Entra-se no Museu Municipal de Tavira/Palácio da Galeria para ver a mulher representada por Almada Negreiros, nada menos nada mais do que 55 obras, desenhos e pintura, a larga maioria pertencentes ao acervo da coleção moderna do Museu Calouste Gulbenkian, bem assim como excertos da sua obra literária e textos publicados nos jornais e revistas da época. A exposição visa mostrar a representação da mulher com um “olhar moderno”.
A curadora da exposição prestou declarações a uma agência noticiosa ao tempo da exposição tendo dito que “o olhar sobre a mulher ao longo da história da arte ocidental é um olhar masculino e aqui também não fugimos a essa regra. Estamos a falar de um homem que olha a mulher, que a retrata e que a torna objeto da sua pintura, do seu desenho ou da sua obra literária”. A curadora lembrou que Almada foi “um artista que abraçou a modernidade, que quis ser moderno acima de tudo, representou uma mulher emancipada”. E, mais adiante: “As mulheres já não são só objetos de contemplação ou representadas como passivas na obra dele, vamos sistematicamente encontrar mulheres ativas, mulheres desportivas – sobre as quais aliás ele escreve também –, mulheres bailarinas, cantoras, e que não estão em nenhuma posição necessariamente subalterna, pelo menos não são mostradas dessa forma e isso, mostrá-las de maneira diferente, era também sinal de modernidade”.
Almada Negreiros (1893-1970) viveu as primeiras décadas do século XX – período a que pertencem as obras expostas, enalteceu nos seus trabalhos este fenómeno da emancipação da mulher, por vezes associada a uma certa libertação de costumes e a uma vida boémia dos chamados anos loucos de 1920.
Um óleo célebre de Almada em que se representa com a sua mulher, a pintora Sarah Afonso.
É fascinante descer do Palácio da Galeria até chegar aqui, onde o Rio Gilão vai abraçar a Ria Formosa, o viandante é um sortudo, com o dia e a hora, um poente magnífico no dia cálido, apetece caminhar mais para ganhar apetite para um jantar de peixe. E depois preparar, entre estes cheiros de maresia o dia de amanhã, o último em Tavira, mas sempre com uma enorme vontade de regressar.
(continua)
(CM)