A ministra da Saúde, Marta Temido, garantiu ontem que as escalas “estão asseguradas” no Centro Hospitalar Universitário do Algarve – Hospital de Faro, frisando haver um “número significativo adicional” de médicos.
“A presidente do Centro Hospitalar Universitário do Algarve já esclareceu numa nota à comunicação social, e já deu conta que as escalas estão asseguradas”, disse Marta Temido, acrescentando que há “um numero significativo adicional de médicos no Centro Hospitalar Universitário do Algarve”.
Segundo uma notícia do jornal Expresso, os cirurgiões do hospital de Faro recusam fazer trabalho suplementar no serviço de urgências da unidade algarvia a partir de domingo. A decisão, revela o jornal, foi tomada devido às condições de trabalho “manifestamente deficitárias” que faz com que, na escala de dezembro, haja vários turnos sem qualquer cirurgião nas Urgências.
No entanto, a ministra da Saúde garante haver um “número significativo adicional” de médicos, esperando que “a capacidade organizacional do centro hospitalar também tire bom proveito desses recursos”.
Ao Expresso, Ana Paula Gonçalves, administradora do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, reconheceu as muitas horas que os cirurgiões têm feito nas Urgências de Faro, adiantando que “será feito um reforço da contratação do serviço de médicos externos” além de garantir que “não vai haver turnos sem cirurgiões em dezembro”.
A ministra da Saúde falava aos jornalistas à margem do 5.º Encontro Nacional do Primeiro Episódio Psicótico, que decorreu em Lisboa, organizado pela Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, dedicado ao tema “Priorizar cuidados na doença mental grave: intervenção precoce na psicose”.
Sobre a fuga de médicos para o estrangeiro ser “a mais alta dos últimos quatro anos”
A ministra da Saúde, Marta Temido, considerou não se poder fazer uma ligação direta entre um pedido de certificado para exercer medicina fora do país e a emigração de médicos, avança o Sapo 24.
“Há um número de médicos que pedem o certificado para exercício profissional no estrangeiro, mas é importante referir que o acesso a esse certificado não é necessariamente para emigração, pode ser para o exercício temporário para a realização de um estágio ou de um curso”, disse Marta Temido.
O Expresso deu ontem conta que a fuga de médicos para o estrangeiro “é a mais alta dos últimos quatro anos”, referindo que os clínicos procuram “melhores condições.
De acordo com o jornal, o ano deverá terminar com quase 400 pedidos para exercer no estrangeiro, “pouco menos do que o recorde de 475 registado em 2015.
As razões de quem sai são variadas, de acordo com o Expresso, adiantando, no entanto, que há uma comum a todos: “a degradação das condições de trabalho no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Marta Temido avançou a importância de um esclarecimento por parte da Ordem dos Médicos de forma a que se explique “o que aconteceu às pessoas que pediram esses certificados”, pois no seu entender “há interesse em conhecer a efetiva emigração dos jovens médicos”.
A ministra reconheceu que o fenómeno existe também em Portugal, “pela procura de médicos de outros países, como Brasil ou de países de língua portuguesa”.
“Estando [Portugal] integrado no mercado global é natural que também sinta o fluxo na saída de profissionais de saúde”, acrescentou.
“Importante é não fazer uma ligação direta, porque ela não existe, entre quem pede o certificado de boas práticas para exercício noutro país e a emigração”, reiterou a ministra.
SABER MAIS:
Urgências do hospital de Faro sem cirurgiões a partir de domingo no trabalho suplementar