O verão ainda agora está a chegar, mas o natal já não está assim tão longe e nessa altura do ano os portugueses cumprem várias tradições. Na noite da consoada o mais comum é comer bacalhau, mas em Olhão come-se litão. É um substituto do bacalhau e em tempos chegou a ser apelidado de “bacalhau dos pobres”, mas hoje este é vendido a um preço bem mais elevado. Apesar de atualmente o litão ser mais caro do que o bacalhau, os olhanenses continuam sem abdicar do litão.
Chama-se litão, trata-se de um pequeno tubarão e é muito parecido com a patarroxa, embora se distinga desta por ter a boca negra. Ao longo do ano, os pescadores de Olhão trazem o litão do mar, retiram-lhe a pele, o peixe é escaldado, salgado e colocado a secar ao sol, em armações feitas de cana, que o esticam. Três dias são suficientes para o peixe secar na totalidade.
Antigamente, quem passava pelo porto de pesca de Olhão encontrava vários litões pendurados em estruturas montadas pelos pescadores. No entanto, esse cenário já não se verifica, uma vez que a autoridade que assegura a segurança alimentar e a fiscalização económica, também conhecida como ASAE, não o permite.
Até há bem poucos anos também se podia assistir à seca dos litões nos bairros mais populares de Olhão. De qualquer forma, comer litão continua a ser uma tradição dos olhanenses na noite de Natal. Em entrevista à CNN Portugal, uma olhanense revelou chegar a enviar litão para Inglaterra, para que os que os seus familiares que lá vivem pudessem cumprir a tradição. Para além de consumido no Algarve, sobretudo em Olhão, o litão também se consome em alguns locais do sul de Espanha.
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