Segundo o jornal “Público”, cerca de um terço dos doentes com covid-19 internados em UCI na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), já tinha iniciado o processo de vacinação. Isto é, tinham recebido apenas a primeira dose e alguns há pouco tempo, revela o presidente da Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva, João Gouveia.
“Apesar de ser a melhor arma, a vacinação não é a única arma e só por si não chega. É preciso acelerar o processo de vacinação e avançar com medidas para reduzir francamente a transmissão, sobretudo dentro de Lisboa”, alerta o médico.
No boletim da Direcção-Geral da Saúde de terça-feira, o país voltou a ultrapassar a centena de doentes em UCI. “Este [cem] é um número redondo que chama a atenção das pessoas para a importância de terem consciência de que não podemos ter um Rt [índice de transmissibilidade] acima de um com a incidência actual” e que implica já “uma sobrecarga nos hospitais de Lisboa e Vale do Tejo, ainda que não muito grande e que por enquanto não compromete a resposta habitual”, explica João Gouveia.
As projeções do Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC) preveem, conta o jornal “i”, que a situação se agrave em Portugal: mais dois mil casos diários no próximo mês, no cenário mais provável, mas a margem de erro é larga, indo dos 714 até aos 7142 casos na pior das hipóteses. Até agora, a situação epidemiológica portuguesa estava a ser superior à previsão apontada pelo ECDC, mas os números foram atualizados esta terça-feira. Portugal e Reino Unido são os únicos países onde se antevê o aumento do número de infecções diárias.
Desde que a vacinação começou, o perfil dos doentes que chegam às unidades de cuidados intensivos (UCI) tem vindo a alterar-se. João Gouveia diz que a maioria são homens, agora mais jovens do que antes, sobretudo com problemas de hipertensão, obesidade ou diabetes, mas também há pessoas sem doenças associadas.
“Mais de metade dos doentes [internados em LVT] tinha menos de 55 anos. São agora francamente mais jovens e havia mesmo doentes com 25 anos e sem comorbilidades em risco de vida na semana passada”, acrescenta, avisando que as pessoas “não podem pensar que [a covid-19] é uma gripezinha que não causa doença grave”.
Um estudo recente do Instituto Pasteur (França), mas que ainda não foi revisto por pares, indica que “apenas se tem uma proteção robusta, a nível de infecção, duas a três semanas após a segunda dose das vacinas”.
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