O primeiro-ministro, António Costa, anunciou hoje que as creches e escolas do ensino básico ao superior vão suspender todas as atividades letivas presenciais a partir de segunda-feira, para tentar conter o surto de Covid-19. A medida será reavaliada a 09 de abril.
“Defendo que na base de qualquer destas decisões devem estar critérios e informações médicas. Se há organizações médicas portuguesas ou europeias que defendem que é a melhor solução para o presente momento então nada tenho a opor”, afirmou o presidente do Conselho das Escolas, José Eduardo Lemos, lembrando que hoje houve “orientações médicas europeias nesse sentido”.
A medida vai atingir mais de dois milhões de alunos: Só no ensino pré-escolar estão inscritas cerca de 240 mil crianças, no ensino básico e secundário são quase 1,4 milhões e nas instituições de ensino superior perto de 373 mil alunos. A estes juntam-se ainda as crianças das creches.
O primeiro-ministro falou na hipótese de os alunos poderem continuar a aprender à distância durante o período de isolamento.
No entender de José Eduardo Lemos a solução poderá ser difícil de pôr em prática em algumas situações, já que nem todos os professores e alunos têm os meios técnicos necessários ao seu dispor.
“Penso que será difícil ou pouco exequível poder oferecer todas as aulas à distância, mas qualquer esforço que seja feito parece-me positivo”, disse em declarações à Lusa o presidente da instituição que é um organismo consultivo do ministério da Educação.
A possibilidade de antecipar em cerca de duas semanas as férias escolares da Páscoa foi defendida esta semana pelo presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, Manuel Pereira. Um cenário também admitido no início da semana pelo primeiro-ministro, que remeteu sempre a decisão para o Conselho Nacional de Saúde Pública.
Desde segunda-feira começaram a encerrar algumas escolas básicas e secundárias assim como estabelecimentos de ensino superior.
Na quarta-feira, o Conselho Nacional de Saúde Pública recomendou que só fossem encerradas escolas por determinação das autoridades de saúde, uma proposta que a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, considerou fazer sentido.
De acordo com os últimos números da Direção-Geral da Saúde, há 78 doentes com Covid-19.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quarta-feira a doença como pandemia, tendo em conta os “níveis alarmantes de propagação e inação”: “Podemos esperar que o número de casos, mortes e países afetados aumente”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Desde dezembro, foram infetadas cerca de 117 mil pessoas em mais de uma centena de países, mas a maioria (cerca de 63 mil) conseguiu recuperar da doença provocada pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia.