Os últimos combatentes ucranianos de Mariupol recusaram um novo ultimato russo para a rendição. Mas no reduto da resistência, na siderurgia AzovStal, a situação é considerada cada vez mais desesperada. Um dos comandantes admite já que lhe restam apenas dias ou só horas de vida.
Os Tupolev TU-22 largaram já esta semana toneladas de bombas sobre a AzovStal. Foram ataques para quebrar a última bolsa de resistência e forçar a conquista dos túneis construídos para resistir a uma guerra nuclear.
No Facebook, o comandante dos fuzileiros ucranianos revelou o desespero já vivido entre os resistentes:
“Este talvez seja o último apelo das nossas vidas. Devem ser os nossos últimos dias, senão mesmo horas de vida. O inimigo está em superioridade numérica de 10 para 1. Têm vantagem no ar, na artilharia, nas forças terrestres, no equipamento e nos blindados”.
O comandante faz ainda um pedido especial para os 500 militares feridos que agonizam numa das caves:
“Apelamos e suplicamos aos líderes mundiais para que nos ajudem”.
Calcula que estarão centenas de civis atualmente abrigados nos túneis e bunkers da AzovStal.
Moscovo concordou já em abrir corredores humanitários para retirar – da siderurgia e também de outros bairros arrasados – crianças, mulheres e idosos. Mas os autarcas de Mariupol que fugiram já há algumas semanas não confiam nas promessas russas.
AZOVSTAL, UMA VERDADEIRA CIDADE DEBAIXO DE OUTRA CIDADE
Já em 2014, os complexos subterrâneos da AzovStal, uma verdadeira cidade debaixo de outra cidade, foram abrigo temporário para os operários metalúrgicos quando os separatistas pró-russos ocuparam parcialmente Mariupol.
Nos últimos oito anos, e perante a ameaça militar russa, depois da anexação da vizinha Crimeia, houve sempre água e comida de reserva.
O complexo fabril que exportava mais de 4 milhões de toneladas de aço por ano e empregava 11 mil pessoas antes da guerra é propriedade do homem mais rico da Ucrânia. Rinat Akhmetov, também presidente do clube de futebol de Shaktar Donetsk, considerado um dos padrinhos da máfia do Leste, ofereceu-se já para pagar a reconstrução da cidade.
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