Adriano Moreira morreu na manhã deste domingo. A notícia foi avançada pelo “Diário de Notícias” e confirmada pelo CDS, partido que liderou. O advogado, académico e ensaísta foi ministro do Ultramar no Estado Novo e membro do Conselho de Estado. A 6 de setembro completou 100 anos.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA DIZ QUE ADRIANO MOREIRA FOI “TUDO OU QUASE TUDO”
O Presidente da República destacou que, “durante 100 anos”, Adriano Moreira foi “tudo ou quase tudo: académico, mestre de civis e militares, lutador pela liberdade e democracia, reformador impossível em ditadura – ainda assim, revogando o estatuto do indigenato –, exilado, regressado, presidente de um partido político [o CDS], vice-presidente da Assembleia da República, conselheiro de Estado”.
Marcelo Rebelo de Sousa lembrou ainda que Adriano Moreira “atravessou dois regimes, andou pelo mundo, deixando discípulos, defendendo a nossa língua, a nossa cultura, a nossa pátria comum – sempre com inteligência, com brilho, com tenacidade, com orgulho transmontano, com orgulho português”.
“Os portugueses, pela minha voz, agradecem-lhe 100 anos de vida, 100 anos de obra, 100 anos de serviço a Portugal”, concluiu o chefe de Estado numa curta declaração a partir do Palácio de Belém.
LÍDER DO CDS FALA EM “PERSONALIDADE FUNDAMENTAL DOS SÉCULOS XX E XXI”
Nuno Melo, atual presidente do CDS, começa por lamentar “profundamente” a morte de Adriano Moreira. “Mas, ao mesmo tempo, acho que o melhor tributo que lhe podemos fazer é recordar o percurso de vida enquanto figura maior do CDS e personalidade fundamental dos séculos XX e XXI em Portugal”, acrescenta, em declarações ao Expresso.
“Uma pessoa que marcou cada lugar por onde passou numa vida cheia de trabalho e serviço, ao nível do pensamento, da visão geopolítica, dos livros, de páginas relevantes enquanto governante, parlamentar e líder partidário, enquanto professor universitário, e também nas Nações Unidas. Todos estes exemplos fazem com que lhe devamos prestar a homenagem que é justa e que nos fica como referencial”, conclui Nuno Melo.
“GRANDE FIGURA DA DEMOCRACIA”, “‘GRAND SEIGNEUR’” E VOTO DE PESAR ANUNCIADO
“Adriano Moreira ficará como uma grande figura da democracia portuguesa, que o soube reconhecer e integrar”, escreveu o presidente da Assembleia da República no Twitter. “Foi a democracia que o fez deputado e líder partidário, e mestre de várias gerações. Por sua vez, ele ajudou a democracia a situar-se na continuidade histórica de Portugal”, acrescentou Augusto Santos Silva.
Para o presidente do PS, Adriano Moreira foi “uma referência da vida política portuguesa e um académico, um especialista em Relações Internacionais, em Segurança e Defesa Nacional, que fez escola e deixou obra relevante”. “Depois de uma colaboração influente com o regime anterior”, prossegue Carlos César em mensagem publicada no Facebook, “encontrou-se com o Portugal Democrático em que participou ativa e construtivamente”.
Luís Montenegro, presidente do PSD, descreveu no Twitter Adriano Moreira como “um ‘grand seigneur’ da academia e da política portuguesa”. “Deixa-nos um legado riquíssimo de pensamento sobre valores e princípios sociais. Expresso à sua família e ao CDS o nosso profundo pesar e solidariedade”, acrescenta o líder social-democrata.
O ministro dos Negócios Estrangeiros apresenta as suas “condolências aos familiares e amigos de Adriano Moreira”. “Ao longo de muitas décadas teve sempre disponibilidade e abertura de espírito para pensar sobre o lugar de Portugal no mundo”, escreveu João Gomes Cravinho, também no Twitter.
Para André Ventura, a morte de Adriano Moreira “deixa-nos a todos mais pobres”. “Um verdadeiro senador da política portuguesa e um pensador incomparável. Esteve dos vários lados da barricada e a todos enriqueceu tanto”, acrescenta o deputado e presidente do Chega, que anuncia que o partido apresentará no Parlamento um voto de pesar.
“Adriano Moreira, tanto para dizer e seria sempre pouco. Um exemplo de serenidade na política, quando incompreendido e quando consensual”, escreve Rodrigo Saraiva, líder parlamentar da Iniciativa Liberal.
“Reconhecido pelos diferentes quadrantes políticos, Adriano Moreira tornou-se uma das personalidades históricas da política do nosso país. À sua família e amigos, as minhas mais sentidas condolências”, diz, por sua vez, a porta-voz e deputada única do PAN, Inês de Sousa Real.
O presidente da Câmara de Lisboa descreve Adriano Moreira como “exemplo excecional de quem até aos 100 anos de vida nos obrigou sempre a pensar”, agradecendo Carlos Moedas o “estímulo que até ao fim nos deu para nos sabermos encontrar como nação e como povo”.
Também Rui Rio reagiu à morte de Adriano Moreira, a quem presta sua “homenagem”, dizendo que “a integridade, conhecimento e valia intelectual” do ensaísta sempre o “impressionaram”. “Fui seu contemporâneo no Parlamento e, mesmo havendo nessa altura personalidades de elevada qualidade e respeitabilidade na Assembleia da República, ele sempre se distinguiu”, recorda o ex-líder do PSD.
O CDS, a que Adriano Moreira presidiu entre 13 de abril de 1986 e 31 de janeiro de 1988, mudou a fotografia de perfil no Facebook para negro, em sinal de luto.

Francisco Camacho, presidente da Juventude Popular, escreveu no Facebook que “um dos nossos maiores partiu”. “Foi um privilégio para mim, e seguramente para outros milhares, ter apreendido tanto com as palavras e o testemunho de Adriano Moreira. Toda a sua carreira pública, na política, na ciência e na academia, nos inspira, mas é pelos seus valores humanistas que continuará vivo entre nós”, acrescentou o líder da jota centrista.
Em atualização
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL