O presidente da associação, Ricardo Mexia, disse à agência Lusa que “pode haver casos na comunidade” que não estão a ser identificados porque não estão a ser feitos testes.
“Não faz sentido rastrear toda a população, ninguém advoga essa solução, mas os critérios têm de ser alargados”, disse o responsável, citando países como a China ou a Coreia do Sul, onde isso foi feito com bons resultados.
O primeiro-ministro, António Costa, disse na terça-feira na Assembleia da República que a comunidade científica não defende “que deva haver um teste generalizado” a toda a população à covid-19, considerando necessário “utilizar este recurso com conta, peso e medida”.
Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que os testes universais ao coronavírus têm a desvantagem da falsa sensação de segurança, considerando que tem sido útil alargar, mas seletivamente, a realização destas despistagens.
Já hoje, António Costa defendeu que antes das questões do número de testes, ou da aquisição de equipamentos, os portugueses têm de possuir agora uma “enorme disciplina” no cumprimento das regras de higiene e de distanciamento social.
Confrontado pelos jornalistas com críticas sobre o número reduzido de testes realizados no país para diagnóstico do novo coronavírus, o primeiro-ministro disse: “Antes do número de ventiladores nos cuidados intensivos, antes do número de camas para internamento, antes dos testes, acima de tudo temos de ter uma enorme disciplina”.
Ricardo Mexia salientou a necessidade de alargar os testes a pessoas sem agente identificado e lamentou que pessoas com características clínicas compatíveis com a covid-19 mas que não tinham “critérios epidemiológicos” não tenham sido testadas.
“Todas as pessoas que apresentem sintomas deviam ser testadas. Nesta fase era útil”, defendeu o especialista, acrescentando que com “uma política muito restritiva” e não se identificando pessoas infetadas essas pessoas “andam na rua”.
O que a associação tem defendido, assinalou, é que se prescinda do critério epidemiológico, que se testem os profissionais de saúde, as pessoas com pneumonia e com sintomas compatíveis com a covid-19, “mesmo sem linha epidemiológica”.
E depois que se façam amostras à população, de norte a sul. “Estamos a falar de mil testes”, assinalou.
Na semana passada o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, disse em conferência de imprensa: “Não se consegue combater um incêndio com uma venda nos olhos e não conseguiremos travar esta pandemia se não soubermos quem está infetado”, reforçando que a mensagem da OMS a todos os países é simples: “Testar, testar, testar”.
Ricardo Mexia diz que não só a OMS mas muitos cientistas defendem que se façam mais testes.
O novo coronavírus responsável pela pandemia de covid-19 foi detetado em dezembro na China e já infetou mais de 428.000 pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 19.000 morreram.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde indicou hoje que o surto de covid-19 já provocou 43 mortes e 2.995 infetados.