O Presidente da Ucrânia rejeita a cedência de território à Rússia e critica a proposta de Henry Kissinger. No Fórum de Davos, o antigo chefe da diplomacia dos Estados Unidos falou em sensatez dos ucranianos e apelou ao Ocidente para evitar uma derrota pesada de Moscovo.
Por videoconferência, Henry Kissinger falou ao Fórum de Davos. Aos 98 anos, o antigo chefe da diplomacia de Washington propôs a recuperação da lógica da Guerra Fria e na atual guerra da Ucrânia, pediu sensatez aos ucranianos para admitir perdas de território. Kissinger deixou ainda um apelo ao Ocidente para não impor uma derrota pesada à Rússia.
Em Kiev, estas sugestões foram comparadas às propostas de acordo com os nazis em 1938.
“Por trás de todas estas razões geopolíticas, aqueles que aconselham a Ucrânia a dar algo à Rússia, estes excelentes geopolíticos, estão a desconsiderar os interesses do povo comum, dos ucranianos comuns, dos milhões que realmente vivem no território que estão a propor trocar por uma ilusão de paz. Temos de ter em consideração sempre os interesses das pessoas e lembrar que os valores não são apenas palavras“, respondeu o Presidente Zelensky.
Também em Davos, mas já esta quinta-feira, o chanceler alemão falou em derrota militar previsível de Moscovo mas Olaf Scholz avisou que não deve ser a Rússia a impor os termos de um eventual acordo de paz. Ainda na Suíça, o chefe da diplomacia de Kiev responsabiliza já o Kremlin pela não existência de negociações.
“Se a Rússia encarar as negociações como nos primeiros meses da guerra, a atirar papéis para cima da mesa e a dizer ‘é pegar ou largar’, isto não são negociações, isto não é diplomacia, isto é bullying. E é algo que não podemos aceitar“, afirmou o ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba.
Nas pressões internacionais sobre a Rússia, há um mês que a Hungria bloqueia o sexto pacote de sanções europeias a Moscovo. O governo populista de Viktor Órban mantém a recusa em incluir o embargo total dos 27 ao petróleo russo.
Já na frente militar também não foi conclusiva a primeira ronda de negociações para quebrar a resistência da Turquia à entrada na NATO da Suécia e da Finlândia. Acusados de apoiar grupos que Ancara considera terroristas, os dois países escandinavos recusam as alegações e mantêm a esperança de que serão membros da Aliança Atlântica ainda este ano.
E é na órbita da Terra que se mantém um dos últimos redutos de cooperação entre a Rússia e o resto do planeta. A Agência Espacial Europeia confirmou que se continuam as missões na Estação Espacial Internacional e os trabalhos multidisciplinares entre astronautas europeus, americanos e russos.
- VÍDEO: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL