Na quinta-feira, o Governo anuncia as restrições que irá aliviar. Desta vez, Marcelo e Costa não entram por videoconferência, estão presentes no Infarmed, pois é o dia que vai levar decisões importantes.
PCP contra “restrições injustificadas” pede medidas para recuperar atrasos na vacinação
O PCP entende que se deve libertar o país de “restrições injustificadas” face à pandemia e tomar medidas de “dinamização da atividade económica, social, cultural e desportiva”, mas também que permitam recuperar atrasos na vacinação.
“Sem antecipar decisões que o Governo venha a tomar, o que o país precisa é que deixemos de viver em função do horror dos números, se liberte a vida das famílias de restrições injustificadas e se tomem medidas de dinamização da atividade económica, social, cultural e desportiva”, defendeu Jorge Pires, membro da Comissão Política do Comité Central do PCP.
Numa declaração enviada aos jornalistas, o dirigente comunista destacou o que considerou ter sido o reconhecimento hoje na reunião no Infarmed, que voltou a juntar especialistas e políticos para avaliar a situação epidemiológica, “da desadequação da fixação de um conjunto de restrições baseada numa matriz de risco e num conjunto de linhas vermelhas, que serviram sobretudo para justificar a aplicação de medidas restritivas”.
“O que a atual situação epidemiológica reclama, mais do que insistência em restrições, é a adoção de medidas que permitam recuperar atrasos na vacinação, a implementação da testagem e o reforço das equipas de saúde pública fundamental ao rastreio dos novos casos e dos contactos por estes realizados”, sustentou.
BE diz que é “tempo de discutir a forma de ganharmos a normalidade”
O deputado do BE Moisés Ferreira considera que é fundamental acelerar o ritmo de vacinação para mais jovens estarem protegidos contra a covid-19 e não avançar com mais restrições, no âmbito da pandemia.
“Estamos numa nova fase da pandemia em que os impactos estão a ser mitigados pelo plano de vacinação e, por isso, este já não é o tempo de discutir restrições às liberdades individuais, é o tempo de discutir a forma de ganharmos a normalidade na nossa vida sem colocar em risco o controlo da pandemia”, afirmou o deputado bloquista num vídeo de comentário à reunião do Infarmed.
Embora reconheça que será necessário manter ainda medidas de prevenção – como o uso da máscara, distanciamento social, etiqueta respiratória – Moisés Ferreira entende que não faz sentido manter nesta altura restrições horárias ao comércio, à restauração e aos espetáculos culturas, assim como o recolher obrigatório.
Para o deputado do BE, a vacinação é “imperativa” e deve continuar a ser uma “prioridade”, lamentando os “incumprimentos constantes” por parte das farmacêuticas na entrega dos lotes de vacinas. “Portugal já deveria der recebido nos primeiros seis meses mais de 5 milhões de vacinas. É preciso garantir que toda a população acede à vacinação”, acrescentou.
Por último, Moisés Ferreira voltou a apelar ao reforço do SNS, com vista à resposta à pandemia e a retoma da atividade programada. “Mais de 25% dos novos casos de covid-19 não são contactados nas primeiras 24h. Isso não pode acontecer se queremos controlar a pandemia”, concluiu.
CDS pede alargamento dos horários e fim da exigência de testes em restaurantes e hóteis
O CDS-PP defende o fim das restrições horárias de estabelecimentos e da exigência de teste à covid-19 em restaurante e hotéis, como forma de salvar o verão.
“Face aos dados hoje divulgados na reunião do Infarmed, o CDS entende que não é possível responder ao país com mais medidas restritivas. Mais um verão sem verão significa o fecho de muitos negócios, perspetivar o futuro com dívidas e desemprego de muitas famílias.
Ora isto também mata”, declarou a porta-voz do CDS, Cecília Anacoreta Correia, num vídeo enviado às reações.
Na perspetiva dos centristas, os atuais dados epidemiológicos demonstram que é altura de “devolver a liberdade às empresas” e aos cidadãos, que se deve traduzir no alargamento dos horários de funcionamento da hotelaria, dos restaurantes e dos estabelecimentos comerciais.
“É fundamental deixar de exigir teste covid para aceder a estes serviços, porque é desproporcionada esta exigência e é fundamental que o desconfinamento
também atinja os serviços públicos.Os cidadãos estão meses à espera por uma certidão, um passaporte, uma licença e isto é incompatível com o funcionamento normal de uma economia”, acrescenta.
PEV: “O mais importante é vacinar todos os adultos”
O Partido Ecologista “Os Verdes” fez uma “avaliação positiva” do processo de vacinação em Portugal, salientando a importância de vacinar todos os adultos e “convencer aqueles que ainda não estão convencidos”.
“Os ‘Verdes’ consideram e fazem uma avaliação positiva do processo de vacinação”, declarou a deputada Mariana Silva, na Assembleia da República, logo após a reunião no Infarmed que voltou a juntar hoje especialistas e políticos para avaliar a situação epidemiológica da covid-19 e o eventual levantamento de algumas medidas de restrição associadas ao processo de desconfinamento.
No entanto, a deputada disse acreditar que se o Governo “tivesse tido outras opções de compra noutras marcas que não aquelas que estavam restritas à União Europeia” o país poderia estar muito mais avançado no “número de pessoas vacinadas com primeira e segunda dose”. “Para nós, o que é mais importante é vacinar todos os adultos, convencer aqueles que ainda não estão convencidos de que estando vacinados estarão mais protegidos”, acrescentou.
Esse é o “caminho” a fazer agora, continuou, e perceber até que ponto está ou não a maioria da população protegida contra a covid-19. Mariana Silva reiterou também o apelo à retoma do dia-a-dia, “com todos os cuidados”, sejam individuais ou coletivos e a comunicação deve reforçar essa ideia “Mas neste momento, nesta fase em que nos encontramos é mesmo necessário que continuemos com todas as nossas práticas que fomos adotando e retomar a economia, as nossas convivências sociais, o desporto, a cultura, é necessário retomarmos o dia a e dia e temos todas as condições”, sustentou.
PAN pede “planeamento adequado” do regresso às aulas
A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, apela ao planeamento do regresso à normalidade, apontando para o início do ano letivo e o acompanhamento dos idosos em lares.
“É fundamental que a este tempo se planeie como é que privilegiando, por um lado, as atividades ao ar livre, mas, por outro, garantindo a adoção de medidas como o distanciamento social, a testagem e a vacinação, possamos em locais fechados retomarmos alguma normalidade”, afirmou Sousa Real.
Para a líder do PAN, a falta de consenso quanto à vacinação de crianças exige que o Ministério da Educação garanta condições de segurança para o regresso às aulas, em setembro. “Temos que antecipar o regresso às aulas, e neste aspeto o Ministério da Educação não pode continuar a falhar naquela que tem sido a ausência de um planeamento mais adequado. Aquilo que é fundamental garantir, até pelas reservas que continua a haver relativamente à vacinação, é que quando regressarmos às escolas existe a capacidade de termos arejamento, qualidade do ar, distanciamento na sala de aula e garantir que se volta em segurança”, vincou.
Sousa Real defendeu ainda que é essencial reforçar os técnicos de saúde ambiental, nomeadamente em lares e casas de repouso, antecipando uma possível nova vaga de covid-19 no inverno. “Temos que reforçar estes técnicos para garantir o acompanhamento e a monitorização, porque apesar do plano de vacinação é fundamental que as pessoas maiores continuem a ser acompanhadas, já que sabemos que uma nova vaga virá”, acrescentou.
PSD quer ouvir DGS sobre vacinação de crianças entre 12 e 16 anos
O deputado Ricardo Batista Leite, pelo PSD, apela à vacinação de todos os portugueses. E sobre a vacinação das crianças, diz, a DGS não recomenda abaixo dos 12 anos, valida (por haver estudos) para vacinar acima dos 16. Mas o PSD prefere aguardar o parecer da DGS sobre as crianças entre 12 e 16. “Seria importante até para tranquilizar os pais que a DGS se pronunciasse”.
Depois o deputado pede que se reforce já o plano de vacinação para a gripe, “porque estamos a dois meses” do início desse plano.
Quando ao alívio de restrições, o PSD diz-se “muito satisfeito” por estarem em linha com as propostas que, diz, antes fez.
PS diz que autárquicas “o mais cedo possível” encontram “respaldo” na comunidade científica
José Luís Carneiro, secretário-geral adjunto do PS, alerta que “o inverno traz consigo um acréscimo de perigosidade de cerca de 30% relativamente ao contágio”. Razão pela qual, diz, o agendamento das eleições autárquicas “o mais cedo possível” e mais próximo do verão “encontra respaldo na opinião da comunidade científica”.
“É possível aliviar algumas das restrições”, nomeadamente as restrições horárias ao fim de semana na restauração e na hotelaria, confirma, mas só o Conselho de Ministros decidirá sobre a matéria na quinta-feira. As decisões serão precedidas da auscultação das autoridades de saúde, salienta.
De qualquer modo, o alívio das restrições deve ser acompanhado pelas “medidas pessoais” de proteção. De resto, “a vacinação está a decorrer de acordo com o previsto”, o que contribui para que se recuperem “algumas das nossas liberdades individuais e coletivas”.
Certificados devem ser “recomendação e não obrigação”, diz Ventura
André Ventura diz que “é importante ouvirmos os especialistas dos EUA e da Europa” sobre a vacinação de jovens. Pode ser um passo “para termos um ano letivo mais seguro”, que não cause aos pais “um transtorno”. Mas não deve ser dado “sem pareceres profundos e consensualizados”, realça, lembrando existir “uma grande confusão na comunidade internacional” relativamente à matéria. “Não devemos dar passos maiores do que a perna”, diz.
“O que é importante é reabrir a economia”, destaca o líder do Chega, para quem os certificados devem ser “uma recomendação e não uma obrigação”, sob pena de gerarem “uma profunda desigualdade” entre quem quer e quem não quer ser vacinado. Questionado sobre uma alternativa a isso, Ventura destaca que Israel é “um bom exemplo” no apelo à responsabilidade individual, ao contrário do Reino Unido, que tem sido “imprudente”.
O deputado único do Chega rejeita recomendações “um pouco absurdas”, até porque “não cabe na cabeça de ninguém” fazer dos profissionais da restauração profissionais de saúde que têm de fazer a leitura dos certificados.
Iniciativa Liberal sinaliza “estabilização”
Este é o momento de libertarmos a economia e o país, anota o Iniciativa Liberal, após a reunião, citando o almirante Gouveia e Melo. Falando pelo partido, o candidato à Câmara de Lisboa destaca a necessidade de haver dados disponíveis, mas falando em “estabilização” da situação.
Temido aceita nova matriz e normalização de horários. E abre a porta a público na Supertaça
Marta Temido destaca, no final da reunião, a “tendencial estabilização” da pandemia, assim como o processo de vacinação que acelerou. E diz que a situação é “de alguma esperança”. “Vivemos em pandemia ainda, mas o regresso à normalidade está cada vez mais próximo. E podemos começar a preparar o Inverno”.
Na quinta-feira, o Governo vai apreciar as medidas e vai “refletir” as recomendações dos peritos, diz a ministra. Mas já abrindo a porta a várias mudanças.
“Neste momento, o que recolhemos dos peritos é que a variante Delta é prevalente em todo o território e temos um número muito significativo de concelhos acima dos 120 casos por mil habitantes. [A nova matriz proposta] pode permitir alguma uniformidade de medidas, porque temos uma vacinação comum e acesso aos testes em que temos investido. São estes os aspetos que permitem uma unifomidade que há umas semanas atrás não era possível. Podemos ter uma abordagem nacional”.
“Quanto à incidência, por força da vacinação temos um primeiro efeito do que conquistámos”, diz Marta Temido, acolhendo assim a nova matriz de risco. “Outro valor atualizado é o limiar de alerta para cuidados intensivos 245 para 255 para primeira linha de alerta”, assume.
No novo modelo, a ministra sublinha o que ficou recomendado: “Maior positividade, utilização de camas, acompanhar novos casos pelos critérios epidemiológicos, que sejam comunicados de forma mais concertada e única, tendo um relatório semanal de agregação”.
Sobre público no jogo da Supertaça, entre Sporting e Braga este sábado, a ministra dá abertura: “Sobre eventos organizados em ambiente aberto, os peritos dizem que há possibilidade de fazer essa abertura – com lugares marcados, público a entrar por ordem, com máscara, separação física e uso de certificados”. Os peritos mostraram abertura, frisa a ministra. A hipótese de haverem eventos-teste, o Governo fica mais seguro, “essa é a probabilidade para as pessoas”, diz a ministra, frisando não conhecer o calendário desportivo previsto.
Quanto à vacinação das crianças, avança dos 16 aos 18. Já dos 12 aos 16, as que têm comorbilidades serão seguramente vacinadas, as restantes “o Governo está preparado para o fazer, mas depende da avaliação técnica”. “Pode ser tomada uma avaliação para lá da avaliação técnica, mas primeiro está essa avaliação”. Para já, sublinha Marta Temido, a população tem mostrado poucas reservas à vacinação – que tem dado provas de reduzir a transmissão com sintomas.
Ferro propõe alargamento do certificado para estádios e lojas
O Presidente da AR pede que se explique melhor à população possa perceber que a vacinação tem mesmo efeitos, “para não ficar impressão errada: seria um desastre se não houvesse vacina.”
E depois sugere que se alargue o uso do certificado Covid, já em agosto, para abrir mais a economia: “As pessoas a partir do momento em que são vacinadas, têm uma certificação. E parece-me que neste período de transição é necessário que essa certificação valha, neste verão, para hotelaria, restauração, comércio, também com o desporto. Temos a pouco e pouco de regressar a uma certa normalidade.”
O que tem sido feito é extraordinário.
Marcelo assume-se “um bocadinho irritantemente optimista” e deixa sete conclusões e conselhos
Falando em “exposições interessantíssimas”, Marcelo recorda “a importância destas sessões desde 21 de março de 2020. A importância deste diálogo único, não houve em mais nenhum do mundo, entre especialistas e políticos.
Depois, Marcelo tira 7 conclusões:
“Os políticos são escolhidos para decidirem e respondem por isso dia a dia, periodicamente pelo povo, permanentemente perante os tribunais. Mas para decidirem precisam de informação. E a informação vem nomeadamente dos especialistas, de várias sensibilidades. Têm de converter numa só decisão.
Dito isto, retive de importante desta sessão muito muito esclarecedora.
Primeira ideia, de que onde avança a vacina recua o vírus – muito nos que têm duas tomas (nada comparável com quem tem uma toma). Os casos são casos esporádicos, marginais.
A segunda ideia é que o Rt tem vindo lentamente a descer. Não é igual em todas as regiões, mas tem vindo a descer em todas. O que podemos associar à vacinação.
Quanto às variantes, a Delta é esmagadora – como já é . Uma notícia interessante é que a Delta + tem ainda expressão muito pequena. Isso é bom, para já não há mudança.
Depois, várias posições sobre a efetividade das vacinas, mostrando que na esmagadora maioria dos casos produzem efeitos, em todas as idades. Importante para a minoria que ainda tem dúvidas sobre vacinação.
Depois, houve duas posições que mostraram um esforço de influir naquele espaço de manobra dado aos políticos, além dos indicadores fundamentais, outros factores de ponderação (de medidas): letalidade, cuidados intensivos e o avanço da vacinação. Há aqui um esforço para irem completando a matriz, o espaço de manobra de decisão dos políticos e autoridades sanitárias. A dra Raquel Duarte concretizou linhas de restrições, é muito importante que sejam mais simples na sua apresentação às pessoas. A clareza na exposição é muito importante, para as pessoas perceberem o que devem fazer.
Outra coisas interessante: que quanto às medidas restritivas, às vezes na sociedade tem havido dificuldade de aplicação dessas restrições – mais nas aglomerações. Mesmo assim há um número muito grande (não quanto à máscara) nas aglomerações. Há um esforço de pedagogia: até ao fim do processo de vacinação têm de ajudar um bocadinho.
E duas posições muito importantes: pode parecer estranho falar do Inverno, mas mais vale prevenir do que remediar. Se não logo se diria, como é que eles não pensaram? Retive um ponto, a vacinação das crianças. Sei que está a ser estudado pelos especialistas e há várias opiniões, mas esta ideia de que pode ser importante vacinar as crianças é uma ideia forte, para se tratar atempadamente.
Quanto à vacinação, a mensagem do sr vice-almirante foi uma síntese: a vacinação ganhar é nós ganharmos todos. Portugal na UE tem a maior percentagem de população que acredita na vacinação. Quem tem dúvidas na vacinação tenderá a reduzir-se, a vacinação impõe-se por si. Quero sublinhar que, por razões de fornecimento o Governo tem vindo a fazer esforço enorme para adquirir vacinas em tempo recorde, para não deixar os stocks descerem. Isso é muito importante. A vacinação é chave na vida dos portugueses e o ritmo é excepcional.
Houve aqui uma inversão de posições, eu assumo: estou agora um bocadinho irritantemente optimista. O sr PM optimista, eu mais.
Saímos daqui com uma esperança reforçada, deste encontro virtuoso”.
Ritmo de vacinação vai voltar a aumentar
Apesar dos atrasos nas entregas de vacinas ao longo dos três primeiros trimestres (menos 5,4 milhões), o reforço de um milhão de doses esperado para estas duas semanas que se seguem vai permitir voltar a acelerar o ritmo diário de inoculações, que está ainda assim a um nível muito alto: 100 mil por dia, explicou o coordenador da task force.
Vacinação entre os 16 e os 17 anos começa a 14 de agosto
A vacinação dos adolescentes de 16 e 17 anos está prevista para se iniciar no fim de semana de 14 de agosto. Estas idades já estavam previstas no plano de vacinação. A dúvida mantém-se, no entanto, em relação aos jovens entre os 12 e os 15 anos, que aguarda uma decisão da Direção-Geral da Saúde.
Se assim for determinado, a inoculação destas crianças e adolescentes inicia-se nos dois fins de semana a seguir, diz Gouveia e Melo.
Meta de 70% da população vacinada na totalidade mantém-se para início de setembro
A meta de ter imunizada 70% da população residente com a primeiras dose mantém-se para o período à volta de 8 de agosto, com o processo a completar-se depois para esta mesma franja da população no final de agosto ou início de setembro, estima Henrique Gouveia e Melo, coordenador da task force para a vacinação contra a covid-19.
Só 10% acreditam no fim das restrições em setembro
Carla Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, atualiza a informação sobre percepção risco e das medidas na população, que diz ser estável desde março – sendo que os mais jovens e mais velhos têm valores mais baixos de percepção de risco.
Quanto a sintomas de ansiedade, os mais jovens mostram valores mais elevados (30% todos os dias), os mais velhos mais baixos (11% na última quinzena).
Quanto à expectativa de fim das restrições, apenas 10% pensam acontecerá até setembro (no ano passado, também em julho, 73% diziam esperar mais de três meses para vida voltar à normalidade).
O que aumentou de novo foi a opinião de não adequabilidade das medidas tomadas, agora com 42% – sobretudo entre homens, mais jovens e menor escolaridade.
Já quanto a vacinas, é na faixa etária mais ativa que há maior resistência – mais clara dos 46 aos 65 anos. Motivos? Receio de efeitos secundários e informação insuficiente.
Sem crianças vacinadas haverá novo pico de casos
Henrique Barros, da Faculdade de Medicina do Porto, apela à vacinação das crianças para evitar um pico de novas infeções no inverno. Lares devem ficar sob atenção redobrada, pois “a vacinação não é 100% eficaz”.
O epidemiologista afirma que é preciso começar a preparar já o inverno, planear o futuro, desde logo com uma caracterização das novas infeções para um conhecimento mais detalhado das variantes, inclusive com pesquisas nas águas residuais de aglomerados com maior incidência e nas fronteiras.
Se as medidas corretas forem asseguradas, o próximo inverno poderá ser “feliz”, mesmo que a pandemia ainda esteja entre nós.
Inverno trará uma nova onda
Henrique Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, afirma que vai ser necessário assegurar um inverno sem o caos nas unidades de saúde típico do tempo frio antes da pandemia porque o novo coronavírus não vai dar descanso. O frio e a introdução de novas infeções poderá levar a um aumento de 30% nas novas infeções, mesmo com 70% da população adulta com a vacinação completa, que terá a vantagem de evitar que muitos portugueses venham a ser hospitalizados.
Seis meses depois do cenário desenhado pela equipa de peritos, a realidade é bastante boa ao nível da mortalidade mas “fugiu” no número de novos casos e de internamentos a partir de maio. “Imaginávamos que em setembro o número de novos casos seria residual”, reconhece o epidemiologista. A nova variante é um dos culpados.
Máscara ao ar livre só deverá cair no nível 2 (ainda estamos no 1)
A médica e professora Raquel Duarte precisa ainda que, à luz do plano apresentado, o uso da máscara ao ar livre poderá cair no nível 2. Mas Portugal ainda se encontra no nível 1 de 4, refere. De qualquer modo, a máscara continuará a ser para usar sempre que o distanciamento físico não possa ser mantido.
Praia, eventos, casamentos, restaurantes, máscaras. A redução gradual de restrições proposta pelos peritos
Com Portugal no primeiro de quatro níveis, a proposta dos especialistas estabelece três regras fundamentais para a evolução de nível: ventilação e climatização adequada dos espaços fechados, utilização do certificado digital nos espaços públicos e autoavaliação de risco.
As regras gerais entre o primeiro e o terceiro níveis são o trabalho remoto ou no exterior sempre que possível, o cumprimento da distância física, a máscara obrigatória em ambientes fechados e sempre em eventos públicos e ainda “evitar todas as situações não controladas de aglomeração populacional”, indica Raquel Duarte.
Em grandes eventos no exterior devem estar “bem definidos os circuitos de circulação”. Entre os níveis 1 e 2 não devem ocorrer, nível 3 devem ser cumpridas as medidas gerais.
Para espaços interiores de grandes dimensões, poderá haver um aumento da lotação ao longo dos níveis, até aos 100% no nível 3.
A máscara deverá ser utilizada quando a distância não possa ser cumprida.
Transportes: “ventilação, ventilação, ventilação”.
Centros comerciais: medidas gerais.
Casamentos e batizados: 50% da capacidade e aumento progressivo das lotações ao longo dos níveis.
Praia e campismo: manutenção da distância e uso de máscara quando esta não puder ser cumprida.
Bares: uso de máscara.
Aposta maior em climatização dos espaços interiores para preparar outono e inverno
Raquel Duarte, da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte e do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, avança agora com a proposta de continuidade para o plano de redução das medidas restritivas de controlo da covid-19. O plano assenta em seis pilares fundamentais: vacinação, testagem, distanciamento, higienização, uso de máscara e ventilação. E numa estratégia combinada: farmacológica e não farmacológica.
A médica pneumologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto indica ainda “o que podemos aprender com os outros países”, designadamente o Reino Unido, que levantou várias restrições, e Israel, mais cauteloso.
“Cada vez mais temos de apostar” numa climatização dos espaços interiores para preparar também o outono e o inverno, diz. A professora fala ainda no controlo dos fatores de risco e no controlo de fronteiras.
Uma guia, a segurança, “é-nos dada pela matriz de risco”. A outra é a evolução do planeamento de acordo com o plano vacinal.
Proteção conferida pelas vacinas mantém-se ao longo do tempo
A monitorização feito pelo Instituto Dr. Ricardo Jorge mostra que a efetividade das vacinas na população acima dos 65 anos se mantém ao longo do tempo analisado.
No caso da prevenção da infeção sintomática entre os mais de 80 anos, os estudos revelam que a efetividade se mantém à volta dos 70% nos 70 dias após a segunda toma. No caso do grupo 65-79 anos, a análise ao longo do tempo é mais curta, mas revelam a mesma estabilização na proteção, neste caso, à volta dos 80%, dois meses após o esquema vacinal completo.
Ausenda Machado lembra, no entanto, que a proteção conferida por estas vacinas é bem menor no caso de apenas uma dose, sendo por isso fundamental manter as medidas de proteção individual durante o período em que a imunização está a ser ‘construída’ e até à sua proteção máxima, 14 dias após a segunda toma.
Peritos propõem matriz de risco diferente, com redução das restrições
Andreia Leite, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, apresentou a proposta para revisão da matriz de risco, sublinhando que Portugal ainda não está em condições para um desconfinamento total, mas sim para reduzir as medidas restritivas necessárias para controlar a situação.
Assim, a proposta passa por uma “fase de transição”, atualizando a matriz para “480 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias”, com um limite de 255 camas em cuidados intensivos. Indicadores como taxa de transmissão (Rt) e de incidência devem manter-se centrais, avisou, devendo ser medidos também os indicadores de gravidade clínica,
O avanço da vacinação “deve influenciar o gradualismo do desconfinamento”.
Mas para já é preciso manter as medidas essenciais, como o uso da máscara.
Andreia Leite lembrou o recuo dos Países Baixos no desconfinamento anunciado e os riscos anotados ao processo de libertação anunciado no Reino Unido.
Os riscos de um desconfinamento total, disse, implicariam “a aceitação de circulação do vírus e de um elevado número de casos, aceitando possibilidade de covid longa, ainda de compreensão limitada, perturbação nas escolas, absentismo laboral, problemas a serviços como de saúde pública. Pode também levar a problemas nos cuidados intensivos. Assim como ao aparecimento de novas variantes”.
Efetividade das vacinas mRNA é de 85% contra a hospitalização
Estudos realizados pelo Instituto Dr. Ricardo Jorge junto da população com mais de 65 anos mostram a grande proteção conferida pelas vacinas do tipo mRNA (Pfizer e Moderna) contra a covid-19 a nível da doença sintomática e sobretudo da prevenção das hospitalizações. Segundo Ausenda Machado, a efetividade contra a hospitalização é de 85% na população acima dos 80 e mais anos, a partir do momento em que se tem o esquema vacinal completo (14 dias após a segunda toma).
Quanto à probabilidade de apresentar sintomas de doença uma vez contraído o vírus, mas que não justificam internamento, a efetividade destas vacinas é 78% e 68% entre os grupos etários 65-79 anos e mais de 80 anos, respetivamente. Isto quando se tem o esquema vacinal completo.
A proteção conferida após a primeira toma é bem mais baixa e ronda os 35%, destacou a especialista do Instituto Dr. Ricardo Jorge. O mesmo acontece em relação ao risco de hospitalização só com uma dose da vacina, que se fica pelos 60% no caso da população com mais de 80 anos.
Portugal só tem dois casos da variante Lambda
A variante Lambda, associada ao Perú, não preocupa em Portugal. João Paulo Gomes, do Instituto Ricardo Jorge, revelou esta manhã que a mutação apenas teve expressão em dois casos registados no país, em abril e junho. “Não há muito mais para descobrir sobre este vírus. A curto prazo, o que podemos esperar são novas combinações de mutações que já conhecemos.”
A variante Alfa (Reino Unido) tem agora uma prevalência de 1% e não há casos das mutações associadas à África do Sul e a variante de Manaus, Brasil, “é absolutamente residual”. Como esperado, a variante Delta é dominante, com uma expressão superior a 98% e já incluindo a mutação plus. A Madeira é o único território português onde as infeções Delta não superam os 95%.
João Paulo Gomes explicou que a atual estratégia de sequência genómica do vírus pandémico foi melhorada. Desde junho que a avaliação tem uma base semanal com 550 a 600 amostras sequenciadas, “cumprindo os critérios definidos para uma vigilância robusta”. Em termos acumulados, são já mais de 12 mil as amostras estudadas, enviadas por cerca de 100 laboratórios.
Há um decréscimo no risco de morrer devido à vacinação
Ana Paula Rodrigues, do Instituto de Saúde Dr Ricardo Jorge, centrou a sua intervenção no encontro do Infarmed nas questões da transmissibilidade e incidência. E comparou a situação atual, na quarta vaga, com o que assistimos em vagas anteriores, quer em junho do ano passado quer no outono de 2020.
“Estamos num momento de incidência elevada” e já próximos do pico a nível nacional. Sendo portanto esperada uma redução do número de casos a partir deste momento, afirmou.
Comparando a situação atual com o que ocorreu no outono passado, Ana Paula Rodrigues afirmou que a região do Algarve é a que mais se destaca, com uma incidência mais marcada que nas vagas anteriores.
Quanto à letalidade registada, ou seja o risco de morrer com a doença, disse verificar-se uma “tendência decrescente”, e isto “em particular no grupo etário mais velho”. A explicação? Vacinação. “Temos atualmente um decréscimo importante”, sublinhou.
De qualquer forma, alertou para o facto de entre as pessoas de idade mais avançada o risco é sempre significativo, devido à situação de maior fragilidade em que se encontram.
Ponto importante sublinhado por Ana Paula Rodrigues foi o de que “o maior grupo de mortes em pessoas mais velhas foi entre não vacinados”.
Mortalidade em “tendência crescente” mas “atenuada” pela vacinação, diz DGS
Apesar da “tendência crescente” na taxa de mortalidade, esta é “muito diferente do que já foi” e tem vindo a ser “atenuada pelo esforço de vacinação”, diz André Peralta Santos, da DGS.
A mortalidade está ligeiramente acima do valor de referência do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, de 10 mortes por milhão de habitantes. Isto acontece muito por causa das regiões onde se regista maior incidência, como Lisboa e Vale do Tejo e Algarve.
No final de junho, os dados indicavam que só 2% dos internados tinham a vacinação completa. No caso dos internamentos em unidades de cuidados intensivos, a percentagem era de 5%, acrescenta.
Maior ocupação em unidades de cuidados intensivos entre os 40 e os 59 anos
Na faixa etária entre os 15 e os 40 anos, há um aumento de testagem, enquanto entre os 45 e os 70 anos há uma ligeira diminuição.
Ainda segundo André Peralta Santos, da DGS, a faixa etária entre os 40 e os 59 anos é a que tem maior ocupação em unidades de cuidados intensivos.
“A vacinação completa reduz muito o risco de morte” em caso de infeção, reforça DGS
É notória a redução de risco de hospitalização com um quadro vacinal completo, diz ainda André Peralta Santos.
A mortalidade está numa tendência crescente, mas longe do que já foi. Ainda assim, há uma tendência crescente, adverte.
“A vacinação completa reduz muito o risco de morte se a pessoa se vier a infetar com o SARS-CoV-2”, diz.
DGS aponta “curva ligeiramente ascendente e estável”
André Peralta Santos, da Direção-Geral da Saúde (DGS), começa por fazer o ponto da situação epidemiológica do país.
A incidência no território nacional encontra-se numa “curva ligeiramente ascendente e estável”, refere.
A velocidade de aumento da incidência tem vindo a diminuir, diz. Há uma tendência de estabilização ou descida nas regiões de Lisboa e do Algarve.
A tendência de descida da incidência já se nota nalguns concelhos da Área Metropolitana de Lisboa, menos na região do Porto.
Marcelo e Costa presentes no Infarmed
Desta vez não entram por videoconferência. É dia de decisões importantes.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso