É um dos tipos de cefaleia mais frequentes. Está identificada pela Organização Mundial de Saúde como a 19ª causa mundial de anos vividos com incapacidade, quando comparada com todas as doenças conhecidas do mundo. Afeta uma parte significativa da população, e continua como uma doença crónica incurável. Afeta as mulheres duas a três vezes mais do que os homens. Manifesta-se como uma dor latejante numa área específica da cabeça, pode fazer-se acompanhar de sensibilidade aumentada à luz ou ao ruído, e até com náuseas e vómitos. Localiza-se geralmente apenas de um dos lados da cabeça. As crises podem durar horas ou mesmo dias, o que leva o doente a procurar um lugar escuro e calmo. É mais comum aparecer entre os 20 e os 30 anos. O recurso a medicamentos, em combinação com um estilo de vida saudável, pode ajudar a reduzir a frequência e a gravidade da enxaqueca.
Mas importa também saber que há fatores que podem contribuir para desencadear as crises: emocionais, alterações de sono, hormonais (será o caso da toma de contracetivos hormonais, tratamentos hormonais de fertilidade e a terapêutica de substituição hormonal), ambientais, alimentares (será o caso da ingestão de substâncias como a cafeína, o álcool, o chocolate, o queijo e os citrinos. O diagnóstico baseia-se no historial e no diagnóstico clínico do doente. Existem opções de tratamento que podem ajudar a mantê-la controlada, atenuando a dor e demais sintomas durante as crises. Em situações de maior complexidade, os doentes devem ser encaminhados para médicos especialistas, como os neurologistas ou os neuropediatras, no caso das crianças.
Como as crises podem ser agravadas por diversos fatores, é imperativo identificá-los e usar da disciplina: cumprir um padrão e um horário regular de refeições, fazer noites de sono regular, haver identificação dos medicamentos que podem agravar a enxaqueca, tentar controlar os fatores de stress, se necessário utilizando técnicas de relaxamento, psicoterapia, entre outras.
Quem suspeita de sofrer de enxaqueca pode muito bem socorrer-se do aconselhamento farmacêutico. Em situações dadas como benignas, o farmacêutico pode recomendar medicamentos não sujeitos a receita médica que se destinam a combater dores agudas (será o caso do paracetamol, do ácido acetilsalicílico e do ibuprofeno). O doente deve cooperar, respondendo às perguntas colocadas pelo farmacêutico: a localização exata da dor, se é ou não incapacitante, há quanto tempo surgiu, se é de caráter contínuo ou intermitente, se associa o seu início a qualquer fator, como, por exemplo, determinados alimentos ou um caso de traumatismo. E é indispensável que o doente também informe sobre outras doenças, que tipo de medicamentos toma habitualmente e se tem predisposição para alergias medicamentosas. É igualmente importante distinguir uma dor de cabeça ocasional com o quadro de uma enxaqueca. Resumindo, o farmacêutico pode ajudar quem tem cefaleias intensas a identificar previamente alguns dos fatores que possam desencadear a enxaqueca, cabendo-lhe propor modificações no estilo de vida e dar mesmo conselhos sobre medidas não farmacológicas que podem ser adotadas para melhorar a qualidade de vida de quem tem enxaquecas.