Segundo afirmou a ministra Marta Temido, “estamos a falar de um reforço de medicamentos em todos os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) porque admitimos que podemos ter dificuldades não só para disponibilização de medicamentos para tratamento, mas também dificuldades na cadeia de abastecimento e, portanto, queremos estar prevenidos”.
A governante falava aos jornalistas no fim de um congresso na Câmara do Seixal, no distrito de Setúbal, onde garantiu que o Governo está a “preparar-se para aquilo que é a probabilidade” de surgirem pessoas infetadas com o novo coronavírus (Covid-19).
No entanto, Marta Temido frisou que ainda não existem casos de contágio em Portugal, pelo que o país está ainda “numa fase de contenção”.
Neste sentido, esclareceu que o plano de contingência “já está a ser executado” e que os hospitais de primeira linha, ou seja, o Hospital Curry Cabral, o Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, e o Centro Hospitalar de São João, no Porto, “já estão a responder”.
Por este motivo, o Governo também já está a averiguar “aquilo que é o número de especialistas disponíveis no país” e a trabalhar para a necessidade de “um eventual reforço de recursos humanos” nos hospitais.
Em relação a outros recursos que poderão ser necessários, como quartos de pressão negativa, Marta Temido não conseguiu precisar se os que existem no país são suficientes, mas afirmou que “em número de casos que se justifique, a requisição de serviços a terceiros setores está prevista”.
“Na primeira reunião que tivemos com o Conselho Nacional de Saúde Pública estiveram presentes a União das Misericórdias Portuguesas e a Associação Portuguesa da Hospitalização Privada, que mostraram total disponibilidade para apoiar. Há, aliás, uma norma na Lei de Bases da Saúde que prevê que a Autoridade Nacional de Saúde, em caso de necessidade, pode requisitar serviços a terceiras entidades, quer em serviços de camas, quer em termos laboratoriais”, explicou.
Já quando questionada sobre um plano de contingência específico para a função pública, a ministra esclareceu que o conjunto de medidas partilhadas pela Direção-Geral da Saúde se aplica a estes trabalhadores.
No entanto, garantiu que o Ministério da Saúde está “em articulação com todas as áreas governamentais” para serem criados “protocolos de atuação que garantem as especificidades de resposta a cada setor”.
“Neste momento, a recomendação não é para a utilização de máscaras […] E a administração pública não vai utilizar máscaras no atendimento ao público até porque seria desadequado. À partida, a situação que estamos a enfrentar passa sobretudo por garantirmos a higienização pessoal, a higienização de espaços e manter algum distanciamento quando estamos a contactar com situações de pessoas que possam ter estado em contacto com doentes”, explicou.
O Covid-19 foi detetado pela primeira vez em dezembro, na China, e já provocou pelo menos 2.858 mortos e infetou mais de 83 mil pessoas, de acordo com dados reportados por meia centena de países e territórios.
Das pessoas infetadas, mais de 36 mil recuperaram.
Além de 2.788 mortos na China, há registo de vítimas mortais no Irão, Coreia do Sul, Itália, Japão, Filipinas, França, Hong Kong e Taiwan.
Dois portugueses tripulantes de um navio de cruzeiros encontram-se hospitalizados no Japão, com confirmação de infeção.
A Organização Mundial de Saúde declarou o surto do Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e alertou para uma eventual pandemia, após um aumento repentino de casos em Itália, Coreia do Sul e Irão.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) registou 59 casos suspeitos de infeção, mas apenas dois estavam em estudo hoje ao fim do dia. Os restantes casos suspeitos não se confirmaram, após testes negativos.
Segundo a DGS, o risco para a saúde pública em Portugal mantém-se “moderado a elevado”.