Siga em direto o trabalho jornalístico do nosso parceiro Expresso sobre a reunião que está a decorrer esta terça-feira, com peritos de saúde pública de várias instituições, com as presenças do Presidente da República, do primeiro-ministro e de representantes dos partidos, no início da segunda semana do processo de desconfinamento do país.
CDS diz que é “urgente” o reforço do controlo fronteiriço
O líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, defende o reforço do controlo fronteiriço deve ser prioritário, com vista a travar a expansão das novas estirpes no país.
“Preocupa-nos a diminuição da testagem PCR, que é a única capaz de identificar as novas estirpes altamente contagiosas e perigosas. É urgente reforçar o controlo fronteiriço para não disseminarmos as variantes”, afirma Francisco Rodrigues dos Santos.
Segundo o líder centrista, o partido continuará a viabilizar a renovação do estado de emergência, numa atitude “responsável”, com base nos dados apresentados quinzenalmente sobre a evolução da pandemia. “O CDS acha que a prioridade é salvar vidas, recomendamos máxima prudência na reabertura da atividade económica”, acrescenta.
Francisco Rodrigues dos Santos manifestou-se ainda preocupado com o ritmo da vacinação considerando que está “muito abaixo” do que estava previsto e face ao objetivo de ter 70% da população vacinada até ao final do verão.
Em relação ao contexto escolar, o líder do CDS diz que é preciso “proteger mais e melhor” toda a comunidade, sublinhando que a percentagem de docentes e funcionários testados à covid foi inferior a 0,1%.
PAN quer acesso gratuito a testes à covid-19
O porta-voz do PAN, André Silva, afirma que o partido concorda com a necessidade de renovar o estado de emergência, mas pede mais rapidez na vacinação e reforço do rastreio com testes grátis à covid-19.
“O plano de desconfinamento precisa ainda de medidas que façam restrições a determinadas atividades e movimentos. É fundamental quando vier a ocorrer que tenha a cobertura do estado de emergência”, declarou André Silva.
Também será fundamental, na opinião do dirigente do PAN, aumentar a capacidade de rastreio para todas as pessoas que contactaram com infetados pelo novo coronavírus. Por isso, o partido propõe que os auto-testes disponíveis nas farmácias sejam gratuitos.
“Pedimos ao sr. PR para introduzir no decreto presidencial algo que balize e regulamente os testes para evitar mecanismos de especulação e açambarcamento”, explicou.
PEV insiste: não é com estado de emergência que se “resolve a situação”
A deputada d’O Verdes (PEV) Mariana Silva diz que os dados avançados na reunião no Infarmed são “boas notícias” e que o estado de emergência não é a solução para a pandemia.
“Fizemos questão de dizer ao Presidente da República que este não era o momento de discutir a renovação do estado de emergência, mas para se começar a avançar dentro da normalidade”, declarou Mariana Silva, no final da videoconferência com o chefe de Estado.
Para a deputada do PEV – que se manifestou insatisfeita com a intenção de Marcelo Rebelo de Sousa em prolongar o estado de exceção até maio –, devia-se antes estar num “momento de reflexão” sobre as medidas de resposta à grave crise económica e social, que se “adensa” a cada estado de emergência que é declarado. “Achamos que não é com estados de emergência que se resolve a situação, mas com reforço do número de doses de vacinas, esperávamos também que a testagem fosse superior e o rastreio”, acrescentou.
Mariana Silva considerou ainda que os “números positivos” são resultado do “esforço dos portugueses”, que mereciam que estivesse a ser dado um “passo mais seguro no desconfinamento” em vez de constante “repressão”.
Chega pede “clareza” e “coerência” ao Governo
O deputado do Chega, André Ventura, considerou que há dois dados preocupantes que foram revelados na reunião do Infarmed e pediu “clareza” ao Governo na segunda fase do plano de desconfinamento.
“É evidente que a reunião com os especialistas foi mais uma vez produtiva, mas tomamos nota de dados preocupantes: o aumento do índice de transmissibilidade e a nova variante britânica que ocupa a vasta percentagem de novos casos”, afirmou André Ventura.
Em relação ao plano de desconfinamento, que na sua opinião não pode ficar “exclusivamente” à mercê dos peritos porque a economia não resiste, Ventura pediu “clareza” e “coerência” ao Executivo.
“O país não aguenta muito mais tempo nesta circunstância. Era importante que existisse clareza e falta clareza ao processo em Portugal (…) Esperamos coerência, o primeiro-ministro disse perante o país que havia um calendário de desconfinamento, por isso o que esperamos é que esse calendário se mantenha”, reforçou.
Costa diz que haverá polícia, mas que o “controlo tem de começar em nós”
“É evidente que as autoridades estarão lá para fazer cumprir a lei”, disse o primeiro-ministro, mas Costa insiste na mensagem da responsabilização individual: “O primeiro controlo que tem de haver é de nós próprio. Não é um jogo entre o governo que impõe medidas e as pessoas que tentam contornar, fugindo à polícia. Não é assim que queremos viver. Queremos viver numa sociedade responsável, que tem suportado muitos sacrifícios”, disse.
Escolas fecham em caso de surto
O princípio para o funcionamento das escolas é sempre o nacional, mas, caso haja um surto, estas podem encerrar, tal como aconteceu no Outono passado. A confirmação foi dada pelo primeiro-ministro que disse esta tarde que o “critério nacional tem a ver com a igualdade de oportunidades”, mas que isso “não exclui que em caso de haver um surto da escola não haja uma intervenção nessa escola”, referiu quando questionado se as escolas se manteriam abertas regionalmente mesmo com casos de incidência elevados.
Pode ler aqui a resposta a algumas dúvidas, nomeadamente como fecharão as escolas: estas não fecharão por concelho, só no caso de surtos.
Para outras dúvidas, preparámos também estas respostas.
Costa confirma estado de emergência pelo menos até Maio
A intenção do Governo era a de a dada altura deixar cair o estado de emergência e passar a ter uma lei enquadradora. Mas depois de o Presidente da República ter assumido que queria estado de emergência pelo menos até Maio, António Costa assina por baixo. Questionado se vê a necessidade de manter o estado de emergência até Maio, como defendeu o Presidente, o primeiro-ministro disse que essa era uma decisão de Marcelo Rebelo de Sousa, com a qual o Governo concorda: “Da parte do Governo é esse o entendimento. Pelo menos até ao final deste processo é preciso manter o estado de emergência, para garantir que estes passos são dados com segurança
“Estamos no caminho certo, as coisas estão a correr bem”, diz Costa
Para o primeiro-ministro, os dados que tem recebido mostram que “estamos no caminho certo”. “As coisas estão a correr bem”, disse o primeiro-ministro durante uma visita ao Liceu Camões, em Lisboa. Costa quis no entanto alertar para o facto de tudo poder mudar: “Temos de ir testando e medindo. As coisas não correm bem por acaso. Só correm se mantivermos a disciplina”, disse.
O primeiro-ministro não quer “estragar tudo o que conseguimos” até porque “vivemos um mês de Janeiro e Fevereiro dramático”. “Agora que conseguimos conquistar esta situação, temos de conseguir manter assim”, disse referindo o que acontece noutros países” onde “não houve capacidade de controlar” a pandemia.
Iniciativa Liberal contra pré-anúncio da renovação do estado de emergência até maio
O líder da Iniciativa Liberal (IL), João Cotrim de Figueiredo, criticou o facto de o Presidente da República ter admitido já que seria necessário renovar o estado de emergência até maio.
“Dizer com um mês de antecedência que será necessário prolongar o estado de emergência parece-nos excessivo e quer dizer que os esforços que as pessoas estão a fazer não têm efeitos práticos”, disse Cotrim de Figueiredo em declarações aos jornalistas, após uma audiência com o Presidente da República.
Segundo o deputado da IL, o estado de emergência é um instrumento legal que prevê “poderes abusivos” e “excessivos” que nunca foram utilizados pelo Governo e não se espera que venham a ser necessários agora na fase de desconfinamento. “Estamos a falar de requisições de meios, de recursos, de estabelecimentos para qualquer fim e em qualquer altura. Estamos a falar de controlos de preços, de limitações de comissões de entregas ao domicílio, de cessações de contratos de trabalho por SMS”, observou.
Cotrim de Figueiredo reiterou ainda que várias medidas podiam ter sido aliviadas há mais tempo pelo Governo fora do estado de exceção. “Nos últimos 12 meses vamos viver mais de seis em estado de emergência. Não é democrático e não é saudável”, sublinhou.
Especialistas deixam Costa de mãos vazias
O plano de desconfinamento apresentado pelo Governo anda descompassado do estado de emergência e isso trouxe uma dificuldade adicional na reunião do Infarmed desta terça-feira. Os especialistas fizeram um retrato da situação epidemiológica, mas António Costa saiu da reunião sem dados para avaliar se a primeira fase está a correr bem, uma vez que os dados dos peritos não abrangiam a última semana.
Ficou com a certeza de que a incidência de novos casos continua em tendência decrescente na maior parte do país, mas os riscos estão a aumentar: a transmissibilidade do vírus, a mobilidade das pessoas, a incidência do vírus na população ativa e a incidência da variante britânica, que é já de 80%. E isto antes de ter começado a abertura da sociedade e da economia.
Costa apela à “cautela” e “medidas de prevenção” por causa de aumento do Rt
António Costa usou a rede social Twitter para pedir a manutenção dos cuidados básicos e da cautela nesta fase de desconfinamento. Isto porque, apesar de a incidência de novos casos continuar numa tendência decrescente, o índice de transmissibilidade (Rt) está a “aumentar”.
BE pede reforço da testagem e levantamento das patentes para produção de vacinas
O deputado do BE Moisés Ferreira diz que já era “expectável” que o desconfinamento fosse acompanhado pelo aumento da transmissibilidade do novo coronavírus. E pede uma maior aposta na testagem e na vacinação.
“O que é preciso retirar desta reunião é que é preciso mesmo apostar muito na testagem massiva em Portugal. Se não se apostar creio que é possível que se perca novamente o controlo da transmissibilidade do vírus”, afirmou Moisés Ferreira.
Considerando que é necessário “estar à frente do vírus” para quebrar as cadeias de transmissão, o deputado bloquista defendeu que a primeira prioridade do Governo deve ser aumentar a capacidade de testagem à covid-19.
“Será possível na ótica do BE ter muito mais capacidade de testagem em Portugal e o desconfinamento será assim muito mais seguro e controlado”, insistiu, acrescentando que o partido irá apresentar ainda esta semana uma iniciativa no Parlamento com medidas concretas com vista a este objetivo.
Em relação ao plano de vacinação, Moisés Ferreira lamentou que apenas 500 mil pessoas estejam protegidas contra a covid-19 na próxima semana, em vez de mais de 2 milhões previstos no plano inicial.
Criticando o “incumprimento reiterado” por parte das farmacêuticas, o deputado do BE considerou ainda que cabe a Portugal – que assume agora a Presidência rotativa do Conselho da UE – , defender o levantamento das patentes para aumentar a produção de vacinas: “Parece-nos muito importante que Portugal assuma o compromisso que tem com a OMS em junho do ano passado”.
PSD: “Precisamos de um Governo mais competente e menos incontinente”
O deputado do PSD Maló de Abreu defende que a atual situação da pandemia é mais positiva, mas exige ainda precaução e uma “política firme”.
“A situação exige muitas cautelas, apesar de ser necessário obviamente uma palavra de esperança. Precisamos de um Governo mais competente e menos incontinente”, afirmou o deputado social-democrata, numa reação à reunião do Infarmed.
Por um lado, sublinhou, é preciso um Executivo mais competente que “aposte em mais vacinas”, “mais testes” e “tome mais cuidados nas fronteiras” por causa de variantes mais preocupantes.
“Precisamos também de um Governo menos incontinente, porque vimos o senhor primeiro-ministro no último fim de semana manter a máscara, mas despir o casaco de PM e vestir o casaco de secretário-geral do PS ao dizer que a oposição não apresentava propostas”, criticou.
PS diz que país está “no bom caminho”, mas pede cautela na Páscoa
A deputada do PS Maria António Almeida Santos, considera que o país está no “bom caminho” face à baixa incidência de covid-19, mas pede cautela na Páscoa.
“Há um risco de descontrolo. É preciso que tenhamos consciência que algum facilitismo de forma espontânea pode comprometer o futuro próximo”, declara Maria António Almeida Santos.
Segundo a deputada socialista, será necessário manter o sentido de “responsabilidade” de forma a manter a atual trajetória, nomeadamente face aos riscos das variantes estrangeiras e continuar a avançar no plano de vacinação. “Como todos sabemos vem aí mais vacinas. Esta semana vamos atingir um milhão de pessoas com a primeira dose”, realçou.
Mas a mensagem principal é que estando nós ainda no início do “desconfinamento gradual e lento”, será fundamental que os portugueses mantenham “todo o cuidado” para que “não deitemos abaixo todo o esforço imenso” que tem sido feito.
CDS preocupado com escolas: “Testagem em março ficou abaixo de 0,1% em contexto escolar”
Numa reação ao retrato feito pelos especialistas, a porta-voz do CDS Cecília Anacoreta Correia mostrou-se preocupada pela fraca testagem nas escolas no contexto de abertura do ensino presencial. “Entre 1 e 19 de março a testagem ficou abaixo dos 0,1% em contexto escolar. E a meta de ter apenas 28% dos professores vacinado no fim de semana é muito pouco. É pouco prudente e não chega para sossegar a comunidade escolar e famílias”, disse.
Já sobre as vacinas, a porta-voz do CDS lamentou que governo tenha “irresponsavelmente criado uma perceção de insegurança das vacinas ao suspender levianamente a vacina da Astrazeneca”. “Ficou aqui provado que a vaciniação é a forma mais eficaz de nos protegermos a todos nesta pandemia”, disse num vídeo divulgado aos jornalistas.
Os especialistas falaram também na necessidade de aumentar o número de testes PCR, que são os que permitem o controlo das novas variantes e nesse sentido o CDS pediu também um “aumento do controlo de fronteiras”.
Mantém plano de desconfinamento? Governo faz avaliação diária e na quinta em Conselho de Ministros
A ministra da saúde diz que o Governo tem mantido atenção nos dois indicadores-chave que que o Governo fará uma avaliação contínua dos passos a dar no plano de desconfinamento. “Fazemos uma avaliação diária, semanal, no Conselho de Ministros, e quinzenal no calendário do estado de emergência. Na quinta-feira faremos uma avaliação desse tema”, disse.
Temido diz que é preciso manter “níveis controláveis” para manter plano de desconfinamento
Sobre o conforto que sentiu para seguir com o plano de desconfinamento, Marta Temido disse que vai avaliando a “evolução” nos dados diários da DGS e que é preciso “manter os riscos de transmissão e níveis de incidência a níveis controláveis” para “seguir aquilo que partilhámos com os portugueses”. Se tal não acontecer, tem de se decidir “não andar para a frente ou numa fase mais complexa a ter de voltar para trás”.
Portugal está “em contra-ciclo”, mas contexto europeu “é adverso e preocupante”
Noutro ponto, no risco epidemiológico, Temido diz que estamos no patamar entre os 60 e 120 casos por cem mil habitantes e em termos de risco de transmissão com R(t) de 0,88 para o território continental..
Contudo, apesar de “Portugal estar em contra-ciclo”, o contexto europeu é “adverso e preocupante” e por isso é preciso “atenção elevada e especial precaução com as próximas semanas”.
Para tal, haverá um reforço da estratégia de testagem com vários rastreios a acontecer, uma aposta na vacinação e um olho na mobilidade, que tem vindo a aumentar, mesmo antes da abertura da sociedade.
Há uma “necessidade de continuar a combater o vírus, não aliviando as medidas de precaução”, disse.
Temido: situação epidemiológica “mantém-se estável”
Está a falar a ministra da Saúde que diz que a situação epidemiológica “mantém-se estável com uma tendência decrescente naquilo que é o número de novos casos, no número de internamentos e letalidade devido a Covid-19”, disse à saída da reunião do Infarmed.
Um milhão de portugueses vacinados com 1ª dose esta semana
Henrique Gouveia e Melo anuncia ainda na reunião no Infarmed que esta semana será atingido o número de 1 milhão de portugueses com a primeira dose e meio milhão com a segunda dose da vacina contra a covid-19.
Já foram administradas 1,3 milhões de vacinas. 80% da população com mais de 80 anos protegida até ao final da semana
Portugal já recebeu 1,8 milhões de doses de vacinas e se o número de vacinas que estão previstas para chegar ao longo dos próximos meses se mantiver será possível manter o objetivo de ter 70% da população vacinada no verão.
Esta semana vão ser administradas 277 mil vacinas, incluindo as da Astrazeneca que ficaram na semana passada em pausa por recomendação do Infarmed e da DGS.
Por metas parciais, o coordenador da task force anunciou ainda que no final da semana mais de 90% dos lares deverão estar cobertos (excetuam-se as situações em que ainda existem surtos)
Nos mais de 80 anos irá ser atingida a proteção de 83%, superior à meta de 80% definida inicialmente para o final do mês.
No grupo 50-79 anos com doenças de risco para a covid-19, também incluído entre os prioritários, vai ser atingido o valor de 67 % de cobertura.
Entre o pessoal médico, dos sectores público e privado, a cobertura vacinal chegará a 94% e entre os trabalhadores dos serviços essenciais definidos como prioritários o valor atingirá os 99%.
O pessoal docente e não docente, que se juntou entretanto a este grupo de prioritários, começará a ser vacinado no próximo fim de semana – está previsto administrar 80 mil vacinas a pessoal que trabalha no pré-escolar e 1º ciclo – e 28% do total de professores e funcionários ficarão assim com a 1º dose da vacina tomada.
1,8 milhões de vacinas chegarão a Portugal em abril
Em abril, Portugal deverá receber 1,8 milhões de vacinas, anuncia Henrique Gouveia e Melo, coordenado da Task Force para o Plano de Vacinação contra a covid-19. O ritmo de administração de vacinas por dia está a aumentar e nessa altura subirá para 60 mil por dia e nos meses seguintes o valor será superior a 100 mil.
Pessoas que saem de casa são as que mais dificuldade têm em evitar visitar familiares e amigos
Há algumas medidas mais fáceis de adotar, como o uso da máscara, mas outras mais difíceis como manter a distância ou o teletrabalho. Contudo, houve “indicadores críticos” que foram analisados como o “evitar visitar familiares ou amigos” e “ficar em casa”
Nestes dois indicadores, houve 36,9% de pessoas que admitiram ser difícil ou muito difícil não visitar familiares ou amigos e 35,2% ficar em casa.
Numa análise mais fina, Carla Nunes diz que “são as pessoas que já naturalmente saem de casa, as que mais reportam ter mais dificuldade em evitar visitar familiares em amigos”.
Dia 22 de Janeiro: o pior dia na confiança dos portugueses em relação às medidas do Governo
A percepção segue por ondas e para a Escola Nacional de Saúde Pública o Governo pode esperar melhores notícias em relação às medidas implementadas. Há agora mais confiança nas medidas implementadas, desde o pior dia, o dia 22 de Janeiro. Neste dia, havia 68,9% das pessoas que achava as medidas “pouco ou nada adequadas”.
Na última quinzena, este indicador mudou para 30%.
Portugueses confiam mais nos serviços de saúde desde o pico de Janeiro
Outro dos indicadores revelado pela Escola Nacional de Saúde Pública tem a ver com o nível de confiança de resposta dos serviços de saúdeDesde 22 de Janeiro houve uma recuperação da confiança dos portugueses na resposta dos serviços de saúde passado de 55% de pessoas que estavam pouco confiantes para apenas 20%. Foram “dois meses de recuperação muito franca”.
Portugueses estão com “piores comportamentos” na pandemia
Carla Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública apresenta os dados do barómetro sobre os vários indicadores de saúde pública e nota que há “ligeiras” mudanças quer no comportamento quer na percepção do estado de saúde global.
“46,3% das pessoas a dizer que tinham razoável, mau ou muito mau ou estado de saúde global” e “1 em 5 das pessoas – se sentia agitado, ansioso ou triste” nos últimos dias.
Além disso, refere a professora da Escola Nacional de Saúde Pública, houve um “ligeiro aumento de piores comportamentos”.
Efetividade da vacina é de 91%, igual ao registado nos ensaios. “É de uma segurança extraordinária”
Sobre a efetividade da vacinação, a infeção decresceu muito nos profissionais de saúde a partir do momento em que começaram a ser administradas vacinas, nota Henrique de Barros (os dados são baseados nos profissionais de saúde do Centro Hospitalar de São João, no Porto) . Isto se comparado com o risco de infeção na generalidade da população.
Os trabalhadores do setor da saúde tinham mais casos do que a população geral, porque eram mais testados, mas a partir do momento em que começaram a ser vacinados (foram os primeiros a ser vacinados), a infeção decresce mais rápido e mais cedo do que na generalidade da população. “A partir desse momento houve metade dos casos esperados devido à vacinação”, diz.
Ainda assim, se compararmos a proporção de vacinados entre as pessoas que tiveram a infeção com as pessoas que não foram vacinadas, vemos que tivemos 7 casos nos vacinados para cada 100 casos nos não vacinados (0,07%).
Há uma efetividade vacinal de 91%, diz. Ou seja, é igual à eficácia verificada nos ensaios da vacina. “É uma segurança extraordinária”, diz.
Conclusões gerais de Henrique de Barros no balanço de um ano de pandemia:
– A letalidade nos casos diagnosticados tem permanecido nos 2%;
– As crianças não parecem ter um papel relevante no risco de infeção nas famílias, e as medidas de mitigação no ambiente escolar funcionaram o que nos faz acreditar que a atividade letiva é segura;
– A vacinação mostrou-se um processo efetivo de prevenção.
Especialista diz que crianças e adolescentes têm “papel menor” no risco de transmissão. E escolas são “seguras”
Sobre o risco de infeção nas crianças em idade escolar, Henrique de Barros diz que a dada altura houve uma despreocupação com as atitudes de mitigação do contágio, o que levou à ideia de que o fecho das escolas podia ter um papel determinante na diminuição no risco de infeção. Mas não partilha desta opinião.
Olhando para conjuntos de estudos do Reino Unido, e depois de Portugal, o especialista diz que “há menor risco de infeção nos menores de 20 anos” e “globalmente as crianças e os adolescentes têm um menor risco de infeção e parecem ter um papel menor do que os adultos no risco de transmissão”.
Olhando especificamente para Portugal, na primeira vaga a proporção de crianças infetadas foi “muito pequena”, mas também coincidiu com as escolas fechadas. Na segunda onda, com a abertura das escolas, o que se vê é que com as escolas abertas a infeção sobe e desce, depois sobe com as escolas fechadas, continua a subir com as escolas abertas e depois desce. “As medidas de mitigação no ambiente escolar foram levadas muito a sério e por isso os nossos resultados foram melhores do que noutros países onde isso não aconteceu”, diz.
Mas há outra forma de olhar, que é analisar agregados familiares com crianças e sem crianças. Conclusão: as crianças não transmitem mais o vírus. A frequência de infeção é igual quer haja crianças no agregado familiar ou não, diz ainda Henrique de Barros.
Sobrecarga no SNS teve efeito no maior risco de morrer, diz Henrique de Barros
Sobre o risco de morrer (letalidade), Henrique de Barros diz que o risco de morrer aumenta com a idade e é maior nos homens – ficou provado -, sendo que há também uma variação das mortes por regiões. “Temos de saber perceber porquê”, diz, destacando dois fatores: a idade e o sexo.
Há uma grande diferença entre as regiões e é notório o menor risco de morrer na região da Madeira comparada com outras regiões do país. No centro, LVT, Alentejo e Algarve os valores são mais altos.
Nos meses de dezembro e janeiro, os valores registados foram mais altos. A sobrecarga no SNS teve efeito na maior probabilidade de morrer, diz ainda.
Já as variantes têm maior risco de morte, sobretudo a chamada variante espanhola. Quer a variante inglesa, quer a variante brasileira, vão assumir uma relevância importante quando as estimativas forem mais estáveis — daí que seja necessária uma maior vigilância nos doentes infetados com estas variantes face ao risco de morrer.
Henrique de Barros faz balanço de um ano de pandemia. Mais novos vão passar a concentrar as infeções, devido à estratégia de vacinação
Fala agora Henrique de Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, sobre o balanço de um ano de pandemia em Portugal.
Começa por dizer que as mortes foram a primeira grande preocupação dos especialistas, mas “no fim deste ano será tempo de pensar no peso de outras consequências adversas da infeção, como a continuidade dos sinais de doença após a recuperação”. Também os efeitos sobre as crianças devem ser estudados. “É nas idades escolares que vamos passar a encontrar as infeções, até por causa da escolha que fizemos de vacinar as idades mais avançadas, deixando os mais novos mais suscetíveis ao encontro com o vírus”.
INSA propõe solução para o “decréscimo contínuo” do número de testes PCR
Com o aumento da testagem com testes rápidos, há um “decréscimo contínuo” do número de testes PCR, “os únicos que permitem pesquisar as variantes de SARS-CoV-2”. Para resolver a questão, João Paulo Gomes, investigador do INSA, propõe um alargamento da rede laboratorial para selecionar amostras de PCR positivas para fazer a sua sequenciação genómica, convidando mais laboratórios a participar, e sugere também que quem tenha teste rápido positivo possa ser novamente testado com PCR.
Dos cerca de 50 países que fazem sequenciação genómica, Portugal está em 12º lugar, com 4332 genomas sequenciados, muito longe de países como o Reino Unido (287 mil) ou Dinamarca (50 mil). Tendo em conta o tamanho da população de cada país, Portugal consegue sequenciar 43 genomas por 100 mil habitantes, o que nos coloca mais acima na lista.
“Não fazemos uma vigilância semana a semana, mas focamos numa semana de cada mês para ter mais representatividade geográfica”, refere João Paulo Gomes, do INSA.
Variante do Reino Unido está presente em 80% dos casos de covid em Portugal
Quase 100% dos casos de covid em Inglaterra são da variante do Reino Unido e essa deverá ser a tendência do resto dos países, sendo apenas “uma questão de tempo”, refere João Paulo Gomes, diretor do Departamento de Doenças Infecciosas do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA). “A variante do Reino Unido deverá estar já em mais de 80% dos casos do nosso país.”
Há 24 casos da variante de África do Sul identificados em Portugal (250 no Reino Unido, 300 na Bélgica). João Paulo Gomes sublinha a importância do controlo de voos e historial de viagem, uma vez que esta variante está espalhada por países europeus que têm muitas ligações de voos com Portugal. “A última coisa que se quer é que aconteça o mesmo que aconteceu com a variante do Reino Unido, que está espalhada.”
Já da variante de Manaus, estão identificados 16 casos em Portugal, dentro da média e muito distantes de países como Itália, que têm já quase 160 casos.
81 casos detectados nas escolas em mais de 80 mil testes. Estratégia de testegam será “dinâmica”
A estratégia de testagem, que vai ser afinada nos próximos dias, vai ser “dinâmica”, ou seja, vai tendo em conta vários critérios.
A testagem deve ser dirigida, disse Ricardo Mexia, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, ao acompanhamento permanente dos contextos onde pode acontecer maior incidência, seja do ponto de vista geográfico seja de atividades, tendo em atenção a população mais vulnerável e os serviços essenciais.
Um dos pontos que os especialistas têm reforçado é que as “notificações têm de ser facilitadas” e tem de haver uma “intervenção rápida” através da vigilância.
Mas uma chamada de atenção: “Os testes não se substituem uns aos outros”. Isto porque na última semana houve uma “massificação dos testes” com a retoma de algumas atividades, nomeadamente das escolas. Esses testes foram sobretudo antigénio e não PCR.
Alguns números dados pelo especialista:
1 – Nas escolas, em mais de 80 mil testes, foram encontrados 81 casos positivos, menos de 0,1% de taxa de positividade.
2 – Nos lares foram realizados mais de 150 mil testes e resultaram em 2.627 casos positivos
3 – A Taxa de positividade é agora de 1,4%, muito abaixo dos 4% que é a marca de referência o que, dizem os especialistas, tendo em conta que houve um aumento de testes, é uma boa notícia.
Já não é previsto que Portugal chegue aos 60 casos por 100 mil habitantes em março
A redução da incidência em Portugal não foi tão acentuada como era estimado pelo INSA. “Já não prevemos que se chegue aos 60 casos por 100 mil habitantes no final de março”, apontou Baltazar Nunes. Pelo contrário, a redução na ocupação dos cuidados intensivos foi mais rápida e acentuada.
A incidência está agora em níveis “moderados” e a redução foi mais acentuada na população com mais de 80 anos. A evolução da Europa continua com tendência de aumento da incidência, “que tem de ser levado em consideração na análise futura”.
Houve também um aumento do número de contactos na população acima dos 70 anos para valores próximos dos registados em dezembro do ano passado, “que pode estar relacionada com uma redução da perceção do risco relacionada com a vacinação”, por exemplo, ou até mesmo ligada ao processo de vacinação, por ter obrigado à deslocação da população.
O aumento da mobilidade em Portugal, a tendência crescente do Rt e a subida da incidência noutros países europeus tem de ser considerada nas análises atuais e futuras da situação epidemiológica.
Controlar a pandemia continua a estar dependente de um aumento de testagem, do isolamento de casos e do rastreio de contactos, acompanhado pelas medidas preventivas na comunidade, locais de trabalho e escolas, além do “aumento da cobertura da vacina contra a covid-19”.
R(t) está a subir mas ainda não é possível ver efeito da abertura das creches
A média estimada do R(t) é de 0,89, acima do que se registava na última reunião do Infarmed, que era de 0,74, refletindo uma evolução crescente do R(t). “Neste momento ainda não é possível observar o o efeito da medida de abertura das creches, pré escolar e 1º ciclo”, afirma Baltazar Nunes, responsável pelo departamento de Epidemiologia do Instituto Dr. Ricardo Jorge (INSA),
O valor do R(t) abaixo de 1 em todas as regiões (com exceção dos Açores) e a incidência também abaixo dos 120.
Melhoria na rapidez laboratorial. Só 10% dos casos positivos foram notificados com atraso
Sobre a testagem, André Peralta Santos destaca que a positividade (número de testes positivos em relação ao número de testes realizados) a população com mais de 20 anos está significativamente abaixo do indicador de referência (4%). Esta faixa etária tem tradicionalmente uma incidência menor.
Houve, contudo, “uma melhoria no desempenho da rapidez laboratorial”, nota. Em média, só 10% dos resultados positivos foram notificados com atraso (depois do dia seguinte ao da colheita).
Notas finais:
– Manutenção da tendência de descida da incidência em todas as faixas etárias;
– A única diferença é que a população ativa tem agora a maioria das incidências.
– Manutenção da tendência de descida da mortalidade Covid.
– Não há doença desconhecida na comunidade.
– Aumento da prevalência da variante do Reino Unido.
Variante inglesa representa já mais de 70% dos casos na região de Lisboa e Vale do Tejo. “Tem havido um aumento”
Um dado novo sobre a letalidade: “Na semana de 1 a 7 de março verificou-se uma diminuição da letalidade nos mais de 80 anos”, diz.
Sobre as variantes do vírus, em especial a do Reino Unido, houve um aumento, sendo que há uma prevalência de novas variantes na ordem dos 73,3% na região de Lisboa, e de 60%/65% no Norte e Centro, e no resto do país a estimativa é mais incerta mas será de cerca de 30% no alentejo e 70% no Algarve.
DGS alerta para necessidade de vacinar até aos 40 anos “para estarmos seguros”
André Peralta Santos dá um outro dado: a avaliar pelo que aconteceu em janeiro e fevereiro, só as hospitalizações na população dos 40 aos 60 é suficiente para ultrapassar o indicador das 245 camas de hospitalizações em cuidados intensivos. Ou seja, “para estarmos seguros, a faixa etária a vacinar terá de ir até estas idades.”
População ativa com mais casos, mais velhos estão “mais protegidos”
Olhando para os grupos etários, André Peralta Santos diz que a população ativa voltou a ser a população com maior incidência a partir de março, enquanto os maiores de 80 passaram a ter uma incidência abaixo da média. “População mais velha está bastante protegida”, diz.
Lisboa e Vale do Tejo é a que tem uma incidência maior (mais casos por 100 mil habitantes a cada 14 dias).
Sobre os internamentos, há uma manutenção da descida no grupo dos +60. Nas UCI, há uma “descida também muito expressiva” no grupo dos 50, 60 e 70 anos.
Há neste momento uma incidência de 79 casos por 100 mil habitantes (nos últimos 14 dias)
Marta Temido abre a sessão no Infarmed. Presidente da República, primeiro-ministro e partidos assistem à reunião por videoconferência. André Peralta Santos, da Direção-Geral de Saúde é o primeiro a falar para fazer uma avaliação da situação epidemiológica no país.
Começa por mostrar o habitual gráfico com a evolução da incidência de novos casos a 14 dias. Houve uma manutenção da tendência de descida, com incidência e 79 casos por 100 mil habitantes, diz. Em comparação com há 15 dias “houve diminuição generalizada em todo o território” dos novos casos. Dados são de 14 a 20 de março.
Especialistas traçam cenário da pandemia em Portugal
O Presidente da República, o primeiro-ministro e representantes dos partidos reúnem-se hoje com peritos de saúde pública de várias instituições, no início da segunda semana do processo de desconfinamento do país.
Como tem sido habitual nas últimas semanas, a reunião sobre a evolução da pandemia de covid-19 em Portugal, na qual também participa o presidente da Assembleia da República, vai decorrer por videoconferência a partir das 10:00, estando presentes nas instalações da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) a ministra da Saúde, Marta Temido, e a maioria dos especialistas.
A sessão inicia-se com a apresentação de André Peralta Santos, da Direção-Geral da Saúde, sobre a situação epidemiológica, seguindo-se a perspetiva da evolução da incidência e da transmissibilidade do vírus SARS-CoV-2 a cargo de Baltazar Nunes e Ricardo Mexia, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).
João Paulo Gomes, também do INSA, fará a atualização das variantes do vírus no país, cabendo a Henrique de Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, uma apresentação sobre um ano de aprendizagem da covid-19 em Portugal.
A reunião prossegue com a apresentação das perceções sociais da pandemia no país, a cargo de Carla Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, e com o ponto de situação da vacinação pelo coordenador da `task force´ vice-almirante Henrique Gouveia e Melo.
No início da segunda semana de reabertura do país, Portugal apresentava, na segunda-feira, uma incidência de 81,3 novos casos de infeção com SARS-CoV-2 por 100 mil habitantes e um índice de transmissibilidade (Rt) de 0,89, segundo o boletim conjunto da Direção-Geral da Saúde e do INSA.
Estes indicadores — uma incidência do número de novos casos de covid-19 abaixo dos 120 por 100 mil habitantes e um índice de transmissibilidade (Rt) inferior a 1 -, são os critérios definidos pelo Governo para a revisão continua do processo de desconfinamento.
Na quinta-feira, a Assembleia da República vai debater e votar o projeto de decreto presidencial para a renovação do estado de emergência por novo período de 15 dias, com efeitos a partir de 01 de abril e que abrangerá o período da Páscoa.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso