O incêndio de Castelo Branco mantém-se ativo há seis dias no terreno. Este domingo volta a ser dia de calor, o índice de risco de incêndio é elevado e a Proteção Civil reforçou os meios disponíveis a Sul, com equipas de reforço.
O interior do país está em alerta meteorológico laranja e a Proteção Civil destacou uma coluna de reforço de bombeiros “que vai ficar estacionada em Almodôvar”, confirmou ao Expresso Rodrigues Bertelo, oficial de ligação no Comando Nacional de Operações de Socorro.
A situação mais grave, “mas que não oferece risco”, decorre em Castelo Branco onde um fogo, que começou no dia 7, tem registado reacendimentos e ainda não foi dado como extinto. O fogo de S. Vicente da Beira, em Castelo Branco, ocupa a esta hora 46 bombeiros e 16 viaturas, meios que estão a ser reforçados desde o princípio da manhã, que procuram consolidar o rescaldo e dar o incêndio como extinto. Um responsável na frente de incêndio explicou ao Expresso que a situação “é de acalmia, mas a área é muito grande e decorrem operações para eliminar pontos quentes e consolidar o rescaldo”.
A Proteção Civil não o considera extinto e classifica-o como estando em “conclusão”.
No conjunto do país estão disponíveis 285 viaturas e 699 operacionais, dos bombeiros, GNR e sapadores florestais, para reforço no combate às chamas.
Três destes grupos estão destacados desde sexta-feira
Três destes grupos estão, desde sexta-feira, destacados no Algarve, Castelo Branco e Vila Real.
Além de um grupo de reforço para cada distrito, existem ainda mais 27 grupos que podem ser projetados para locais onde a capacidade local não seja suficiente para o combate ao fogo.
Pela primeira vez estes grupos contam com um elemento de ligação, no distrito para onde são deslocados. Uma inovação que permite resolver dificuldades no reconhecimento e no acesso para os locais de incêndio.
Destes grupos há “brigadas da Força Especial de Proteção Civil destacados em Guimarães, Trancoso, Proença-a-Nova e Almeirim, onde está também disponível uma equipa de reconhecimento e análise”, detalhou Rodrigo Bertelo.
Desde que foi elevado o nível de alerta, a 10 de junho, o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas registou 110 incêndios e 45 hectares de área ardida, onde ainda não está incluída a floresta queimada em Castelo Branco.
Já neste domingo foram registados 8 fogos, dos distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto e Beja, seis dos quais estão extintos.
Beja, Castelo Branco, Guarda, Évora, Portalegre e Bragança são os distritos que o Instituto Português do Mar e da Atmosfera elevou o alerta para “laranja”, devido à subida das temperaturas.
Desde o início do ano arderam já 10698 hectares, um sexto do que é expectável que venha a arder em 2022, de acordo com o Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos. Este plano aponta como “limite aceitável” 60 mil hectares de área ardida no conjunto do ano.
Chamas consumiram 28.415 hectares em 2021, menos 78% que média da década anterior
30% das terras não têm um dono definido. E isso dificulta a prevenção e combate aos incêndios
Cerca de um terço dos mais de 11 milhões de prédios rústicos existentes em Portugal faz parte de “heranças indivisas”, ou seja, são propriedades que podem ter meio hectare e pertencer a cinco herdeiros sem que nenhum se responsabilize pela floresta que aí existe. E isto é “um obstáculo à promoção da gestão ativa da floresta”, aponta ao Expresso Tiago Oliveira, presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF).
A AGIF defende que o regime sucessório tem que ser alterado na promoção da gestão da floresta e combate a incêndios.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL