Na coluna, as vértebras são separadas individualmente por discos que funcionam como “almofadas” e que permitem a mobilidade da coluna vertebral. Quando estes discos rompem, com exteriorização de material que estava contido no seu interior, originam as hérnias de disco que, embora possam também ocorrer na coluna torácica, são muito mais frequentes na cervical (zona superior da coluna, na região do pescoço) ou lombar (região inferior da coluna móvel, no “fundo das costas”).
O principal sintoma associado a uma hérnia discal lombar é a dor na região lombar ou nádega com irradiação para o membro inferior, chegando frequentemente ao calcanhar ou pé. Para além destes sinais, pode ainda surgir a dormência e o formigueiro nos membros inferiores ou a falta de força na perna ou no pé.
As hérnias discais cervicais podem provocar sintomas não só de compressão dos nervos, mas também de compressão da própria medula, o que compromete os movimentos e a sensibilidade do tronco e dos quatro membros. Nestes casos, é comum as pessoas sentirem dores no pescoço, na região da omoplata ou no ombro, irradiando frequentemente ao longo do membro superior.
O diagnóstico das hérnias discais pode iniciar-se com uma TAC à coluna, no entanto, a ressonância magnética é o principal meio de diagnóstico, já que permite visualizar em detalhe o disco intervertebral, o canal medular, as raízes nervosas e a estrutura da medula.
Em doentes com sintomas recentes e sem sinais de comprometimento da medula ou das raízes nervosas, geralmente opta-se por um tratamento conservador, que se baseia no recurso à medicação, recomendações de redução da actividade física e posturas adequadas e programa de fisioterapia.
O tratamento cirúrgico é indicado para os casos de hérnias discais muito sintomáticas, que não melhoram com tratamento conservador ou que se acompanham de sinais de disfunção nervosa. Na cirurgia são utilizadas técnicas microcirúrgicas para identificação e remoção do componente do disco intervertebral que está a comprimir as estruturas nervosas. A taxa de complicações associada a esta cirurgia é baixa e a maioria dos doentes pode ter alta hospitalar ao fim de um a dois dias e retomar a actividade profissional após algumas semanas.
A campanha Olhe pelas Suas Costas é uma iniciativa da Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral, em parceria com a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação, Sociedade Portuguesa de Neurocirurgia e Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia. Para mais informações consulte: https://pt-pt.facebook.com/paginaolhepelassuascostas.
* Neurocirurgião e coordenador da campanha Olhe pelas Suas Costas