A Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL) instaurou um processo disciplinar, por ordem do reitor da instituição, ao professor assistente da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Miguel Lemos. O professor, autor das propostas de criação de uma comissão paritária de alunos e professores para investigar o assédio na escola e de um canal de queixa, foi notificado esta semana, de acordo com o “Diário de Notícias”.
Em causa estão as alegações de Miguel Lemos. Segundo afirmou, há pressões sobre a direção da Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa (AAFDL), por parte de um professor da FDUL “para que determinados assuntos não fossem discutidos em público”. As declarações foram proferidas em duas reuniões do Conselho Pedagógico (CP), órgão do qual Miguel Lemos faz parte.
“Tive notícia de que alguns professores teriam abordado a direção da AAFDL, relativamente à discussão pública de casos de assédio na nossa faculdade. Permitam-me, quanto a este ponto, a ironia: ainda que todos os conselhos sobre o futuro profissional dos alunos sejam válidos, bem como preocupações com cuidados a ter na sua vida académica, estes “veja lá não se prejudique”, estes “tenha cuidado há coisas de que é melhor não falar” no contexto de publicitação de casos de assédio moral e sexual só podem ser entendidos, e são, como formas de pressão e tentativa de encobrimento de uma realidade que, infelizmente, marca a vida académica da nossa escola. Estas abordagens são (…), elas mesmas, formas de assédio”, lê-se numa das atas da reunião. Numa outra reunião, a 7 de março, o professor indica o nome do professor que terá realizado as alegadas pressões.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL