O cardeal português José Tolentino Mendonça foi nomeado esta segunda-feira, pelo Papa Francisco, prefeito do novo Dicastério para a Cultura e a Educação, informou o Vaticano.
O Dicastério para a Cultura e Educação, criado no âmbito da renovação da Cúria Romana, com a entrada em vigor da nova constituição ‘Praedicate Evangelium’, reúne as responsabilidades que até agora estavam atribuídas à Congregação da Educação Católica e ao Conselho Pontifício para a Cultura.
Fica com a tutela da rede escolar católica do mundo inteiro, com 1.360 universidades católicas e 487 universidades e faculdades eclesiásticas com 11 milhões de alunos, e outras 217 mil escolas com 62 milhões de crianças.
O cardeal madeirense, cuja nomeação foi antecipada na sexta-feira pelo jornal online 7Margens, também coordenará o diálogo da Igreja universal com o mundo da cultura.
O cardeal José Tolentino Mendonça, de 56 anos, vai substituir no ex-Conselho Pontifício para a Cultura o cardeal Gianfranco Ravasi, que completa 80 anos em outubro, e na ex-Congregação da Educação Católica, o cardeal Giuseppe Versaldi, com 79 anos feitos em julho.
Até ao momento, o cardeal português desempenhava as funções de arquivista e de bibliotecário do Vaticano.
De arquivista e bibliotecário do Vaticano a prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação
Tolentino Mendonça iniciou os estudos de Teologia em 1982 e foi ordenado padre em 1990, tendo sido nomeado, em 2011, consultor do Conselho Pontifício da Cultura. Nasceu em dezembro de 1965 em Machico, na ilha da Madeira, destacando-se como poeta, sacerdote e professor.
Autor de numerosos livros, que o tornaram conhecido pelos portugueses dos mais diversos quadrantes, estudou Ciências Bíblicas em Roma e viveu em Lisboa, onde foi professor e vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa – a instituição que escolheu para o doutoramento em Teologia Bíblica.
Entre as várias funções eclesiásticas que exerceu, foi publicando uma vasta obra de poesia, ensaio e teatro e, considerando a poesia como a arte de resistir ao tempo, viu a sua obra, como autor, distinguida com vários prémios, entre os quais o Prémio Cidade de Lisboa de Poesia (1998), o Prémio Pen Club de Ensaio (2005), o italiano Res Magnae, para ensaio (2015), o Grande Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes APE (2016), o Grande Prémio APE de Crónica (2016) e o Prémio Capri-San Michele (2017).
Em 2020, o cardeal José Tolentino Mendonça venceu o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural, pelo seu contributo “excecional” enquanto divulgador da cultura e dos valores europeus, anunciaram os promotores. Na atribuição do prémio, os membros do júri declararam ter ficado “impressionados com a capacidade que Tolentino Mendonça demonstra ao divulgar a Beleza e a Poesia como parte do património cultural intangível da Europa e do mundo”.
Foi criado cardeal a 5 de outubro de 2019 pelo Papa Francisco. Aquando da sua elevação a cardeal, Tolentino Mendonça perguntou ao Papa “Santo Padre, o que é que me fez?”. Segundo o próprio cardeal português, Francisco riu-se e disse: “Olha, a ti eu digo aquilo que um poeta disse, ‘tu és a poesia'”.
“Foram palavras que eu guardo no meu coração, no fundo para dizer uma coisa essencial, que a Igreja conta com uma determinada sensibilidade, uma atenção a um determinado campo humano, que é o campo da cultura, das artes, da estética“, afirmou Tolentino Mendonça aos jornalistas naquele dia.
O cardeal foi já agraciado com duas comendas: Ordem do Infante D. Henrique e Ordem Militar de Sant´Iago de Espada. Entretanto, para o cargo de Arquivista e Bibliotecário do Vaticano, até aqui desempenhado por Tolentino Mendonça, foi nomeado Monsenhor Angelo Vincenzo Zani, até agora Secretário da antiga Congregação para a Educação Católica.