A tosse é um sintoma de alerta, tanto pode ser uma manifestação de algumas doenças do aparelho respiratório como o reflexo de proteção para expulsar partículas estranhas ou muco do sistema respiratório. A tosse não é uma doença. As afeções respiratórias de menor gravidade (como as constipações) são a causa mais comum da tosse aguda, mas é bom que se saiba que há muitas outras doenças em que a tosse se pode manifestar e há igualmente que ter em conta que existem medicamentos cujos efeitos secundários podem desencadear tosse.
Há vários tipos de tosse: a tosse seca, irritativa, que pode ser tratada com antitússicos ou com antialérgicos e a tosse com expetoração. Há claramente um tipo de tosse cujo tratamento requer aconselhamento profissional, é o caso do doente diabético. Para não cansar o leitor sobre a atuação dos antitússicos e dos expetorantes, recorda-se que o aconselhamento farmacêutico pode revelar-se indispensável, referencia-se um modo de comunicação doente-farmacêutico que se pode revelar muitíssimo útil.
Assim, quando se vai à farmácia para solicitar um medicamento para a tosse, impõe-se informar se a tosse é seca ou se possui expetoração, há quando tempo se iniciou, se está relacionada com algum tipo de infeção das vias respiratórias, se fuma e se já utilizou algum medicamento para a tratar. O farmacêutico avalia a tosse quanto à sua formação e à existência ou não de expetoração. São aspetos determinantes para avaliar se é necessária a dispensa de um medicamento ou mesmo remeter o doente para uma consulta médica. Nos casos da tosse aguda, o farmacêutico procura esclarecer se o doente tem sintomas de constipação ou de gripe, de rinite alérgica, por exemplo; no caso da tosse crónica, procura saber qual a sua causa, pois o doente pode ser asmático, ter refluxo gastroesofágico e ser portador de algumas doenças.
Nesta conformidade, o doente deve comunicar abertamente se existem outras patologias que condicionem o tratamento da tosse ou que possam estar na sua origem, como é o caso de insuficiência cardíaca crónica. Se se trata de uma tosse seca, o uso de um antitússico pode ser imprescindível em algumas situações, por exemplo no caso dos doentes com traumatismos e quando existam aneurismas, hérnias ou até situações em que a tosse (noturna) impeça o repouso normal. É perante estes dados que o farmacêutico pode escolher o medicamento mais adequado aos seus sintomas sem prejudicar outros problemas de saúde que o doente esteja a tratar.
E há outros aspetos da informação ao doente que compete ao farmacêutico prestar: doses, duração do tratamento, possíveis reações adversas, o que fazer no caso de não melhorar; ou a adoção de medidas complementares, como sejam a ingestão de maior quantidade de água ou a inalação do vapor de água, pois essas medidas contribuem para a melhoria da tosse e complementam a terapêutica.
A informação farmacêutica pode passar por aconselhar ir a uma consulta médica, por exemplo no caso da tosse ser acompanhada de dores no peito, febre elevada, perda de sangue, produção excessiva de muco, entre outras manifestações e como estamos em tempo de COVID, as medidas de precaução são ainda mais exigentes, deve-se prevenir a propagação de vírus cobrindo o nariz e a boca sempre que se tosse e depois lavar as mãos com água e sabão. Importa nunca esquecer que a tosse é um reflexo natural, mas também pode ser o sintoma de uma doença: não a ignore, tem tudo a ganhar com o aconselhamento farmacêutico.