Há mais de um mês atrás, a Animal Rescue Algarve (ARA), associação sediada em Loulé, recebeu uma quantidade substancial de pedidos de auxílio às situações extremas resultantes da invasão da Ucrânia por parte da Rússia.
“Os pedidos originaram de antigos voluntários internacionais da plataforma Workaway – especialmente por parte de cidadãos Alemães e Polacos -, uma base de dados internacional que galardoou a ARA pela excelência do seu trabalho, parcialmente responsável pela forte rede de apoio internacional”, explica a Animal Rescue Algarve.
Reconhecendo o imenso amor e apoio demonstrados por estes voluntários para com a ARA, a associação comprometeu-se “a enviar uma equipa de voluntários para ajudar com as emergências, de cariz humanitário ou animal, sentidas no terreno – seja na Polonia ou na Ucrânia. Como tal, quatro voluntárias (duas portuguesas e duas olacas) arrancaram de Loulé com uma carrinha cheia de donativos”.
A ARA admite também que “apesar do facto de que o impacto e alcance do seu envolvimento podem ser limitados, especialmente no contexto de tamanha crise, a equipa sentiu que seria importante ativamente contribuir para um mundo melhor”.
Há cada vez mais de extrema negligência e abuso dentro das fronteiras da Ucrânia
“De uma perpetiva animal, existem cada vez mais relatos que aludem à extrema negligência e abuso que estão a acontecer dentro das fronteiras da Ucrânia”, descreve a ARA, acrescentando que na fronteira com a Polónia existe “um crescente número preocupante de animais não-acompanhados, encurralados por motivos burocráticos, onde ficam sem sair das suas jaulas até um mês, sem os mínimos cuidados de higiene e saúde. Alguns destes animais viajaram até 10 horas para fugir da guerra, apenas para serem deixados aos seus destinos”.
Acrescendo à complexidade do problema, “existe um número muito limitado de pessoas permitidas a entrar na Ucrânia através da Polónia, ou seja, o local onde mais ajuda é necessária, é o mesmo local a que tal ajuda não chega”.
Incapaz de assistir passivamente e em estreita colaboração com uma ONG local, voluntários da ARA tiveram a coragem de se aventurar “por quaisquer meios necessários” na Ucrânia (onde a situação se encontra mais urgente), de modo a regatar o maior número de animais possível. Estas missões foram recorrentes, e ter voluntários Polacos ao serviço da Associação, significa que a ARA teve a capacidade de trabalhar em estreita cooperação com cidadãos e associações locais.
Abrigos locais estão a ficar sobrelotados
Mesmo com uma elevada quantidade de animais presos em condições sub-humanas, os animais continuam a transbordar a fronteira diariamente, e os abrigos locais estão constantemente a ficar sobrelotados. Como tal, a equipa da ARA conduziu centenas de horas de modo a assegurar que os abrigos locais continuem o seu trabalho de resposta de emergência aos animais que conseguem passar a fronteira.
Além das centenas de cães e gatos realojados pela Polónia fora, a Animal Rescue Algarve também se responsabilizou pela reunião de animais de estimação com os seus donos no Sul de França, uma viajem que também serviu para realojar duas mulheres, um homem e uma criança no mesmo local.
A associação de Loulé também esteve envolvida em organizar, com outras ONGs, o transporte de gatos para um abrigo a Norte de Portugal, assim como na Florida (Estados Unidos da América).
A importância destes esforços de realojamento foi crucial para a manutenção dos serviços de emergência prestados por abrigos locais e regionais.
Durante uma crise que afetou milhares de pessoas e animais, a distribuição de artigos de primeira necessidade e outros donativos será sempre central a quaisquer esforços de resgate e voluntariado.
Com isso em mente, durante a sua missão de um mês a ARA adquiriu e distribuiu medicamentos para humanos e animais, produtos de higiene, arneses, caixas de transporte animal, comida humana e animal, e roupa.
Os donativos foram uma parte central dos esforços da ARA, visto que as necessidades no terreno mudavam relativamente rápido, e roupa e medicamentos podem ser a diferença entre a vida e a morte.
ARA teve equipas de voluntários no centro de refugiados ‘Tesco’, assim como na ‘Galeria Krakowska’
A crise humanitária gerada pela invasão da Ucrânia por parte da Rússia significa que existe uma grande necessidade de “mãos” para ajudar com os desafios no terreno, que estão em constante mutação.
A ARA teve equipas de voluntários destacadas no centro de refugiados ‘Tesco’, assim como na ‘Galeria Krakowska’, onde voluntários foram necessários para organizar donativos, conduzir pessoas e providencial apoio médico.
Na frente animal, a crise resultante da guerra levou a uma necessidade extrema de espaços de resposta imediata. Com isso em mente, a Fundação Pegasus adquiriu armazéns onde a equipa da ARA foi central em organizar donativos, assim como preparar áreas especificas para os animais que chegam.
A ARA contribuiu para a administração de medicamentos a animais debilitados, passeios e socialização de animais, transporte, aquisição e distribuição de donativos, acolhimento de animais 24 horas por dia, e o facilitamento de acolhimento temporário para animais pertencentes a refugiados Ucranianos, cujos futuros-próximos são incertos.
Associação faz um balanço positivo da sua missão em assistência à catástrofe animal e humanitária
“Como um todo, foi este envolvimento direto que fez com que a ARA ganhasse a confiança das ONGs locais, que são aqueles que estão mais conscientes das necessidades imediatas, assim como os desafios específicos aquele contexto e região”, afirma a associação de Loulé.
Teria sido simplesmente impossível ajudar de uma forma significativa sem o apoio e orientação de ONGs locais e internacionais (assim como outras entidades), com quem a ARA trabalhou em parceria na Polónia e Ucrânia, nomeadamente Internationaler Bund Polska, Centauros Foundation, Pegasus Foundation, Florida Urgent Rescue, Mayor of Przemysl, Wojciech Bakun, Konin, Flying Cats Association e Der Beste Freund Fluchtet Mit.
A ARA diz que “está consciente de que o seu envolvimento está longe de ter resolvido os problemas sentidos no terreno, pois os mesmos levarão anos para recuperar. Mas, considerando que observar passivamente era algo fora de questão para a Animal Rescue Algarve e sua rede internacional de voluntários, “a associação faz um balanço positivo da sua missão em assistência à catástrofe animal e humanitária resultante da invasão da Rússia à Ucrânia”.