Não, não se trata de especulação financeira, comercial ou monetária. É especulação sobre mim próprio, sobre cada um de nós e sobre todos. Se não gosta de meditar sobre si próprio/a não vale a pena continuar a ler este texto porque se trata de um exercício de questionamento de nós próprios.
A introspeção psicológica e filosófica, abre-nos portas de análise de nós próprios. Tive o privilégio de conhecer uma professora universitária, infelizmente já desaparecida, que fez a sua tese de doutoramento sobre si própria através da introspeção psicológica. Cada um de nós é um mundo que desconhecemos.
Quando eu digo “este carro é meu”, eu sou distinto do carro, existe uma relação de propriedade, há o objeto e quem governa o objeto. Se eu disser “este corpo é meu”, existe a mesma relação de propriedade, eu e o meu corpo, um governa o outro. O meu corpo é concreto e visível, está definido a três dimensões, mas eu o que sou? Uma entidade exterior ao corpo “anexada” a este corpo no momento do nascimento (ou antes ou depois)? O que é e de onde surgiu esta entidade que designo por “eu”? Este “eu” será a ‘alma’ referida pela religião cristã ou será uma simples formulação linguística?
Todos nós temos, ou tivemos, desejos e objectivos, uns concretizados outros não. Mas o que é que me levou a concretizar alguns dos objectivos? Porque é que algumas coisas foram resolvidas com raciocínio de génio e houve outras coisas que não consegui perceber imediatamente apesar de parecer serem simples? É possível que seja uma pré definição adstrita ao “eu”, por exemplo aquilo a que chamamos vocação profissional, ou, talvez seja o “destino” inserido na entidade “eu” vinda de algures com um objectivo concreto de existência. Será que isto tem alguma coisa a ver com o sucesso (honesto) e o insucesso? Eu tive algum sucesso ao longo da minha vida, digo sempre que tomei as decisões certas em cada momento, atendendo às condicionantes em presença, mas nada me garante que tenham sido de facto as melhores decisões, por isso posso questionar-me sobre a qualidade dos resultados das decisões diferentes que não tomei, se as tivesse tomado no contexto do momento, interagindo com o meio ambiente em presença, os resultados seriam diferentes e então saberia da sua qualidade, mas não conheceria os resultados que na realidade tive com as decisões efetivamente tomadas.
Algumas vezes tomei decisões sem uma justificação concreta, talvez apenas por intuição ou talvez porque o meu subconsciente trabalha, analisa e decide, independentemente do meu estado físico, notei esta realidade em situações de stress, mas o que tem isto a ver com o meu “eu” que comanda o meu corpo?
Por vezes parece-me que tive premonições que se concretizaram, que capacidade é esta que nós temos de antecipar um bocadinho do futuro? Decerto que não é uma capacidade do corpo físico constituído por matéria, embora seja o corpo que a exterioriza. O certo é que já ouvi muitas pessoas dizerem que tiveram premonições. Será que o “eu” é realmente de origem exterior ao corpo com capacidades extrassensoriais? Será que tem a ver alguma coisa com a antimatéria que os cientistas já provaram existir?
Lavoisier disse uma vez que“Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, o “eu” será reminiscência de alguma coisa que nos precedeu?
Mas, o que sei eu de “mim”? Nada. Só sei alguma coisa referente ao meu corpo