As cerimónias fúnebres do músico Elísio Donas, teclista dos Ornatos Violeta, que morreu no domingo aos 48 anos, estão marcadas para quarta-feira em Olhão, foi hoje anunciado.
Elísio Donas morreu no domingo em Olhão, distrito de Faro, aos 48 anos, na sequência de doença súbita, disse à agência Lusa na segunda-feira o agente da banda, Artur Figueiredo.
O velório do músico vai realizar-se a partir das 09:00 de quarta-feira, na Igreja de Nossa Senhora de Soledade, em Olhão, segundo a agência Funerária Correia, em informação disponibilizada no seu ‘site’ oficial e na rede social Facebook.
No mesmo local, pelas 15:00, irá acontecer uma cerimónia religiosa, seguindo depois o corpo para o Crematório de Faro, pelas 17:30. A família pede que quem comparecer no velório não leve flores.
Elísio Donas, produtor e instrumentista, era teclista nos Ornatos Violeta, fundados em 1991, no Porto, ao lado de Manel Cruz (voz), Peixe (guitarra) Nuno Prata (baixo) e Kinorm (bateria).
Com eles gravou os álbuns “Cão!” (1997) e “O monstro precisa de amigos” (1999).
O músico tinha ainda um projeto em nome próprio, intitulado Gato Morto, através do qual estava a preparar um primeiro álbum, com a participação de vários convidados, como Dana Colley (dos Morphine), Miguel Lestre, Inês Sousa, Vicente Palma, António Bento, Viviane, Emmy Curl e João Cabrita.
Em entrevista à agência Lusa em outubro de 2020, Elísio Donas dizia que Gato Morto era um “projeto de vida”, um “coletivo artístico mais do que uma banda”.
“Achei que era um nome engraçado, com toda a carga emocional desse nome tão estranho e negro”, afirmou.
Apesar de ter recebido “uma reação muito ativa e muito forte” contra o nome por parte de algumas pessoas, manteve-o pela sua “razão muito forte de existir”, enquanto uma personagem que, “por erros de vida não intencionais”, perdeu as sete vidas, recebendo outras de um poder superior.
“Tem mais quatro ou cinco vidas, já perdeu duas ou três, porque não aprendeu a lição toda, mas luta para ser melhor. Já é melhor do que foi. É uma personagem à procura de melhorar diariamente”, resumiu.
A par dos Ornatos Violeta, Elísio Donas também andou em digressão com os GNR, Jimmy P, Per7ume e Susana Félix e gravou com Sérgio Godinho.
Um dos últimos concertos de Elísio Donas foi no início deste mês, com os Ornatos Violeta, na Queima das Fitas do Porto, não estando confirmadas mais datas da banda.
Desde que a notícia da morte de Elísio Donas foi tornada pública, foram vários os que usaram as redes sociais para recordarem o músico.
Os Ornatos Violeta, numa mensagem partilhada na segunda-feira, falaram num dia “de uma tristeza imensa”.
“Vivemos intensamente um sonho lindo de amizade e brincadeira e construímos juntos um universo. O nosso pensamento está agora com a tua família. Obrigado querido Lau, estarás sempre vivo nos nossos corações”, lê-se na publicação.
Sérgio Godinho lembrou que Elísio Donas o acompanhou ao vivo, com os primeiros Assessores, “super banda” formada em 2000. “Continuou connosco ainda mais dois anos, e de facto continuava connosco, visitava-nos sempre que estávamos perto. A última vez foi na Avenida dos Aliados do Porto, no 24/25 de Abril de ano passado. E agora, sem aviso, foi-se. Que coisa mais triste”, partilhou o músico.
O músico Carlão, lembrando o “músico incrível e gajo porreiraço”, deixa “um forte abraço aos Ornatos Violeta e a toda a família” de Elísio Donas.
O radialista Fernando Alvim recordou que conheceu o músico quando tinha 18 anos, numa altura que “era o início de tudo”: “O meu início, o dele, o início dos Ornatos Violeta”.
“Elísio era de todos eles aquele com quem mais falava, era uma espécie de agente e teclista da banda, de relações públicas e teclista, uma pessoa empenhada, organizada, de um empenho fora do comum”, partilhou.