A Barragem de Odelouca, cujo enchimento começou em 2009, é de longe o mais importante investimento das Águas do Algarve no Sistema Multimunicipal de Abastecimento de água do Algarve de que é concessionária.
A grandeza da intervenção para a construção da peça fundamental na independência regional face à insegurança climática e à incerteza de precipitação em quantidade suficiente para o Algarve levou a que fosse aprovado este projecto de grandes dimensões numa área especialmente sensível do ponto de vista ambiental.
É desta premissa que nasceram para a Águas do Algarve responsabilidades de minimização dos impactos ambientais da obra, um esforço que a empresa tem cumprido de forma rigorosa e consistente, criando condições para que se reestabeleçam as condições ambientais necessariamente afectadas pelo empreendimento.
Depois das galerias ripícolas o trabalho ao nível da fauna
Após um primeiro momento de intervenção no sentido de minimizar os impactos do projecto que passou pela requalificação de galerias ripícolas dos cursos de água, criando condições de base ao nível da flora para a integral recuperação dos habitats, agora a Águas do Algarve assume a tarefa de desenvolver trabalhos de minimização de impactos a nível da fauna.
A empresa promove agora o projecto Falanges, uma iniciativa para salvar as espécies de peixes mais vulneráveis e ameaçadas, preservando os ecossistemas ribeirinhos dos efeitos causados pelas alterações climáticas e criando condições de reprodução das espécies em cativeiro.
O projecto será implementado de forma faseada, mediante a constituição de uma etapa piloto de dois anos e para já, a ribeira integrada no projecto Falanges é a ribeira do ‘Arade-Odelouca’, um local de primordial importância para a preservação de duas espécies de peixes endémicos do sudoeste de Portugal, que estão no Arade há oito milhões de anos, e que possuem o estatuto de ‘Criticamente em Perigo’ de extinção: a Boga-do-Sudoeste (Iberochondrostoma almacai) e o Escalo-do-Arade (Squalius aradensis).
Projecto apresenta diversos objectivos
São muitos os objectivos vincados pelo Falanges, nomeadamente a avaliação da influência de factores ambientais e actividades antropogénicas; a monitorização e manutenção da vegetação ripícola, de modo a favorecer a instalação de refúgios térmicos adequados à salvaguarda das populações endémicas de peixes e a preservação ex-situ de conjuntos genéticos de organismos fluviais ameaçados.
O projecto também será muito importante no que diz respeito a uma vertente sensibilizadora da população algarvia para as questões ambientais, através de alterações de comportamentos ao nível da utilização racional do recurso água, e para a preservação das ribeiras em particular. Para conseguir realizar mais este objectivo, a Águas do Algarve vai implementar um extenso programa de comunicação e sensibilização ambiental, centrado na importância dos serviços prestados por estes ecossistemas, do seu papel no ciclo urbano água, e na necessidade de preservar a diversidade biológica da região do Algarve.
Quercus e Zoomarine são parceiros importantes
Falanges assenta em três componentes principais: Técnico-Ambiental, Social/Educacional e Científica, e pretende chegar a vários intervenientes, abrangendo um conjunto de ribeiras em todo o Algarve, num espaço de oito anos.
Neste sentido, o protocolo que a Águas do Algarve estabeleceu com a Quercus e com o Zoomarine é fundamental para atingir os vários objectivos do projecto. A Quercus dará o apoio necessário ao programa de reprodução de populações de Escalo-do-Arado e Boga-do-Sudoeste, aproveitando o Know How do Centro de Biociências do ISPA e as instalações operacionais da Quercus, e o Zoomarine que irá apoiar a implementação de um programa piloto de reprodução de Barbo-do-Sul no Algarve.
Envolvimento da população é essencial
O envolvimento de outros parceiros, a nível nacional, neste projecto ambiental, é de extrema importância para que se consiga reestabelecer a ligação das populações com as ribeiras, de forma a reconhecerem-lhes a sua relevância para a qualidade de vida da região, nas suas diversas vertentes, e sensibilizando para a evidente conexão entre as ribeiras e a qualidade dos seus ecossistemas com o ciclo urbano da água e a actividade da Águas do Algarve, S.A.
Nos últimos anos, em parceria com a comunidade científica, a Águas do Algarve tem vindo a promover o desenvolvimento de diversos estudos e monitorizações para a caracterização dos ecossistemas, de modo a que estes trabalhos possam aumentar o conhecimento que existe sobre o património natural da região.
Neste momento, os Sistemas Multimunicipais de Abastecimento e de Saneamento de Água estão em fase de consolidação, existindo todo um conjunto de responsabilidades inerentes à exploração dos mesmos, nomeadamente no que se refere à rede de Ribeiras do Algarve. A Águas do Algarve reconhece as elevadas pressões existentes sobre estes cursos de água, a vários níveis, e o envolvimento das populações locais é essencial para a melhoria das condições dos ecossistemas ribeirinhos do Algarve.
(Cátia Marcelino / Henrique Dias Freire)