Pagar o cartão de crédito parece sempre uma tarefa muito mais complicada do que utilizá-lo. Porquê? Os cartões de crédito foram criados para ajudar em situações inesperadas, funcionando como uma espécie de rede de segurança financeira, oferecendo acesso imediato a um valor adicional sem complicações. Contudo, se não forem bem geridos, essa segurança pode transformar-se numa verdadeira armadilha financeira. Descubra neste artigo, que conta com a colaboração do Ekonomista, porque é tão difícil pagar as despesas do cartão e o que pode fazer para liquidar a dívida mais rapidamente.
Existem duas formas de pagamento do cartão de crédito: o pagamento integral e o pagamento parcial.
No pagamento integral, o valor total das suas compras é cobrado num prazo de 20 a 50 dias, sem aplicar juros. Já no pagamento parcial, o banco permite-lhe pagar apenas uma parte do valor em dívida, adiando o restante para o mês seguinte, mas com juros. E é aqui que reside o problema: quanto mais tempo demorar a pagar a totalidade da dívida, mais juros irá acumular.
Na prática, vamos imaginar uma pessoa com um cartão de crédito cuja taxa de juro é de 20% e que optou por um pagamento parcial de 25%. Se fizer uma compra de 100 euros, após 20 dias terá de pagar 25€ (25% do valor gasto), ficando os restantes 75€ para o mês seguinte.
No mês seguinte, sobre esses 75€ acumulam-se 15€ de juros (20% de 75€), ficando a dívida total em 90€. Deste valor, pagará 22,50€ (25% de 90€), e a dívida restante será de 67,50€.
Ao fim de dois meses, uma compra de 100€ já lhe custou 47,50€, e ainda continua com uma dívida de 67,50€, sobre a qual continuará a pagar juros.
Se está a braços com uma dívida crescente no cartão de crédito, precisará de alguma disciplina para resolver o problema. Contudo, é possível dar a volta à situação:
- Reduza o número de cartões
Se possui mais do que um cartão de crédito, foque-se em liquidar uma dívida de cada vez. Priorize o pagamento do cartão com a taxa de juro mais elevada e a menor dívida, e, uma vez pago, use o valor que estava a destinar para esse cartão para amortizar o próximo. - Poupe tudo o que puder
Faça um esforço extra e guarde todo o dinheiro possível para pagar a dívida. Durante alguns meses, limite as suas despesas ao essencial. Utilize rendimentos adicionais, como subsídios de férias e de Natal, ou receitas da venda de objetos que já não utiliza, para reduzir a dívida. - Faça amortizações antecipadas
Verifique no contrato como proceder a pagamentos antecipados. Aproveite as poupanças acumuladas e acrescente-as ao pagamento habitual do cartão. Assim, conseguirá reduzir a dívida mais depressa, pois os juros são calculados sobre o valor total, que ficará mais baixo. - Repense o uso do cartão de crédito
Para evitar novas dívidas, utilize o cartão de forma responsável, reservando-o apenas para despesas urgentes e inadiáveis. Pague o saldo o mais depressa possível, pois quanto mais tempo demorar, mais juros irá acumular. - Avalie a consolidação de créditos
Caso tenha vários créditos (cartões de crédito, crédito pessoal, automóvel, habitação, etc.), considere consolidá-los num só contrato. Esta estratégia permite-lhe reduzir a taxa de juro e gerir apenas uma mensalidade.
Depois de pagar a dívida do cartão, é importante estar atento para evitar cair nas mesmas armadilhas. Não precisa de cancelar todos os cartões, mas convém ter em mente alguns pontos essenciais:
- A TAEG
A Taxa Anual de Encargos Efetiva Global (TAEG) reflete o custo total de utilização do cartão (juros, comissões e outros custos). Por norma, é mais elevada nos cartões de crédito, mas é possível encontrar ofertas com melhores condições. Pesquise cartões com TAEG mais baixa. - O pagamento parcial
Se não puder evitar esta modalidade, tente fazer pagamentos adicionais sempre que possível para minimizar o pagamento de juros e saldar a dívida mais depressa. - A taxa de juro
A taxa de juro dos cartões de crédito é regulada pelo Banco de Portugal, que periodicamente ajusta a taxa de referência. No entanto, a taxa contratada é fixa. Se notar que as taxas de referência estão mais baixas do que a sua, pode ser vantajoso cancelar o cartão atual e contratar outro. - O plafond
O banco define um limite de crédito com base nos seus rendimentos, mas não considera outras despesas que possa ter. Negociar um plafond mais baixo pode ajudar a reduzir o risco.
Ao seguir estas orientações, conseguirá usar o seu cartão de crédito de forma mais segura e evitar dívidas desnecessárias.
Leia também: Costuma fazer transferências por Multibanco? Saiba o limite máximo permitido