A associação FEM – Feministas Em Movimento alertou hoje, em comunicado, para o aumento do risco de violência doméstica e de género durante o isolamento social decretado no quadro da propagação do novo coronavírus (Covid-19).
Entre as medidas anunciadas hoje pelo Governo para o período de estado de emergência está a manutenção da assistência a vítimas de violência doméstica.
Essas vítimas, “na sua esmagadora maioria mulheres”, estão atualmente “numa situação de maior fragilidade e, ainda, maior insegurança e perigo”, considera a FEM.
“A situação de confinamento à habitação a que a quarentena e o isolamento social condicionam, e pelo período em que vigorarem, significa também um maior contacto, e em permanência, entre vítimas e agressores”, justifica.
Ora, o confinamento é o “terreno mais permeável à ocorrência da violência doméstica e à sua manutenção”, avalia a associação, citando informações internacionais, nomeadamente na China, que, numa altura em que a doença já está a acalmar, apontam para “o triplo” das situações de violência doméstica durante o período de quarentena.
“Este é também um tempo em que as crianças estão também mais condicionadas e expostas à violência doméstica”, realça a FEM.
A associação apela ao Governo e às instituições de apoio que adaptem as estratégias de informação e apoio ao novo contexto, nomeadamente o reforço das respostas de emergência, o funcionamento das linhas de apoio telefónico existentes 24horas/7dias por semana com pessoal especializado em violência doméstica; e campanhas de informação a serem divulgadas na rádio, na televisão e online que apelem à comunidade (familiares, amigos/as e vizinhos/as) que denuncie e acione os meios de socorro e proteção.
“Ainda que durante o período de quarentena menos vítimas cheguem aos serviços de apoio, e o número de participações policiais pelo crime de violência doméstica diminuam, tal não significa uma diminuição da prevalência deste crime. Traduzem tão só que as vítimas se encontram reféns da violência que vivenciam com menor capacidade de denunciar e de pedir ajuda”, distingue a FEM.
“A natural concentração de olhares e atenção na pandemia causada pela Covid-19 não nos pode fazer esquecer que a vida continua, que outros problemas se mantêm e que outras pandemias podem até crescer (crescem) exponencialmente nesta altura”, apela a associação, recordando que a violência contra as mulheres e a violência doméstica foram consideradas “pandemias” pela Organização Mundial da Saúde já em 2002.
As mulheres e as outras vítimas de violência de género serão “vítimas de uma dupla situação de pandemia”, antecipa a FEM.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 235 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 9.800 morreram.