“Hipnose deu-me a possibilidade de fazer as pazes com o passado” testemunha Armanda
Armanda Lamy recorreu à hipnose por recomendação de uma amiga que já tinha feito uma sessão na Associação Semear Saúde. “Na altura andava em baixo, vou-lhe chamar depressão, não sei se era, mas provavelmente sim”.
Entre Fevereiro e Abril, Armanda fez um total de cinco sessões, onde trabalhou os problemas e traumas do passado, que “acabavam por bloquear a sua vivência no presente”. Sentiu melhoras logo nas primeiras sessões e mesmo depois de terminar a hipnose, garante que “aquela energia continua a trabalhar a mente e continuo a sentir-me cada vez com a auto-estima mais elevada e cada vez melhor comigo mesma”.
A depressão teve origem na má relação que Armanda sempre teve com a sua mãe. Apesar da relação complicada, Armanda acredita que foi o facto de começar a ver a mãe a degradar-se e a precisar de uma cadeira de rodas que começou a mexer consigo. “Eu não estava a conseguir controlar isso, estava a perder a minha mãe e não sabia lidar com a situação sozinha”.
Em baixo e sem querer estar nem falar com ninguém, Armanda “queria estar em silêncio, na minha paz e no meu sossego”. A hipnose foi uma ajuda importante que lhe deu a oportunidade de fazer as pazes com o passado. “Nós deitamo-nos na marquesa, entramos num estado profundo de relaxamento e através desse estado, a doutora conduz a sessão e orienta-nos para as situações dolorosas do passado que ficaram por esclarecer. É uma hipnose até certo ponto consciente, pelo menos comigo foi. Estamos conscientes mas ao mesmo tempo não conscientes, ouvimos o que a doutora diz mas estamos lá a viver a situação”.
Todas as sessões foram importantes para Armanda, sendo que cada uma delas se focava numa determinada situação. “Não senti nenhum tipo de dor física, apenas emocional. Lembro-me que chorei numa das sessões mas precisava de ir ao passado apagar as mágoas que tinha da minha mãe”.
Hoje em dia, Armanda é uma mulher mais confiante, assertiva, calma e ponderada, “acima de tudo, gosto mais de mim e aceito-me. Sinto-me uma pessoa muito mais confiante, falo normalmente de tudo e com todos, sem medos nem receios. Recomendo a hipnose porque eu fiquei muito bem com os tratamentos da doutora Cláudia”.
Carla ganhou confiança e autonomia: “mudanças foram visíveis ao nível da condução”
Foi a doutora Cláudia que apresentou a opção da hipnose a Carla Viegas. “Já tinha feito cura reconectiva, melhorei um pouco mas ainda não estava a cem por cento. Recorri à hipnose porque tinha um quadro clínico de depressão”.
Nas oito sessões de hipnose que realizou entre Abril e Maio, Carla trabalhou áreas como a culpa e a vergonha, o amor próprio e os entes queridos. Logo na primeira sessão “senti a cabeça pesada, no início, mas quando cheguei ao fim da sessão estava muito mais aliviada”. Carla não sentiu qualquer tipo de dor mas confessa que numa das sessões, mais ou menos a meio do processo, “parece que passou por mim uma espécie de energia”.
Para Carla, a grande revolta aconteceu devido à sua situação profissional: é professora, vive em Tavira mas está colocada no quadro do agrupamento de Armação de Pêra. “Começou principalmente em 2007/2008, quando fiquei colocada no Carvoeiro. Todos os dias fazia diariamente 200 quilómetros entre Tavira e Carvoeiro, saía de casa às sete e deitava-me à uma da manhã”.
As sessões ajudaram Carla, que por isso recomenda a hipnose a todas as pessoas. “Seguimos aquilo que a doutora diz nas sessões, imaginamos, interiorizamos e tentamos libertar as energias negativas”.
As mudanças foram visíveis, a nível da condução, Carla deixou de ir com tanto medo para a estrada. Além disso, sentiu “mais vontade de fazer as coisas, porque antes não tinha vontade de fazer nada, já consigo confrontar as pessoas e digo o que tenho a dizer”. Carla não falava com os seus sogros há alguns anos e essa também foi uma das situações que melhorou, “mais ou menos a meio das sessões voltei a falar com eles e agora as coisas estão melhores”.
Raquel Vargas sente que está “a renascer com a ajuda da hipnose”
Raquel Vargas já estava a ser acompanhada por um médico, devido a uma depressão, e a hipnose surgiu na sua vida como uma mais-valia para a medicina. “Isto surgiu por acaso, falaram-me na hipnose e quis experimentar”.
Nas oito sessões em que participou, Raquel teve muitos momentos onde esteve inconsciente. “Tive momentos conscientes em que ouvia as perguntas e tive outros momentos em que não ouvia nada, dava a sensação que estava a dormir. Há muitos momentos que não me lembro”.
“Tinha medos, coisas mal resolvidas, pessoas que já partiram, coisas que ficaram por dizer. Isso no meu dia-a-dia fazia-me uma certa confusão”. A sua relação com os outros também ficou muito debilitada com a depressão, Raquel isolou-se e abdicou dos amigos e da família. “Eu queria estar no meu mundo, sozinha, em silêncio, não queria que me fizessem perguntas, não queria respostas, não queria nada. Era eu e o meu mundo”.
Com a hipnose, Raquel trabalhou várias áreas mas revela que lhe tocou especialmente “a parte em que tive que me despedir do meu pai. Era uma resignação que tinha, não queria que o meu pai partisse, foi um sofrimento muito grande. Já aconteceu há dez anos e parecia que tinha sido há um mês, não aceitava a situação”.
As melhoras sugiram logo nas primeiras três sessões, “foi como se me tirassem um peso de cima. Sentia-me bem, estava bem com a vida e há muito tempo que não me sentia assim”. A relação com os outros também mudou bastante depois da hipnose, “antes não convivia com ninguém, o meu marido e o meu filho zangavam-se comigo para sair de casa porque aquilo não era vida. Com a hipnose, isto foi melhorando gradualmente, foi uma grande ajuda”.
Apesar do acompanhamento médico, a hipnose funcionou para Raquel como “um suporte para me ajudar a caminhar”. A medicina ajudou mas faltava qualquer coisa para que Raquel deixasse a enorme tristeza em que se encontrava, “eu estava apenas viva, apenas sobrevivia“. Todas as sessões de hipnose foram meio caminho andado para a recuperação, “foi como uma lufada de ar fresco, de repente abriram-se umas portas para me deixar passar”.
Com um sorriso no rosto, Raquel garante que a tristeza se foi embora, “agora tenho uma maneira diferente de ver a vida, com mais abertura e mais beleza. Antes estava tudo muito negro, muito cinzento, agora sinto-me viva. Estou a renascer”.
(Artigo publicado na edição online do Caderno Semear Saúde)