Na quinta-feira, Rohit Prasad, vice-presidente sénior da Amazon, e cientista-líder da Alexa, a assistente pessoal da plataforma de comércio eletrónico, anunciou uma nova característica ainda em desenvolvimento e sem data de lançamento, mas que já provoca reações epidérmicas. A partir de uma pequena gravação, a Alexa, do Amazon Echo, poderá “falar” com a voz de terceiros, possibilitando que as vozes de entes queridos já mortos possam continuar a soar nas casas dos seus descendentes.
Na conferência re:MARS, em Las Vegas, nos Estados Unidos, Prasad apresentou a nova característica da seguinte forma. “Mesmo que a inteligência artificial não consiga eliminar a dor da perda, pode mesmo fazer com que as memórias permaneçam.”
E demonstrou através de um vídeo em que alguém pedia à Alexa que a avó terminasse de ler “O Feiticeiro de Oz”. A voz que leu o livro, disse, não era a conhecida voz robótica da Alexa, mas sim a voz recriada digitalmente dessa já desaparecida avó, segundo descreve a “NPR”. Para tal, disse Prasad, a Amazon teve de “aprender a produzir uma voz de alta qualidade com menos de um minuto de gravação”.
Citado pela “NPR”, o professor de ciência de computadores da Arizona State University, Subbarao Kambhampati, disse que este é um “bom lembrete de que não podemos confiar nos nossos próprios ouvidos nestes tempos”, numa época em que os deep fakes começam cada vez mais a ser usados para manipular as massas.
E chama a atenção para as “questões éticas” de se “fazer isto sem a autorização da pessoa desaparecida”, apesar de reconhecer que este tipo de tecnologia, “da mesma forma que vemos vídeos de quem morreu”, pode ajudar a fazer o luto.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL