A Diabetes Mellitus é uma doença crónica caracterizada pela presença de níveis elevados de glicose no sangue. Esta condição deve-se principalmente a distúrbios no metabolismo dos hidratos de carbono (vulgarmente designados por açucares), lípidos e proteínas, resultantes de problemas na secreção de insulina pelo pâncreas e/ou acção desta hormona nas células. Sendo uma das principais causas de morbilidade crónica e diminuição da qualidade de vida, é também responsável por um número elevado de consultas e internamentos hospitalares. Em termos económicos, estima-se que o custo do controlo e tratamento da diabetes em Portugal seja de cerca de 10% do orçamento para a Saúde (aproximadamente 1500 milhões de euros).
Os tipos de diabetes
Existem vários tipos de diabetes, sendo que os mais comuns são a Diabetes tipo I, tipo II e a Diabetes gestacional. No caso da diabetes tipo I (5-10% dos diabéticos), cujo diagnóstico é mais comum na infância e adolescência, é uma doença auto-imune que resulta da destruição das células do pâncreas responsáveis pela produção e secreção de insulina. Deste modo, a administração de insulina torna-se indispensável para a sobrevivência.
Já a Diabetes tipo II, a forma mais frequente, está geralmente associada a factores de risco como a obesidade, sedentarismo, tabagismo e níveis elevados de colesterol. Nestes casos, existe uma acção diminuída da insulina nas células e a sua produção poderá ou não estar afectada.
Controlo dos factores de risco
A Diabetes gestacional caracteriza-se pela presença de hiperglicémia detectada pela primeira vez na gravidez. Acontece em cerca de 7% das grávidas, o seu risco aumenta com a idade e está ligada a alterações hormonais na gravidez que afectam a acção da insulina.
O consumo de medicamentos para o tratamento da diabetes tem vindo a aumentar ao longo dos anos, mas a doença está longe de ser controlada. O tratamento, para além da medicação, deve incidir no controlo de todos os factores de risco associados à doença. Ao nível da Farmácia Comunitária, o seu farmacêutico pode ajudar no controlo da diabetes através da avaliação da adesão à terapêutica, das interacções medicamentosas e gestão das reacções adversas. Para além disso, pode auxiliar na educação do doente diabético para a autovigilância dos valores de glicose no sangue e na gestão de outros factores de risco associados, através da monitorização da pressão arterial, do controlo de peso e educação alimentar, na cessação tabágica e na promoção da prática de exercício físico.
Riscos associados à diabetes
Apesar de silenciosa, a longo prazo, a diabetes pode originar um conjunto de complicações sérias no organismo como a perda de visão (retinopatia diabética), insuficiência renal (nefropatia diabética), problemas cardiovasculares (enfartes e AVC’s) e úlceras ou amputação dos membros inferiores (pé diabético). É assim de extrema importância que todas as pessoas diagnosticadas com diabetes sejam avaliadas pelo menos uma vez por ano para prevenção e detecção precoce destas complicações.
Contudo, mais importante que o tratamento e acompanhamento dos doentes diabéticos, é a prevenção e detecção precoce da doença. Neste âmbito, são de extrema importância as campanhas de sensibilização e rastreios promovidos pelos profissionais de Saúde.