Os pescadores algarvios mostraram-se hoje satisfeitos com a possibilidade de aumento da quota de sardinha este ano das 10 mil para as 30 mil toneladas anunciada pelo ministro do mar.
“Isto é extremamente positivo para o setor e para toda a cadeia de valor envolvida na pescaria da sardinha”, afirmou à Lusa o presidente da Olhãopesca – Organização de Produtores de Pesca do Algarve.
Miguel Cardoso sublinhou à Lusa que o anúncio significa que a possibilidade de pescar sardinha “vai aumentar” e confirma o que o setor vem dizendo há algum tempo, que o recurso estava “em franca recuperação, fruto dos sacrifícios e contingências implementadas”.
Para o dirigente, este é um aumento “aguardado há muito tempo” pelos pescadores, possibilitando aliviar “algumas restrições” e poder pescar sardinha durante “mais algum tempo” ao longo do ano.
O ministro do Mar revelou esta sexta-feira que a captura de sardinha em Portugal poderá aumentar para até 30.000 toneladas já este ano, após o parecer científico do Conselho Internacional para a Exploração do Mar.
Ricardo Serrão Santos indicou que a avaliação científica revelou uma recuperação da biomassa, mas realçou que é importante manter a sustentabilidade do recurso, enaltecendo o contributo do setor das pescas para os resultados hoje divulgados.
O presidente da Cooperativa dos Armadores Pesca do Barlavento – Barlapescas – revelou à Lusa satisfação pela notícia, já que os cientistas “deram razão aos pescadores que diziam que havia muita sardinha no mar”.
A preocupação de Mário Galhardo concentra-se na atual situação de pandemia e na relação entre “a quantidade pescada e o consumo”, podendo haver “um excesso de peixe e uma eventual quebra no seu valor”.
Sendo uma espécie muito importante para os pescadores algarvios, realçou que na região “não há” fábricas de conserva, o que pode gerar problemas se houver excesso de captura e solicitou ao setor conserveiro que se “sente à mesa” com os pescadores e armadores para que se possa encontrar uma solução.
O dirigente revelou, no entanto, que as associações de produtores fazem um acompanhamento regular das capturas e poderão limitar as quantidades diárias, caso o valor de venda desça excessivamente.
Preocupação semelhante revelou o presidente da associação de armadores e pescadores de Quarteira (Quarpesca), apontando que os barcos “começam todos a trabalhar na mesma altura” o que gera um “impacto negativo no mercado” criando muitas vezes um preço que não é o “esperado”.
O dirigente destacou, contudo, que é uma notícia “positiva” para o setor e um resultado dos “sacrifícios” que tem feito ao longo dos últimos anos para que se pudesse gerir essa quota.
O parecer do Conselho Internacional para a Exploração do Mar indica que as capturas de sardinha em Portugal e Espanha não devem ultrapassar as 40.434 toneladas este ano, prosseguindo agora o diálogo entre os dois países para definir as exatas possibilidades de pesca.
A negociação será entre as 27.000 e as 30.000 toneladas, uma vez que Portugal é responsável por 66,6% da quota de pesca da sardinha, enquanto Espanha fica com os restantes 33,3%.