Henrique Rocha acusou finalmente o enorme desgaste de 14 encontros disputados nos últimos 15 dias e não conseguiu levar de vencida o experiente alemão Sebastian Fanselow que, com uma grande exibição ao nível do serviço, desforrou-se do jovem português e conquistou o seu primeiro título internacional do ano, o 12.º da sua brilhante carreira no ITF World Tennis Tour.
Sebastian Fanselow, que há três anos reside em Portugal, venceu 81% de pontos no primeiro serviço, 58% de pontos no segundo e salvou 4 dos 5 pontos de ‘break’ que enfrentou, para derrotar Henrique Rocha por 6-2 e 6-3, em uma hora e 12 minutos, na final do 2.º Tavira Mens Open by Crédito Agrícola, o torneio de 25 mil dólares em prémios monetários que terminou esta segunda-feira, na Pedras Tennis & Padel Academy.
Várias vezes, durante a final, ouviu-se o português de 19 anos, o terceiro cabeça de série, queixar-se: “corre” ou “não consigo correr!”. Foi visível que estava com uma deslocação mais lenta, ele que se caracteriza normalmente por um apurado jogo-de-pés.
A folga forçada de domingo, devido à chuva, agravada pelo facto de a final só ter começado quatro horas depois do inicialmente agendado, também devido à chuva matinal, foram adversários demasiado fortes para o campeão da semana passada.
“Foi uma semana cansativa, não só pelos encontros que fiz, dois deles em terceiro set, mas também por este ‘entra-e-sai’ do campo. Não foi nada fácil, foi cansativo mentalmente, para acrescentar à semana passada em que joguei muitos encontros de singulares e pares. Hoje poderia ter sido melhor, não é uma desculpa, mas senti que poderia estar melhor fisicamente e mentalmente, mas, de facto, o Sebastian também jogou muito bem hoje”, disse Henrique Rocha.
“Não sei se o cansaço chegou um bocadinho tarde, mas, de calhar, se a final tivesse sido ontem, teria sido naquele calor do momento e não teria tido tanto tempo para o corpo amolecer e para pensar que estava cansado”, admitiu o jogador nascido no Porto, formado na Maia, que integra o Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Ténis, em Oeiras.
Foi a primeira final que Henrique Rocha perdeu na sua ainda curta carreira e leva cinco títulos em seis finais disputadas. Foi também a primeira vez que perdeu com Sebastian Fanselow, depois de tê-lo batido em dois sets, quer na meia-final da semana passada, quer na final do M25 Beloura-2, há pouco mais de um mês. As condições de jogo também não foram-lhe favoráveis.
Desta feita, não houve o vento que tanto afetou o serviço de Fanselow nos dois duelos anteriores, a humidade elevada não ajudou a quem estava mais cansado, as bolas ficaram também mais pesadas e a mudança de court, do n.º3 para o n.º2 também ajudou mais a boa exibição de serviço do germânico.
“Estava mais habituado a jogar nos campos lá em baixo e esta semana nem sequer joguei pares aqui em cima. Isso fez bastante diferença. A semana passada tinha jogado aqui uns cinco ou seis encontros, principalmente em pares e joguei também contra ele aqui. Esta semana não joguei aqui, este campo é muito mais rápido e como não estava tão bem fisicamente, não consegui acompanhar essa descompensação e não me mexi bem. Foi a junção das duas coisas”, afirma.
“Ele também começou a fica rmais confortável no jogo, começa a servir melhor e a dominar mais os pontos. (…) O Sebastian hoje esteve muito bem, serviu muito bem e fez tudo bem, muitos parabéns para ele”, acrescentou o jogador que agora terá uns dias de descanso antes de atacar o Campeonato Nacional Absoluto.
O próprio Sebastian Fanselow reconheceu que esta segunda-feira as condições eram mais do seu agrado: “Acho que jogou tudo a meu favor, porque as bolas estavam mais pesadas e não levavam tanto ‘top-spin’. Ele gosta de meter muito spin, gosta de atirar-me para fora do court, mas hoje pude entrar mais na bola, pude bater mais chapado e não dar-lhe esses ressaltos de bola altos”.
Nada disso retira mérito ao jogador que há um mês está a treinar com Paulo Gamboa, depois de três anos com Manuel Costa Matos.
Da sua parte, fez uma boa exibição e, tal como diante de Tiago Pereira, nos oitavos de final, a sua direita ‘inside-in’ esteve devastadora: “Foquei-me muito no serviço e procurei ser mais agressivo, para não ser empurrado para trás da linha de fundo. Tentei pressioná-lo, porque quando ele tem tempo é um grande jogador. Quis apressá-lo desde o início”.
Após três finais perdidas este ano, soube-lhe bem elevar o troféu: “Tinha estado em algumas finais este ano e tinha-as perdido algo facilmente, por isso, quis vir para esta de forma diferente, também já tinha perdido com ele um par de vezes e funcionou, graças a Deus”.
De qualquer forma, Henrique Rocha – com um título de pares, um de singulares e uma final de singulares – sai de Pedras da Rainha como a grande figura destas duas semanas. Começou o ano a 850.º do ATP Tour e no ‘Live Ranking’ já aparece em 272.º, à frente de João Sousa (277.º), embora o “Conquistador” vá ainda jogar esta semana um Challenger em Itália.
“Ele já alcançou o objetivo a que se tinha proposto (top-300 para esta época) e tudo o que vier de extra, será bem-vindo», recordou Neuza Silva, uma das melhores jogadoras portuguesas de sempre e treinadora do CAR da FPT, que acompanhou-o nestas semanas.
Como salientou o jornalista Gaspar Lança, o ‘press officer’ do ATP Challenger Tour em Portugal e de muitos outros eventos ITF, Henrique Rocha foi o 16.º português na história do ranking a chegar ao top-300 e o terceiro mais jovem, depois de Kiko Silva (também com 19 anos) e Nuno Marques (com 17).
Os 1.º e 2.º Tavira Mens Open by Crédito Agrícola foram duas competições internacionais de ténis, da categoria de M25, com 25 mil dólares em prémios monetários. Jogaram-se na Pedras Tennis & Padel Academy, contaram para o ranking do ATP Tour, integraram o ITF World Tennis Tour, o circuito da Federação Internacional de Ténis, e foram ambos organizados pelo Tavira Racket Club, com um apoio significativo da Federação Portuguesa de Ténis (FPT).
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