A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) apontou hoje a existência de um “gravíssimo problema” de escoamento da produção de pequenos e médios agricultores, decorrente da pandemia covid-19, apelando à reabertura de mercados locais.
“Há um gravíssimo problema de escoamento da produção para muitos pequenos e médios agricultores […]. A situação é já dramática para muitos e será de ruína para a generalidade dos pequenos e médios agricultores se não forem imediatamente tomadas medidas que permitam a estas famílias, que não têm outros rendimentos, viver do trabalho no campo”, referiu, em comunicado, a CNA.
De acordo com a confederação, esta situação foi potenciada pelos encerramentos de restaurantes, mercados locais, feiras e eventos, eliminando os canais de escoamento de “muitos milhares de agricultores familiares”.
Por outro lado, a CNA disse que os produtores de ovinos e caprinos estão a ter “graves dificuldades em vender os seus produtos”, a que se junta a diminuição do preço dos produtos, por exemplo, de 33 cêntimos, na última semana, no caso do frango.
Também os produtores tradicionais de azeite estão a registar dificuldades em vender o seu produto, à semelhança dos setores das flores e dos hortícolas que registam já quebras acentuadas.
“Os problemas são muitos e necessitam de respostas urgentes. As medidas anunciadas [pelo Governo], sendo no geral positivas, são muito insuficientes e pecam acima de tudo por não chegarem aos pequenos e médios agricultores”, sublinhou.
Para fazer face a esta situação, a CNA defendeu a reabertura dos mercados locais, “com regras sanitárias rigorosas”, o combate à especulação, a criação de um programa de compra de produtos locais para as cantinas públicas e uma medida de retirada de produtores para os setores com maiores dificuldades de escoamento.
Adicionalmente, confederação agrícola quer que seja permitida a venda de frutas e hortícolas à porta de casa, na exploração do agricultor e à beira da estrada, criada uma medida de apoio pela perda de rendimento dos pequenos e médios agricultores e autorizada a circulação dos agricultores durante o estado de emergência.
Conforme reclamou a CNA, é igualmente necessária a antecipação do pagamento de todas as ajudas diretas, medidas agroambientais e de apoio às zonas desfavorecidas para julho e com uma percentagem não inferior a 80%, bem como a garantia de acesso das organizações dos pequenos agricultores às medidas de apoio à tesouraria das empresas, a reposição da eletricidade verde com reembolso até 50% “do valor do consumo das baixadas elétricas da agricultura e da agroindústria”, assim como a redução do preço do gasóleo colorido e marcado.
“A aplicação destas medidas, e outras que se tornem necessárias, são essenciais para evitar o encerramento de milhares de pequenas e médias explorações e evitar que no final desta crise a produção de alimentos esteja ainda mais concentrada e dependente de outros países, contribuindo decisivamente para a ruína de vastas áreas do nosso mundo rural”, considerou a direção da CNA.