Todos nós gostamos de saber onde estamos em relação ao nosso meio social e do nosso país em relação aos outros. Neste caso existe o Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, publicado em várias línguas.
“O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida resumida do progresso a longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: renda, educação e saúde.”
“O Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) é reconhecido pelas Nações Unidas como um exercício intelectual independente e uma importante ferramenta para aumentar a conscientização sobre o desenvolvimento humano em todo o mundo. Com sua riqueza de dados e abordagem inovadora para medir o desenvolvimento, o RDH tem um grande impacto nas reflexões sobre o tema no mundo todo.” PNUD – BRASIL.
Estes relatórios têm uma base anual, embora em alguns anos não seja publicado, têm um interesse acrescido para os estudantes de ciências sociais a partir do 11º ano.
Aqui, vou fazer apenas algumas observações sem caracter absoluto em relação ao relatório e ao índice relativo a Portugal.
O relatório desde o primeiro ano de publicação, 2001, apresenta dados relativos a todos os países do mundo e dizem respeito a muitas áreas com os dados estatísticos oficiais fornecidos pelos governos. Em cada ano é aprofundada a análise de um tema específico, por isso não dá para fazer uma análise sistemática de um certo assunto ao longo do tempo, e, por vezes, não há dados disponíveis, talvez porque não interesse aos governos prestar certas informações atempadamente. Por exemplo, há vários anos que não são publicados dados sobre os gastos militares no mundo.
Em relação ao IDH não devemos fazer uma análise anual porque um país pode estar melhor mas o índice pode descer devido aos outros países poderem melhorar mais, não se trata de um índice absoluto, há uma relatividade entre todos os países, por isso só se deve ter em atenção a evolução de longo prazo, mais de cinco anos.
Como podemos ver na tabela, a partir de 2003, Portugal tem tido a tendência de descida de posição em relação aos outros países. Isto não significa que Portugal esteja pior do que em 2003, mas tão somente que os outros países melhoraram mais do que Portugal. Este é o problema.
Portugal tem melhorado muito lentamente, o crescimento e desenvolvimento económico são muito reduzidos, os países da UE e de outras regiões do mundo, com os quais nos relacionamos ou não, têm tido desempenhos económicos mais robustos pelo que nos têm passado à frente em termos de IDH, é preciso ter em atenção que este índice é composto por cinco variáveis económicas e sociais.
Há, portanto, uma necessidade premente do governo, qualquer que seja, de proceder a reformas estruturais porque a simples distribuição de rendimentos não chega, o aumento da procura não chega para implementar o desenvolvimento que tanta falta nos faz. Não é suficiente a economia crescer igual à média europeia, temos que ter um crescimento, pelo menos, triplo da média da UE.
Havendo um crescimento significativo, o aumento da procura acompanha-o porque a necessidade de mão de obra indiferenciada e qualificada conduz ao aumento dos salários. Este ponto está intimamente ligado à necessidade de existir um ensino técnico-profissional de qualidade, o ensino pseudo técnico que existe em algumas escolas secundárias não é suficiente.
Faço votos que daqui a dez anos o IDH português seja bastante melhor, mas para isso acontecer é necessário haver vontade e capacidade de decisão política, qualquer que seja a ideologia política do governo em funções.