Kamila Lima estava em Paris quando recebeu o telefonema da namorada de Alan Lopes a contar a tragédia. Kamila Lima tem 25 anos. Mora há um ano nos Países Baixos, juntou-se à família que tinha emigrado há oito. A jovem natural de Brasília garante que procurava na Europa a segurança que o Brasil não lhe oferecia. Mas foi aqui que viu o irmão, de 21 anos, morrer assassinado, num crime de uma crueldade impressionante. “Degolou o meu irmão: foi por pura maldade”, avança o Correio da Manhã.
Segundo a mesma fonte Kamila ainda não sabe explicar o que aconteceu. Estava com a mãe e a irmã mais nova em Paris, no último fim de semana, quando recebeu o telefonema da namorada de Alan Lopes. “Ele está morto. Foi o Begoleã que o matou.”
A família de Alan rejeita a hipótese de a vítima ser canibal. Uma tese apresentada pelo assassino, Begoleã Fernandes, de 26 anos, detido em Lisboa, que garantiu que agiu em legítima defesa. A explicação foi dada ao telefone a um amigo a quem disse que matou Alan porque este o queria comer. Disse depois que levava um pedaço de carne na fuga, para provar que era humana. A carne foi apreendida à chegada a Lisboa.
“Nada disto faz sentido. Eu só o vi uma vez, mas sei que o meu irmão o ajudava muito. Também já sabemos que o tal marroquino que era amigo de Alan está vivo. Não conseguimos perceber o que aconteceu, mas ele está a mentir porque o meu irmão nem sequer tem acesso ao talho, como ele diz, para poder matar pessoas. É tudo de doidos”, continua a jovem, que agora tenta apoiar a família. “O meu irmão era uma pessoa muito feliz. A minha mãe disse-lhe várias vezes para ele ter cuidado, para não ajudar desconhecidos, mas ele achava que só fazia o bem e que não havia problema”, conclui a jovem.
Sem documentação, Begoleã vivia do pouco dinheiro que conseguia como estafeta da Uber e do dinheiro que pedia emprestado aos amigos. “Na noite anterior ao homicídio, pediu-me 250 euros para a renda. Ele estava sempre a pedir-nos dinheiro emprestado”, conta Mustafá Baltaci, amigo da vítima mortal.
A irmã mais nova de Alan tem apenas seis anos e está a ser protegida. Não sabe ainda que o irmão morreu, nem sabe dos contornos do crime.
O velório de Alan está marcado para quarta-feira, pelas 14 horas, no Norte de Amesterdão. Haverá uma pequena cerimónia religiosa e o corpo será depois cremado. A família quer levar os restos mortais para o Brasil, revela o Correio da Manhã.