O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) sofreu constrangimentos no atendimento de chamadas no 112 com a greve às horas extraordinárias dos técnicos de emergência pré-hospitalar, que terminou na quinta-feira.
São pelo menos sete os casos de óbitos relatados à Lusa na sequência de alegadas falhas ou erros nas ligações para o número de emergência médica.
Em 31 de outubro, em Vendas Novas, no distrito de Évora, um homem de 73 anos sentiu-se mal quando estava numa pastelaria e entrou em paragem cardiorrespiratória, acabando por morrer no local, indicou à Lusa fonte da corporação local dos bombeiros, explicando que o quartel recebeu um telefonema de um popular a alertar para a situação.
No dia 03 de novembro, o Governo pediu uma auditoria interna ao INEM para avaliar as condições em que ocorreram duas mortes que tinham sido denunciadas pelo Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH).
Um dos casos apontados pelo STEPH, ocorrido na freguesia de Molelos, Tondela, foi o de uma mulher de 94 anos em paragem cardíaca, em que um familiar conseguiu ligar para a linha 112 às 09:34, mas a chamada só foi transferida para o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) às 10:19, cerca de 45 minutos depois. A mulher ainda foi transportada para o centro hospitalar de Lamego, onde foi declarado o óbito, em data que não foi especificada.
O outro caso ocorreu em 31 de outubro em Bragança, quando a mulher de um homem em paragem cardíaca esteve mais de uma hora a tentar ligar para o 112.
Em 04 de novembro morreu um idoso de 95 anos em Ansião, distrito de Leiria, após esperar por atendimento pela linha 112, tendo sido um vizinho a deslocar-se aos bombeiros para pedir ajuda, disse o comandante da corporação local.
Conhecido em 06 de novembro, mas ocorrido três dias antes, foi o caso de uma idosa utente de um lar em Castelo de Vide que morreu devido a paragem cardiorrespiratória, após cerca de hora e meia de espera por socorro, disse o presidente da instituição.
Em 07 de novembro, o Ministério Público anunciou que abriu um inquérito à morte de uma mulher no Hospital Garcia de Orta, em Almada, para onde foi transportada no dia 04 pela PSP, após o INEM não responder ao pedido de socorro.
O INEM confirmou, também no dia 07, que houve uma chamada não atendida pelo CODU para assistência a um homem que acabou por morrer também em 04 de novembro em Vila Nova de Cacela, no Algarve.
Tanto o Ministério Público como a Inspeção Geral das Atividades de Saúde (IGAS) estão a investigar as mortes que ocorreram alegadamente por atrasos na resposta de emergência.
Eis algumas perguntas e respostas sobre o funcionamento da linha 112:
O que é a linha 112?
O 112 é o número europeu de emergência. É a primeira linha de atendimento em qualquer situação de emergência, seja de saúde, incêndio, segurança ou proteção de pessoas e bens.
Como são processadas as chamadas para a linha 112?
As chamadas são atendidas por elementos da Polícia de Segurança Pública (PSP) e da Guarda Nacional Republicana (GNR) nas centrais de emergência. São gratuitas e estão acessíveis a partir de qualquer ponto do país a qualquer hora.
O serviço 112 é coordenado pela PSP e chamadas reencaminhadas de acordo com a situação de emergência.
Quanto tempo demora o 112 a atender uma chamada?
Segundo a PSP, o tempo médio é de seis segundos em situações normais.
Como chegam ao INEM?
Em caso de emergência de saúde, o 112 canaliza as chamadas para os CODU. Depois é feita uma triagem e os operadores do CODU envolvido indicam a melhor forma de proceder, enviando – se necessário – os meios de socorro adequados.
Atualmente, os CODU contam com os meios necessários para o atendimento?
Não. Na terça-feira, o presidente do INEM, Sérgio Janeiro, reconheceu que os quatro CODU – Lisboa, Porto, Coimbra e Faro – estão “a trabalhar abaixo dos mínimos”, avançando que seriam necessários cerca de 80 profissionais para o atendimento. Os CODU contam em média com cerca de 45 profissionais.
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