Quando recordamos o passado piscatório do Algarve, a memória remete-nos para a tradição da pesca do atum. Embora a prática tenha sido abandonada nos anos 60 do século passado, esta deixou marcas na região, quer seja através das âncoras que hoje se encontram na Praia do Barril, ou do Arraial Ferreira Neto, onde os pescadores viviam de março a setembro, e que foi recentemente transformado no Hotel Vila Galé Albacora, em Tavira.
Os turistas que visitam Tavira têm oportunidade de conhecer a tradição da pesca do atum, mas o que nem todos sabem é que o Algarve também se destacou na pesca da baleia. Aqui fala-se de um passado bem mais distante, já que em meados do século XIII, no reinado de D. Dinis, “a pesca da baleia constituía uma atividade comum a todo o litoral algarvio”, tal como avança o Barlavento.
As águas da Praia da Luz, antigamente chamada de Nossa Senhora da Luz, eram aquelas em que se pescava mais baleia. De salientar que os pescadores de baleia, também conhecidos como baleeiros, dedicavam-se a esta prática durante todo o ano, ao contrário do que acontecia com os pescadores do atum, que trabalhavam de março a setembro.
Note-se ainda que a pesca da baleia teve um papel importante para o comércio algarvio do século XV, sobretudo nos anos de escassez de trigo. Este cetáceo existia com maior abundância nas águas da costa de Lagos, pelo que a Praia da Luz foi uma das preferidas para a pesca da baleia. Nos dias de hoje, esta tradição esconde-se no meio da massa turística que frequenta a Luz e a respetiva praia durante todo o ano, sobretudo no verão.
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