O QUE ESTÁ EM CAUSA?
O líder do partido Chega, André Ventura, partilhou nas redes sociais uma publicação na qual se alega que “associações ciganas reconhecem que o Chega não é racista e que há um problema de subsidiodependência na comunidade”, remetendo para uma notícia do jornal “POSTAL” com o seguinte título: “Autárquicas: Cigano é cabeça-de-lista do Chega em Porches”.
© Agência Lusa / António Cotrim
“Ainda bem que as associações ciganas reconhecem que o problema da subsidiodependência é real, porque ando a falar nisto há anos e ninguém no sistema se preocupa”, escreveu André Ventura, deputado único e líder do partido Chega, em publicação de 22 de março nas suas páginas no Twitter e Facebook.
Na imagem destaca-se a alegação de que “associações ciganas reconhecem que o Chega não é racista e que há um problema de subsidiodependência na comunidade“, remetendo para uma notícia do jornal “POSTAL” (ao lado) com o seguinte título: “Autárquicas: Cigano é cabeça-de-lista do Chega em Porches“.
A referida alegação tem algum fundamento?
Consultando a notícia do jornal “Postal do Algarve“, publicada no dia 19 de março, verifica-se que não é mencionada sequer qualquer associação cigana num texto que dá conta da candidatura (entretanto retirada) de Pedro Silva, indivíduo de etnia cigana, à Junta de Freguesia de Porches, no município de Lagoa, Algarve, pelo partido Chega.
As únicas declarações patentes no artigo são de João Graça, líder do Chega Algarve, o qual salienta que a escolha de tais candidatos (o número dois da lista será “um indivíduo de raça negra”, lê-se no texto) “são a prova de que o Chega não é um partido racista ou xenófobo“.
“O que não aceitamos é a existência de pessoas que vivem à custa dos subsídios do Estado sem trabalhar, independentemente da sua origem étnica”, afirmou Graça.
O Polígrafo contactou o líder do Chega Algarve, questionando sobre se faz parte ou é porta-voz de alguma associação cigana. Graça respondeu simplesmente que “não“.
Por outro lado, também várias associações ciganas contactadas pelo Polígrafo negaram o suposto “reconhecimento” de que “o Chega não é racista e há um problema de subsidiodependência na comunidade”.
Aliás, a Associação Cigana de Coimbra remeteu esclarecimentos para uma nota de repúdio dirigida à publicação de Ventura, assinada por sete associações ciganas – Letras Nómadas Aidc, Ribaltambição, Sílaba Dinâmica, Costume Colossal, Sendas e Pontes, Raizes Tolerantes e Associação Cigana de Coimbra.
“Jamais uma associação cigana iria reconhecer tais afirmações, são mentirosas! A estratégia passa por inflamar e promover na sociedade o ódio contra os portugueses ciganos, mas esse tipo de mentiras já vêm sendo hábito, pois na última campanha às eleições presidenciais ‘arranjou’ ciganos fake às pressas para justificar que não são um partido contra ciganos”, destaca-se nesse texto.
Também contactada pelo Polígrafo, a Associação para o Desenvolvimento de Mulheres Ciganas Portuguesas nega o suposto “reconhecimento” e repudia a publicação do líder do Chega.
Por sua vez, respondendo a perguntas endereçadas pelo Polígrafo, fonte oficial do gabinete parlamentar de Ventura indica que “a imagem em causa está a circular nas redes sociais e faz referência a um eventual candidato do Chega” e que “já várias pessoas de etnia cigana, seja individual ou coletivamente, deixaram claro que o deputado André Ventura não é racista, nem xenófobo e que apenas defende direitos e deveres iguais para todos os cidadãos. Por isso, e desconhecendo a autoria da imagem, o deputado considerou fazer sentido a sua partilha“.
Em conclusão, não há elementos factuais que sustentem a alegação de que “associações ciganas reconhecem que o Chega não é racista e há um problema de subsidiodependência na comunidade”.
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Nota editorial: este conteúdo foi selecionado pelo Polígrafo no âmbito de uma parceria de fact-checking (verificação de factos) com o Facebook, destinada a avaliar a veracidade das informações que circulam nessa rede social.
Na escala de avaliação do Facebook, este conteúdo é:
Falso: as principais alegações dos conteúdos são factualmente imprecisas; geralmente, esta opção corresponde às classificações “Falso” ou “Maioritariamente Falso” nos sites de verificadores de factos.
Na escala de avaliação do Polígrafo, este conteúdo é:
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