Quando se iniciou o verão, recordou-se que as temperaturas elevadas podem descompensar as doenças crónicas, impõe-se sempre a prudência. Estes alertas incidem particularmente não só em quem viaja mas para quem vai para curtos períodos de férias: nunca interromper o tratamento sem indicação médica (recomendação que é válida para todo o ano), compete sempre ao médico proceder a adaptações do tratamento; levar a quantidade de medicamentos suficiente, juntar-lhe mais alguns dias, sempre a pensar em eventuais percalços no regresso (recorde-se do inusitado de ficar num aeroporto dias a fio); quando viajar de avião, colocar os medicamentos na bagagem de mão e levar uma declaração médica que descreva a necessidade de transportar medicamentos, lembre-se do controlo de segurança nos aeroportos, com o rigor dos líquidos e tamanho das embalagens. Como ainda há muitos seniores em férias, retoma-se o tema.
Falando de doenças crónicas, recorde-se os cuidados a ter em quem é cardíaco, diabético ou sofre de doença respiratória. O cardíaco deve estar atento aos sinais de alerta ou descompensação da doença, deve conhecer os sintomas que podem indicar a suspeita de AVC ou enfarte do miocárdio. No caso do AVC, desvio da face/boca de lado; falta de força e/ou dormência num braço ou perna; dificuldade em falar/sorrir; também pode ocorrer dor de cabeça, alteração da visão e da memória. No caso de enfarte, são estes os sinais: dor apertada no peito com uma sensação de esmagamento, e que não se acalma mesmo quando a vítima se põe em repouso; irradiação da dor para o braço, pescoço, mandíbula ou costas; dificuldade em respirar; pele pálida, pegajosa ou suada; desconforto abdominal, náuseas e vómitos. Obviamente que o cardíaco deverá evitar esforços físicos nas horas mais quentes do dia.
Veja-se a prudência e cuidados a tomar por parte do diabético. Em primeiro lugar, evitar expor a insulina ao calor. Falando com o seu médico ou o seu farmacêutico, o profissional de Saúde alerta-o para o facto de que a insulina nunca deve ser deixada dentro do carro ou colocada na bagagem do porão. Em segundo lugar, há que vigiar a glicémia com mais frequência, o seu médico ajuda-o a ajustar a terapêutica e esclarece-o que deve levar para férias um medidor de glicémia, as lancetas, as tiras-teste, as agulhas, as seringas, etc. E, claro está, nunca esquecer de cuidar os pés e manter-se bem hidratado.
O doente do foro respiratório deve estar prevenido para as crises, saber o que é indispensável ter sempre à mão, logo os inaladores prescritos por médicos para estas ocasiões; adicionalmente, se o utente utilizar uma câmara expansora, esta deve ser incluída na mala de viagem. Também o seu medico ou farmacêutico podem ajudá-lo a conhecer melhor os fatores a que é sensível, ajuda-se o utente a identificar e a reforçar que devem ser evitados fatores de risco para a exacerbação da doença. Estes mesmos profissionais de saúde devem alertá-lo em todas as circunstâncias de que a doença respiratória deve estar controlada quer para os sintomas quer para as agudizações.
Entrámos num outono suave, as temperaturas são cálidas e o doente crónico ganha predisposição para aproveitar este calor e os centros de férias com menos gente, anda-se mais à vontade. Mas não interrompa o tratamento, cuide do transporte dos seus medicamentos, conheça e não esqueça os sinais de alerta das suas doenças, saiba como prevenir as crises, evite expor os seus medicamentos ao calor e em doenças tão singulares como a diabetes proceda como no ano inteiro: vigie a glicémia com frequência, cuide dos pés e mantenha-se bem hidratado. Procedendo assim, vai gozar estas férias fora do verão com muito mais segurança e a satisfação de ter uma vida com a qualidade possível. Oxalá que assim aconteça.