A Coreia do Norte advertiu na quarta-feira os EUA que está pronta para qualquer conflito militar e ameaçou a vizinha Coreia do Sul com a “aniquilação” face a qualquer tentativa de derrubar o regime norte-coreano.
“As nossas forças armadas estão totalmente preparadas para responder a qualquer crise e a dissuasão nuclear da nossa nação também está pronta para mobilizar a sua força absoluta de forma fiável, precisa e rápida“, disse o líder norte-coreano, Kim Jong-un, na noite de quarta-feira, num discurso para assinalar o Dia da Vitória, que marca o fim da Guerra da Coreia, em 27 de julho de 1953.
No discurso do 69.º aniversário do fim da guerra, Kim acusou os Estados Unidos de aplicarem um “duplo padrão”, qualificando as atividades de Washington de “provocadoras e ameaçadoras” ao conduzir “exercícios [militares] conjuntos de grande escala que ameaçam seriamente a segurança” da Coreia do Norte, informou a agência de notícias oficial norte-coreana, a KCNA.
O jornal estatal Rodong publicou hoje uma série de fotografias de Kim Jong-un durante este mesmo discurso, naquela que é a primeira aparição pública do líder em 19 dias.
Kim aparece também a saudar as forças militares nacionais, acompanhado da mulher, Ri Sol-ju.
A celebração incluiu fogo de artifício e vários eventos ao longo do dia, incluindo uma reunião de veteranos de guerra.
Kim Jong-un também acusou o Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, que desde que assumiu o cargo, a 10 de maio, adotou uma linha mais dura contra o país vizinho.
Pyongyang alertou que qualquer tentativa de Seul de incapacitar o país seria recebida com uma resposta dura, incluindo a “aniquilação”.
Acusou, além disso, Seul de apoiar a “política hostil” dos Estados Unidos em relação a Pyongyang.
Coreia do Norte: um dos poucos países sob um regime comunista
“Faz várias décadas que a Coreia do Norte é uma das sociedades mais isoladas e misteriosas do mundo. É também um dos poucos países sob um regime comunista”, segundo a BBC News.
A Coreia do Norte nasceu em 1948, no meio ao caos existente logo após a Segunda Guerra Mundial. Ocupada pelo Japão desde o início do século, a Coreia foi tomada em 1945 pelos dois principais vencedores da guerra, Estados Unidos e União Soviética.
Para a divisão da península com a delimitação da fronteira entre os dois novos países foi usado o chamado paralelo 38, a linha imaginária localizada trinta e oito graus ao norte da linha do Equador.
Os americanos ficaram na porção sul, enquanto os soviéticos dominaram o norte, onde o líder local Kim Il-sung lutava contra a ocupação japonesa.
Kim Il-sung acabou por se tornar o pai do nascente regime comunista na metade norte da Península Coreana, moldando sua estrutura política, económica e social durante mais de 40 anos. O regime que ele liderou baseava-se na ideia de autossuficiência do país, centralismo político e económico e culto à personalidade do líder. A partir de sua morte, em 1994, o governo norte-coreano consolidou-se como hereditário: o poder passou para Kim Jong-il, seu filho, e em 2011 para Kim Jong-un, seu neto.