A sociedade civil mobilizou-se na resposta à pandemia que começou na distante cidade de Wuhan e a um ritmo impressionante se disseminou pelo mundo. Os estabelecimentos comerciais encerraram e o país recolheu-se em casa antes mesmo de qualquer despacho governamental. Prevaleceu a responsabilidade e o sentido cívico.
Surgiram inúmeros movimentos de voluntários que espontaneamente se organizaram no apoio aos mais vulneráveis, a distância foi esbatida de maneira comovente pela dinâmica da preocupação social, do humanismo e do amor, expressos desinteressadamente.
As instituições de solidariedade social, numa entrega muito para além do exigido, estão a proteger exemplarmente os que lhe foram confiados e a dar resposta a muitas outras vulnerabilidades do momento.
A dita primeira linha, os profissionais de saúde e de socorro, são o rosto da dedicação, empenho e esforço; só possíveis devido a uma retaguarda de respeito e consideração.
As autarquias, desde o assistente operacional ao presidente, estão a desempenhar um papel fundamental na proteção, no cuidado, no acompanhamento, no apoio, na implementação de medidas de mitigação, na assunção de compromissos que o poder central não consegue assumir.
Espreita à esquina o perigo da montra de vaidades, da exposição da vulnerabilidade e do seu aproveitamento político, do uso das estruturas do estado e da sociedade civil em proveito próprio ou de grupos partidarizados. Tais perigos combatem-se como o envolvimento de TODOS, partilhamos todos a mesma casa, com a apresentação de propostas responsáveis e consequentes.
Com o fim do estado de emergência, ainda que em estado de calamidade, iniciou-se uma nova fase de resposta à pandemia. O processo de desconfinamento, o regresso à normalidade e a mitigação das consequências da pandemia lançam-nos novos desafios, para os quais deixo alguns contributos construtivos:
1) Encetar procedimentos de forma a garantir em todo o concelho o acesso à rede de telemóvel e internet, aproximando as comunidades serranas aos seus entes queridos e propiciando o acesso da população escolar ao novo modelo educativo implementado;
2) Criar espaços, nas escolas do primeiro ciclo, dotados de equipamentos informáticos e impressoras, bem como acompanhamento ao estudo, no âmbito da ajuda escolar, impressão e fornecimento de fichas e material de estudo para os alunos que carecem desses meios;
3) Programar o próximo “Verão em Tavira” no respeito às regras da DGS e exclusivamente com artistas e associações culturais locais, como forma de promoção e apoio essencial à sua estabilidade financeira;
4) Criar uma plataforma de apoio e dinamização da presença das pequenas e médias empresas na Internet e no comércio digital;
5) Lançar uma campanha de sensibilização ambiental para a utilização de materiais amigos do ambiente em máscaras, recipientes utilizados nos “takeaways”, entre outros;
6) Colocar gel desinfetante à entrada e saída dos transportes fluviais;
7) Apoiar logisticamente todos os movimentos voluntários de solidariedade, através da disponibilização de transporte e de espaços para a recolha de bens;
8) Implementar um sistema de gestão de bens e produtos excedentários dos setores produtivos da Região, que não consigam ser colocados no mercado, de forma a otimizá-los e encaminhá-los para instituições/pessoas mais carenciadas;
9) Constituir uma bolsa de voluntários em articulação com as instituições de solidariedade social para sinalizar famílias em dificuldade, entrega de bens, e fazer a ponte com as entidades e os apoios existentes;
10) Implementar uma redução específica e excecional nos valores a pagar de água, saneamento e resíduos no tarifário social, no sector comercial, serviços, indústria, IPSS e coletividades sem fins lucrativos;
11) Recalcular o valor das rendas nos fogos de habitação social em função dos rendimentos atuais dos agregados familiares;
12) Isentar ou reduzir temporariamente o pagamento de rendas ou taxas municipais aos estabelecimentos comerciais, empresas, empresários em nome individual, ou pessoas singulares, instalados ou beneficiários de cedências de utilização em espaços municipais ou geridos pelo Município (ex. Mercado Municipal);
13) Isentar ou reduzir temporariamente o pagamento das taxas de ocupação do espaço público (ex. toldos, esplanadas e publicidade);
14) Restruturar o protocolo com a empresa que explora o estacionamento tarifado incluindo vales de desconto para os clientes do comércio local e restauração;
15) Criar um centro de apoio às famílias que se encontram em situação de dificuldade, que inclua ajuda na reestruturação de dívidas;
16) Constituir no site do município um espaço que funcione como canal direto e exclusivo das medidas de mitigação dos efeitos do COVID;
17) Elaborar uma plataforma virtual com todos os monumentos, igrejas, pontos de interesse turístico do concelho, com tours virtuais;
18) Pugnar pela abertura do Centro de Saúde 24 horas por dia, durante a época balnear.
Juntos encontramos mais e melhores soluções.
Urge uma mudança de pensamento e de ação na forma de estar e contribuir para o bem comum.