O Twitter aceitou na segunda-feira a proposta de compra do empresário Elon Musk no valor de 44 mil milhões de dólares (41 mil milhões de euros). O fundador da Tesla já admitiu que pretende fazer mudanças na plataforma, tornando-a “melhor do que nunca”.
O homem mais rico do mundo quer potenciar a rede social Twitter “com novas funcionalidades, tornando os algoritmos de fonte aberta para aumentar a confiança, derrotar os bots [perfis falsos] de spam [mensagens não solicitadas], e autenticar todos os humanos”.
Elon Musk também pretende acabar com a censura na rede social, mas a sua visão para o novo rumo da plataforma está a preocupar alguns grupos de direitos humanos. Consideram que a falta de moderação pode levar a um aumento do discurso de ódio e temem o poder que essa decisão daria a Musk, que se autodenomina “absolutista da liberdade de expressão”.
“Estamos preocupados com quaisquer medidas que o Twitter possa tomar para corroer a aplicação das políticas e dos mecanismos projetados para proteger os utilizadores”, disse a Amnistia Internacional numa publicação na rede social.
Acrescenta ainda que “a última coisa de que precisamos é um Twitter que intencionalmente fecha os olhos perante discursos violentos e abusivos contra utilizadores, particularmente aqueles mais impactados desproporcionalmente, incluindo mulheres, pessoas não-binárias e outros”.
Para o fundador da Tesla, as políticas da plataforma de moderação de conteúdo têm de ser alteradas, justificando que a rede social precisa de ser um fórum genuíno para a liberdade de expressão.
IRÁ DONALD TRUMP REGRESSAR AO TWITTER?
O ex-Presidente norte-americano foi banido da rede social no ano passado, depois de no dia 6 de janeiro ter realizado um comício para os seus apoiantes, pouco antes do ataque, no qual encorajou a multidão a marchar sobre o Capitólio e a lutar para impedir a validação do resultado eleitoral.
No entanto, mesmo que a sua conta seja restabelecida após a compra da plataforma pelo empresário Elon Musk, Donald Trump não voltará à rede social, disse na passada segunda-feira. Em declarações à Fox News, revelou que irá aderir formalmente à rede social que o próprio criou, a Truth Social, nos próximos sete dias.
Ainda assim, Ming-Chi Kuo, analista de tecnologia da empresa de gestão de investimentos TF Internacional Securities, admitiu à BBC a possibilidade de Donald Trump regressar à plataforma caso decida concorrer, em 2024, às eleições presidenciais dos EUA.
“Não é fácil construir uma plataforma com mais influência que o Twitter antes da próxima eleição presidencial”, justificou o analista.
UTILIZADORES VÃO DEIXAR A REDE SOCIAL APÓS NOVAS POLÍTICAS?
Alguns utilizadores já se sentiram tentados em abandonar a rede social, enquanto que outros chegaram mesmo a fazê-lo.
Jameela Jamil, atriz britânica – conhecida pelo seu papel na série The Good Place -, foi uma das que se pronunciou sobre a nova liderança. A atriz desabafou com os seus seguidores e referiu temer que esta ideia de um discurso livre “se torne um espaço ainda mais sem lei, de ódio, xenófobo, preconceituoso e misógino”.
Também Caroline Orr Bueno, uma investigadora pós-doutorada na Universidade de Maryland, disse aos seus 450 mil seguidores, que irá continuar, por enquanto, na plataforma, mas que “nunca se sabe como será sob a liderança de Elon Musk”.
“O que sabemos é que, se todas as pessoas decentes saírem, as coisas vão ficar más por aqui mais rápido”, escreveu no Twitter.
COMPRA DO TWITTER JÁ PROVOCOU REAÇÕES DE POLÍTICOS
Na segunda-feira, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse aos repórteres que o Presidente Joe Biden “há muito que se preocupa com o poder das grandes plataformas da mídia social”, independentemente de quem possui ou dirige o Twitter.
Elizabeth Warren, senadora democrata, também se pronunciou, dizendo que o acordo era “perigoso para a nossa democracia” e que pressionava “regras fortes para responsabilizar a Big Tech”. Já Marsha Blackburn, senadora republicana, saudou as novas políticas de Elon Musk como “um dia encorajador para a liberdade de expressão”.
- Texto: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL