Diretores de escolas alertaram hoje que há alunos de famílias carenciadas que não estão a ir buscar as refeições nem a ir almoçar às escolas, que estão abertas para garantir esse serviço.
Os números são residuais e as escolas estão a fazer um levantamento para perceber o que se passa em cada uma das situações e garantir que ninguém é prejudicado, disseram à Lusa os presidentes das duas associações de diretores escolares.
Numa tentativa de tentar conter a disseminação do novo coronavírus, que até hoje infetou cerca de 2.300 pessoas em Portugal, em 16 de março o Governo mandou encerrar todas as escolas, desde creches a estabelecimentos do ensino superior.
Das mais de três mil escolas básicas e secundárias, mantêm-se abertas cerca de 700 que serviram uma média de 5.500 refeições diárias, segundo dados do Ministério da Educação (ME) relativos à semana passada.
O Ministério da Educação pretende garantir que os alunos mais carenciados não fiquem sem as refeições diárias, mantendo para isso algumas escolas a funcionar, à semelhança do que já acontece nas férias escolares.
O presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Pereira, disse à Lusa que há, no entanto, alunos que estão referenciados mas não estão a usufruir das refeições.
Em muitos casos, Manuel Pereira acredita que se trate do facto de os alunos viverem muito longe das escolas – “alguns a 20 ou 30 quilómetros” – e por isso “é mais fácil para as famílias fazer almoço para mais um do que estar a fazer a viagem até à escola”.
“As escolas estão a fazer um levantamento para confirmar se há alunos que tenham escapado”, ou seja, sem “acesso às duas refeições diárias apesar de precisarem mesmo delas”, concluiu o presidente da ANDE.
Também Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores e Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), confirma a situação, mas sublinha que se trata de “casos residuais”.
A distribuição das refeições escolares está a ser feita de formas muito variadas: Há alunos a usar os refeitórios escolares mas também há quem opte por ir buscar as refeições embaladas e levá-las para casa.
Também há autarquias a entregar as refeições em casa dos estudantes: Alguns almoços são feitos nas cantinas escolares; outros são cozinhados pelos serviços municipais.
Outros municípios optaram por entregar um cabaz semanal às famílias para que possam fazer em casa as refeições.
De acordo com o ME, na semana passada, as cerca de 700 escolas de referência abertas serviram uma média de 5.500 refeições diárias aos alunos mais carenciados: a região de Lisboa e Vale do Tejo garantiu cerca de 3.500 almoços diários, seguindo-se a região Centro (cerca de 800), o Norte (cerca de 650), o Alentejo (cerca de 350) e, por fim, o Algarve (cerca de 250).