É a mais comum das perturbações gastrintestinais, é popularmente conhecido como prisão de ventre. Convém desde já referir que não há uma regra universal para o funcionamento intestinal. No caso da prisão de ventre, ela carateriza-se por evacuações incómodas, por emissão de fezes duras, pela sensação persistente de mal-estar e desconforto, podendo haver necessidade de recorrer a medicamentos para ajudar a evacuação. Importa notar que na maioria dos casos esta situação deve-se a erros habituais no estilo de vida (fraca ingestão de alimentos com fibras, insuficiente ingestão de água, abuso de alimentos sem resíduos, falta de exercício físico e até o abuso dos laxantes). Quais são as suas causas: são nomeadamente a falta de ingestão de alimentos com fibras, de beber água em abundância e de praticar regularmente atividade física. Mas atenção, o aparecimento da prisão de ventre também pode ficar a dever-se a um conjunto de doenças e até à toma de certos medicamentos. Doenças neurológicas (caso da esclerose múltipla ou da Parkinson, por exemplo), doenças metabólicas (como a diabetes, o hipotiroidismo ou a insuficiência renal, entre muitas outras), e doenças do intestino ou do ânus podem contribuir para a prisão de ventre. Dentro dos medicamentos que podem favorecer a obstipação há que destacar os antiácidos (cálcio e alumínio, por exemplo), medicamentos para as cólicas, anticonvulsivantes, alguns antidepressivos, analgésicos, diuréticos, calmantes, certas benzodiazepinas, alguns anti-hipertensores e os próprios laxantes (porque eliminam todos os resíduos intestinais).
Mas dentro desta ampla versatilidade de situações, temos também os casos de prisão de ventre crónica que decorrem da indisciplina nas idas à casa-de-banho, os maus hábitos alimentares e a vida sedentária. O próprio stress pode favorecer um quadro crónico. Uma prisão de ventre crónico torna obrigatória a ida ao médico (tal como uma prisão de ventre que surja subitamente, sem explicação, e acompanhada de dores agudas).
A prisão de ventre não escolhe idades, mas há que relevar certos grupos: crianças, idosos, grávidas e mulheres a amamentar. Recorde-se que a mulher, durante o período menstrual, pode ter uma prisão de ventre ligeira de origem fisiológica (é um período em que o organismo retém uma grande quantidade de água, pelo que é imperioso beber-se mais); durante a gravidez, a prisão de ventre é igualmente frequente devido simultaneamente à secreção de hormonas e à compressão exercida pelo útero; nos seniores, a prisão de ventre pode tornar-se facilmente crónica devido aos erros alimentares e à falta de atividade física; são atreitas à prisão de ventre as crianças que não bebem suficientemente água, leite ou outros líquidos, e que têm um regime pobre em fibras. Há casos de prisão de ventre quando a criança muda de aleitamento materno para o leite de vaca, ou passa a comer alimentos sólidos. Isto para dizer que a prisão de ventre é bastante comum nas crianças, pelo que é importante os pais estarem atentos ao regime alimentar, à ingestão de líquidos e à necessidade de as habituar às idas à casa de banho.
Podíamos agora ir falar dos laxantes mas lembra-se ao leitor que não há melhor remédio que a prevenção da prisão de ventre, e aquela tem a ver com a alimentação com fibras, a quantidade de líquidos, a vida ativa, tudo isto somado é mesmo a melhor prevenção contra a prisão de ventre.