver determinados sintomas deve procurar assistência médica. O comunicado da EMA fala em “falta de ar, dor no peito ou no estômago, inchaço ou frio num braço ou perna, dores de cabeça graves ou agravadas ou visão turva após a vacinação, hemorragia persistente, vários pequenos hematomas, manchas avermelhadas ou arroxeadas, ou bolhas de sangue debaixo da pele”.
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