O Parlamento britânico decide na próxima quinta-feira se o primeiro-ministro, Boris Johnson, deve ser investigado por ter alegadamente mentido aos deputados sobre as “festas” que violaram as restrições da pandemia covid-19, foi anunciado esta terça-feira.
O presidente da Câmara dos Comuns, Lindsay Hoyle, revelou ter autorizado o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, a propor um debate e votação para que a questão seja alvo de um inquérito parlamentar. Ausente deverá estar Boris Johnson porque tem previsto iniciar uma viagem oficial à Índia no mesmo dia.
Uma decisão favorável implica o apoio de membros do Partido Conservador, que tem uma maioria absoluta.
Hoyle disse que não lhe cabe dizer se o código de conduta foi transgredido ou se o primeiro-ministro desrespeitou o Parlamento, mas entende que deve dar “oportunidade aos deputados para avaliarem” a proposta de Starmer.
A comissão parlamentar dos Privilégios vai investigar e produzir um relatório sobre a questão, que depois terá de ser votado pelos deputados.
A oposição acusa Johnson de ter mentido deliberadamente no Parlamento, ao afirmar repetidamente que não tinha violado as restrições impostas para travar a propagação do coronavírus de proibir ajuntamentos numerosos em espaços abertos ou fechados.
Na semana passada, o primeiro-ministro, a mulher, Carrie Johnson, e o ministro das Finanças, Rishi Sunak, foram multados por terem participado numa festa de aniversário de Boris Johnson a 19 de junho de 2020, quando o país ainda estava sob confinamento.
Outros ajuntamentos em 2020 e 2021, a maioria em Downing Street, a residência e escritório oficiais do chefe do Governo, continuam sob investigação policial, escândalo que a imprensa denominou de “Partygate”.
As normas ditam que um político deve demitir-se se mentiu deliberadamente na Câmara dos Comuns, mas nada obriga Johnson, que vai hoje fazer uma declaração sobre o assunto, a fazê-lo.