A Universidade do Algarve e a Fundação Oceano Azul estão a avaliar a situação real das Áreas Marinhas Protegidas portuguesas, avaliação que será entregue ao Governo depois da realização em Lisboa da Conferência dos Oceanos da ONU.
“As Áreas Marinhas Protegidas (AMP) são uma ferramenta decisiva para a proteção e recuperação das espécies e habitats marinhos, para garantir um oceano saudável e produtivo no futuro, mas têm de funcionar. Em Portugal, existem diferentes tipos de Áreas Marinhas Protegidas e é necessário saber o que protegem e como, se cumprem os seus objetivos e se protegem de facto a natureza”, disse à Lusa Bárbara Horta e Costa, investigadora do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) da Universidade do Algarve envolvida no projeto.
De acordo com Bárbara Hora e Costa, o documento de avaliação que será entregue ao governo está a ser elaborado a partir dos critérios estabelecidos por um estudo global que produziu o ‘Guia das Áreas Marinhas Protegidas’, uma ferramenta considerada fundamental na caracterização das AMP e que permite aferir “o tipo de proteção existente e a sua potencial eficácia”.
Estas áreas, frisou a investigadora, não são todas iguais, nem têm o mesmo nível de proteção: “O Guia das AMP baseia-se nos níveis de proteção (por exemplo, se se pode pescar ou não) e no estádio de implementação [se a AMP existe ainda só no papel ou se está implementada ‘na água’] e identifica os resultados esperados e as condições de base para que possam funcionar”, indicou.
“A nossa gestão [das AMP] está muito debilitada, porque não temos meios”, alertou Bárbara Horta e Costa, especialista em biologia marinha, em declarações à Lusa.
O CCMAR e a Fundação Oceano Azul estão a colaborar para produzir a avaliação das AMP portuguesas, prometendo, segundo Bárbara Horta e Costa, apresentar os resultados em breve, “logo depois da conferência dos oceanos”.
A equipa que está a produzir o documento integra também os investigadores Jorge Gonçalves (CCMAR) e Emanuel Gonçalves (Fundação Oceano Azul).
A Conferência dos Oceanos das Nações Unidas vai realizar-se em Lisboa entre 27 de junho e 01 de julho e pretende contribuir para o avanço de ações concretas de proteção dos ecossistemas marinhos.