O casal de assaltantes portugueses detido em Espanha é alvo de três inquéritos em Portugal, sendo suspeito do triplo homicídio de Bragança e de assaltos à mão armada no Fundão e no Algarve, adiantou esta quinta-feira fonte ligada ao processo.
De acordo com a fonte, Nélida Guerreiro e Sidney Martins, conhecidos como ‘Bonnie & Clyde’ portugueses, são suspeitos de três homicídios em Bragança, ocorridos a 09 de julho e a 20 de julho.
Segundo o Jornal de Notícias, Sidney Martins terá aproveitado a ausência de Nélida Guerreiro e de um amigo comum do casal, Carlos Pires, para assaltar a casa dos pais deste último, tendo matado a mãe e agredido o pai, que foi transportado para o hospital.
Passados 11 dias, Sidney Martins e Nélida Guerreiro, alegadamente toxicodependentes, terão definido uma estratégia para voltar a entrar na casa assaltada, desta vez para roubar droga a Carlos Pires e dinheiro ao pai deste, tendo o assalto culminado em homicídio, ambos assassinados com uma faca.
Os corpos foram descobertos na casa, depois de um alerta dado por vizinhos relativo a um incêndio na habitação, provocado pelos alegados homicidas para encobrir o crime.
Sidney Martins e Nélida Guerreiro estão ainda indiciados pelo assalto a uma estação de serviço na A23, no Fundão, distrito de Castelo Branco, confirmou a mesma fonte à Lusa, esclarecendo que em ambos os inquéritos ainda não foram constituídos arguidos.
Questionado pela Lusa, o Ministério Público respondeu por escrito apenas que “foram instaurados inquéritos no âmbito dos quais se investigam factos ocorridos em Bragança e no Fundão, com vista à determinação da autoria dos mesmos”.
A dupla portuguesa é também suspeita de vários assaltos à mão armada em gasolineiras no Algarve, de onde seguiram para Espanha e cometeram vários outros assaltos, nomeadamente em Sevilha, Toledo e Badajoz, usando o mesmo ‘modus operandi’ de intimidação com arma de fogo e uma faca.
Na sequência de mandados de captura europeus, emitidos pelo Ministério Público “no âmbito de inquérito a correr termos no DIAP [Departamento de Investigação e Ação Penal] de Faro”, os dois suspeitos foram detidos no sábado, 13 de agosto, em Zamora, Espanha.
Os suspeitos foram reconhecidos por um popular enquanto comiam um hambúrguer dentro do carro que tinham furtado em Madrid e no qual já tinham colocado uma matrícula falsa portuguesa.
Após serem presentes a interrogatório na Audiencia Nacional de Madrid, a dupla portuguesa ficou em prisão preventiva, por ordem do juiz Joaquim Gadea, estando por decidir o pedido de extradição para Portugal.
De acordo com os autos, a que a Lusa teve acesso, Nélida Alves Guerreiro, de 40 anos, declarou a sua oposição à entrega às autoridades portuguesas, ao abrigo do mandado de detenção e entrega apresentado por Portugal através da Interpol. Em sentido oposto, Sidney Pereira Martins, de 42 anos, não contestou a extradição.
Os mandados de detenção emitidos pelo Tribunal de Faro não abrangem as suspeitas de ligação do casal a um triplo homicídio em Bragança – ainda em investigação pelas autoridades portuguesas -, cingindo-se apenas aos crimes ligados aos assaltos em Portugal e Espanha.
Neste âmbito, o despacho referente a Nélida Alves Guerreiro cita mais crimes no mandado europeu de detenção e entrega, tais como “roubo, coação agravada, danos, falsificação de documentos, posse de arma proibida e condução perigosa”. O documento sobre Sidney Pereira Martins faz apenas referência a “roubo com intimidação”.
Em comum, o magistrado de Madrid sublinhou nos despachos “a ausência de justificação fiável e válida relativa às raízes em Espanha” dos dois cidadãos portugueses, considerando que essa situação representa “um certo risco de evasão à ação da justiça (que deve ser evitada, a fim de assegurar a finalidade da execução do mandado europeu)”. Nesse sentido, entendeu estarem reunidas todas as condições para justificar a ordem de prisão preventiva.
Fonte da Audiência Nacional explicou ainda à Lusa que os dois cidadãos portugueses dispõem agora de um prazo de cinco dias para apresentar um eventual recurso da prisão preventiva decretada pelo juiz de instrução. Joaquin Gadea determinou também a comunicação da sua decisão ao consulado de Portugal na capital espanhola.