A obesidade nas últimas décadas apresenta-se como uma das principais epidemiologias presentes na sociedade moderna, sendo uma realidade nos países em desenvolvimento e desenvolvidos. (Demongeot & Taramasco, 2014). Segundo a World Health Organization (WHO, 2015) é uma doença crónica que constitui um problema grave para a saúde pública, sendo a sua prevalência em crianças e adolescentes. Esta prevalência tem vindo a aumentar e 80% destes adolescentes serão obesos (Fonseca & De Matos, 2005).
A WHO (2014) diz que um em cada dez rapazes de 11 anos é obeso e o risco é maior de contrair diabetes de tipo 2, asma, dificuldades em dormir, problemas músculo-esqueléticos e doenças cardíacas, além de dificuldades na escola, problemas psicológicos e isolamento social. Recentemente comprovou-se que a prevalência da obesidade nos adolescentes tem vindo a aumentar em Portugal (Viveiro, Brito, & Moleiro, 2016).
Portugal é dos países europeus com mais excesso de peso infantil.
Estima-se que em 2020 a obesidade afete 21% dos portugueses e 22% das portuguesas, valores que sobem em 2030 para 27% e 26% em ambos os sexos (WHO, 2014). Portugal está entre os países com piores indicadores: aos 11 anos, 32% das crianças têm peso a mais. A médio prazo é expectável que 30% a 50% das crianças se tornem obesas na idade adulta. A faixa etária não pode ser desvalorizada, quando falamos de obesidade. Com o envelhecimento da população, a prevalência da obesidade aumenta.
A obesidade, atualmente, é um dos factores de risco com maior impacto em inúmeras patologias presentes na sociedade, nomeadamente, as doenças cardiovasculares: a doença das artérias coronárias, a insuficiência cardíaca, o enfarte do miocárdio, a disfunção ventricular, arritmias cardíacas, diabetes tipo II, alguns tipos de cancro, dislipidémia, entre muitas outras (Gibson-Moore, 2012). Para além das doenças mencionadas, a obesidade também aumenta as complicações para a saúde, como por exemplo, uma perceção de bem-estar e qualidade de vida debilitada (Wirth, Wabitsch, & Hauner, 2014).
Nutrição e exercício
A alimentação e o exercício físico são primordiais na resolução de problemas como a obesidade, independentemente da idade, estrato social ou diferenciação e por norma caminham lado a lado, para que resultados satisfatórios sejam obtidos tanto em moda como hoje. Facilmente lemos, ouvimos e vemos estas associações diariamente, mas continuamos a ser um país em que mais de metade da população tem excesso de peso e as crianças fazem parte das que mais tem excesso de peso. É importante pensar seriamente nestas duas questões e fazemos alguma coisa para promovermos saúde pública.
Os dados são alarmantes e para quem é obeso o sofrimento é muito grande. A luta é constante, a cada dia, a cada refeição, a cada confronto com o espelho, com o próprio roupeiro, porque nada fica bem e o maior problema de todos, enfrentar o mundo.
O sofrimento psicológico é um dos efeitos mais preocupantes que a obesidade manifesta, principalmente na adolescência devido as transformações bio-psico-sociais desta fase de desenvolvimento, sendo determinante no aparecimento de perturbações que podem afetar uma vida. Estas perturbações incluem as de natureza emocional, como a depressão e ansiedade, frequentemente associadas à ingestão excessiva de alimentos (Apfeldorfer, 1997; cit. por Pereira, 2007; Silva et al., 2008) automutilações e tentativas de suicídios, comportamentos de risco ao nível do abuso de substâncias, da sexualidade e do comportamento alimentar, como sejam dietas altamente restritivas e bulimia (Kiess et al., 2001) e fraca qualidade de vida (Daniels et al., 2005).
Actividade física e Exercício físico
Antes de mais é importante definir bem estes conceitos uma vez que existe muita controvérsia sobre eles. A atividade física (AF) é definida como qualquer movimento corporal produzido pela contração músculo-esquelética que resulta num aumento do dispêndio energético enquanto o exercício físico (EF) é um tipo de actividade que consiste em movimentos planeados, estruturados e repetitivos com o objetivo de melhorar e/ou manter uma ou mais componentes da capacidade física (ACSM, 2014).
Alguns benefícios de uma prática regular de AF são:
- Melhorias na função cardiovascular e respiratória;
- Redução dos factores de risco para doenças cardiovasculares;
- Diminuição da ansiedade e depressão;
- Melhoria na função cognitiva;
- Melhoria na capacidade funcional e independência em idosos;
- Sentimento de bem-estar
A prática de AF regular diminuí os riscos derivados da obesidade melhorando a nossa capacidade cardiorrespiratória. Além disso, reduzimos ainda mais os riscos através do controlo peso e melhoria da saúde em geral.
A prescrição do exercício é adequada para adultos aparentemente saudáveis, em que o objetivo passa por melhorar a capacidade física e simultaneamente a sua saúde, podendo ser aplicada a adultos com certas doenças crónicas, incapacidades ou outras condições, quando monitorizados de forma apropriada, para a maioria dos adultos, um programa de exercícios deve incluir exercícios aeróbios, de resistência e força muscular, flexibilidade e exercícios neuromotores (ACSM, 2014).
Conclusão
É preciso intervir o quanto antes para lutarmos contra esta epidemia e sensibilizar para todos os problemas associados à obesidade e excesso de peso, entre os quais se destacam as doenças cardiovasculares e diabetes mellitus. Entre as principais causas para os elevados níveis de obesidade estão maus hábitos alimentares, pouca actividade física e comportamentos sedentários.
É necessário aumentar a actividade física, principalmente nas crianças e sensibilizar os pais para a redução de horas excessivas em frente aos computadores e videojogos não ultrapassando as duas horas diárias.
Uma criança melhor será é um adulto melhor!
Temos que intervir com equipas multidisciplinares: no âmbito da modificação comportamental, do aconselhamento nutricional e da prática de actividade física e exercício físico. É necessário adotar um estilo de vida saudável, para além da perda de peso onde por si só trará inúmeros benefícios para a saúde e para o bem-estar individual.
Se formos mais seremos melhores!
Com este acompanhamento conseguimos intervir em todas as áreas fulcrais sendo é necessário definir metas razoáveis e reais a longo prazo para que esta doença deixe de ser crónica e consigamos ter uma vida mais saudável.
Temos que aumentar o consumo de vegetais, frutas e grãos integrais, não esquecendo as fibras alimentares, antioxidantes para a prevenção de doenças cardiovasculares. Manter o peso saudável aleado de actividade física regular (Hazinski et al., 2015).
Actualmente, o American College of Sports Medicine (ACSM, 2014), a World Health Organization (WHO, 2015) e o Centers of Disease Control And Prevention (CDC, 2007) recomendam que as pessoas adultas pratiquem um mínimo de 30 minutos de actividade física moderada.
A actividade física regular ao longo de meses e anos pode produzir benefícios de saúde a longo prazo.