O Governo português revela que há registo de sete cidadãos nacionais que contactaram os serviços do Ministério dos Negócios Estrangeiros informando da sua deslocação para a Ucrânia a título de “combatente voluntário”. E acrescenta que “não há registo de mortes”. Esta é a reação do gabinete de João Gomes Cravinho à informação avançada esta sexta-feira pelo Ministério da Defesa Russo de que as tropas de Putin abateram “19 mercenários” lusos desde o início da guerra na Ucrânia.
O MNE português salienta que, dada a situação vivida naquele país, “deverá ser evitada qualquer tipo de deslocação para a Ucrânia”. Os cidadãos que por qualquer motivo tenham, ainda assim, de o fazer, “deverão sinalizar a deslocação junto do Gabinete de Emergência Consular”.
O governo de Vladimir Putin avançou que, além das 19 mortes registadas desde o início da invasão, deu-se a chegada de 103 soldados portugueses, tendo 16 já regressado. Estariam em ação 68 militares de Portugal.
Entre os países europeus, a Polónia “é o líder indiscutível em termos do número de mercenários tanto à chegada como à morte”, referiu o Ministério da Defesa russo.
Desde o início da guerra, “chegaram à Ucrânia 1831 polacos, das quais 378 já foram mortos e 272 regressaram a casa”. Segue-se a Roménia “com 504 chegadas, 102 mortes e 98 partidas”. O Reino Unido está em terceiro lugar: “422 chegadas, 101 mortes, 95 partidas”.
No continente norte-americano, o Canadá lidera: 601 chegadas, 162 mortes, 169 partidas. Os EUA vêm em segundo lugar: 530 chegadas, 214 mortes, 227 partidas.
Do Médio Oriente e Ásia o maior número, “355 mercenários”, veio da Geórgia, dos quais 120 morreram e 90 deixaram a Ucrânia. Depois, há 200 combatentes das áreas controladas pelos EUA na Síria. Até à data, 80 foram “eliminados” e 66 deixaram a Ucrânia.
No total, as listas de Moscovo incluem “mercenários e especialistas em operação de armas de 64 países”.
Moscovo faz as contas e garante que desde o início daquilo a que apelida de “operação militar especial”, 6956 estrangeiros chegaram à Ucrânia, 1956 foram mortos e 1779 já regressaram.
NÚMEROS DE MORTES SÃO PARA “PROPAGANDA INTERNA”
Pavlo Sadokha, líder da principal associação de ucranianos em Portugal, diz não ter estes dados sobre mortes de portugueses em combate. Mas acredita que os números agora apresentados pelo Ministério da Defesa russo não passam de propaganda e contrainformação dirigido à opinião pública interna.
“Estão a dizer ao povo russo que os estrangeiros estão a lutar contra a Rússia e que eles são as vítimas desses ataques. E não que são os russos que estão a atacar a Ucrânia.”
No entanto, sobre os cerca de cem portugueses que Moscovo garante terem-se juntado às tropas de Volodomir Zelensky, já tem uma outra opinião. “Será à volta desse número o de portugueses, ou de ucranianos com dupla nacionalidade, que nos contactaram para pedir informações sobre como aderir às nossas tropas”, acrescenta Pavlo Sadokha.
A associação diz ter reencaminhado todos estes casos para a Embaixada da Ucrânia em Lisboa.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL