Aleksandr Dugin foi hospitalizado neste domingo, de acordo com a agência Nexta. Este dado foi revelado horas depois de a sua filha, Darya Dugina, ter morrido na sequência da explosão do carro em que seguia, nos arredores de Moscovo. Informações preliminares apontam para um atentado. Não é ainda conhecido o estado de saúde do filósofo, creditado como o “cérebro de Putin”.
As autoridades russas avançaram, neste domingo, que abriram uma investigação de homicídio depois de a filha do influente filósofo ultranacionalista Alexander Dugin ter morrido num “carro-bomba” nos arredores de Moscovo.
O Comitê de Investigação da Rússia disse acreditar que alguém planeou e ordenou a explosão do carro que matou Darya Dugina, alegando dispor de provas recolhidas após a explosão. “Levando em conta os dados já obtidos, a investigação acredita que o crime foi planeado e de natureza ordenada”, adiantou o órgão de investigação, em comunicado.
Autoridades russas no local onde se deu a explosão do carro em que segui a filha de Aleksandr Dugin
Darya Dugina morreu no local. “Um artefacto explosivo, presumivelmente instalado no Toyota Land Cruiser, explodiu na via pública e o carro ficou em chamas” por volta das 21h, hora local, no sábado, perto da aldeia de Bolshiye Vyazemy, de acordo com o serviço de imprensa do Comitê de Investigação da Rússia, e conforme reportado pela agência de notícias estatal russa TASS.
O pai da comentadora e filósofa Darya Dugina é um autor e ideólogo russo, caracterizado como o arquiteto ou “guia espiritual” da invasão russa da Ucrânia. A imprensa internacional investiga, há anos, a sua ligação ao Kremlin, e sustenta que Dugin tem uma influência significativa sobre o presidente russo, Vladimir Putin. Por isso, o pensador é mesmo descrito como “cérebro de Putin” pela revista “Foreign Affairs”.
Tanto Dugin quanto a filha foram sancionados pelos Estados Unidos da América. O Reino Unido sancionou Darya Dugina em julho por considerá-la “um colaborador frequente e de alto perfil de desinformação em relação à Ucrânia e à invasão russa em várias plataformas online”.
Vídeos que registaram o local após a explosão mostram um veículo em chamas na berma da estrada e partes do automóvel espalhadas na área circundante. Um vídeo não verificado mostra ainda Dugin no local.
Um amigo da comentadora adiantou à agência TASS que acreditava que o pai de Darya Dugina era o verdadeiro alvo da explosão – ou possivelmente ambos –, já que o carro pertencia ao filósofo. “É o carro do pai dela”, disse. “Darya conduz outro carro, mas conduziu o carro dele hoje, e Aleksandr seguiu noutro veículo”, salientou Andrei Krasnov, chefe do movimento social “Russky Gorizont” (“Russian Horizon”) e um conhecido da família.
Um funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia insinuou que as estruturas do Estado ucraniano foram responsáveis pela explosão, uma afirmação que as autoridades ucranianas já rejeitaram.
Darya Dugina nasceu em 1992 e estudou História da Filosofia na Universidade de Moscovo. Em março de 2022, o Gabinete de Controlo de Ativos Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos EUA sancionou a filósofa e editora-chefe pela sua contribuição para um artigo no site da United World International que sugeria que a Ucrânia “pereceria” se fosse admitida na NATO. A filha de Dugin afirmou, numa entrevista recente ao canal de notícias russo “1RNK”, que as atrocidades ocorridas durante a ocupação russa da cidade ucraniana de Bucha eram apenas produto da propaganda norte-americana.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL