O escoamento de produtos agro-alimentares de zonas do interior em hotéis e restaurantes da região é o objectivo de um estudo que a divisão de empreendedorismo da Universidade do Algarve (UAlg) está a realizar, disse o seu responsável, Hugo Barros.
Hugo Barros dirige o CRIA, a divisão de empreendedorismo e transferência de tecnologia da UAlg, e explicou à agência Lusa que o estudo abrange 16 freguesias de baixa densidade da região e deverá estar concluído em Dezembro, após dois anos de trabalho.
“O estudo tem um objectivo muito claro que é reforçar os factores de competitividade das empresas agro-alimentares dos territórios de baixa densidade do Algarve”, afirmou Hugo Barros à Lusa.
A mesma fonte disse que vai ser feito um “diagnóstico da realidade das trocas comerciais entre o sector agro-alimentar e a hotelaria e restauração da região”, no âmbito de um projecto com financiamento europeu, que tem a UAlg como parceira e é liderado pela Associação Empresarial da Região do Algarve (NERA).
Hugo Barros adiantou que está já em curso um levantamento dos produtores de 16 freguesias de baixa densidade nos concelhos de Aljezur, Vila do Bispo, Monchique, Silves, Loulé, Tavira, Castro Marim e Alcoutim e do consumo de produtos agro-alimentares nos hotéis e restaurantes do Algarve.
“O objectivo passa muito por aproximar estas duas realidades, por colocar na hotelaria e na restauração aquilo que são os produtos locais e tradicionais da região, substituindo importações e dando corpo àquilo que são os nossos produtos de referência e de qualidade”, definiu o responsável da divisão de empreendedorismo da UAlg.
Hugo Barros frisou que a caracterização da oferta e da procura identificará “os problemas, constrangimentos e também as oportunidades” e essa informação permitirá “actuar sobre as limitações e potenciar os produtos”.
Em causa estão, em muitos casos, “pequenos empresários, com parcos recursos, em territórios dispersos”, que podem ter “falta de carrinhas refrigeradas para transporte ou problemas de embalamento ou de higiene e segurança alimentar”, e é necessário resolver primeiro estas questões para os produtos serem escoados nas empresas do sector turístico, exemplificou.
Desta forma é possível “criar dinâmicas para ter estes produtos disponíveis directamente ao cliente final e ao turista”, acrescentou.
O projecto, que termina em Dezembro de 2017, tem identificadas 150 empresas, vai promover contactos com produtores e unidades hoteleiras e já realizou 26 acções de sensibilização e dinamização do projecto no território, enumerou o director do CRIA, realçando que “não se pretende só mapear, mas sim fazer mesmo acordos” entre as partes.
A mesma fonte destacou ainda um objectivo paralelo a alcançar quando o trabalho estiver concluído, que passa pela criação de “um catálogo online de produtos agro-alimentares locais, para que pequenos produtores possam ter uma plataforma de venda directa e escoar também para fora da região”, disse Hugo Barros, citado pela Lusa.